Future of Money

Consórcio de US$100 milhões quer popularizar DeFi e Brasil é um dos focos

Projeto tem orçamento milionário para iniciativas educacionais, subsídios e outros incentivos para promover adoção das finanças descentralizadas em países emergentes

"DeFi for the People" quer popularizar as aplicações de finanças descentralizadas (putilich/Getty Images)

"DeFi for the People" quer popularizar as aplicações de finanças descentralizadas (putilich/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 30 de agosto de 2021 às 13h28.

As aplicações de finanças descentralizadas, setor do mercado de criptoativos conhecido pela sigla em inglês DeFi, teve crescimento expressivo desde 2020, mas, apesar dos números grandiosos, ainda está distante da adoção massiva e popular - e muito por causa da falta de conhecimento sobre o assunto. Para tentar resolver esse problema, um consórcio com alguns dos principais protocolos de DeFi do mundo criou o programa "DeFi for the People" (ou "DeFi para o Povo", na tradução livre).

O projeto conta com um fundo de 100 milhões de dólares (mais de 520 milhões de reais), que serão utilizados para financiar iniciativas educacionais, pagar subsídios e garantir outros incentivos para ensinar indivíduos do mundo todo sobre as finanças descentralizadas e atraí-los para o setor, com foco principalmente em economias emergentes e países em desenvolvimento.

Para alcançar o objetivo, o programa "Defi for the People" vai utilizar o ecossistema Celo, um blockchain de código aberto que reúne empresas e indivíduos que trabalham em conjunto para promover a inclusão financeira e a adoção dos criptoativos, construído com foco no uso de smartphones - os endereços na rede são os números de telefone dos seus proprietários. No seu braço de conscientização, chamado "Alliance for Prosperity" (ou "Aliança para a Prosperidade"), a Celo tem 150 parceiros, como a Deutsche Telekom, a Coinbase e a Andreessen Horowitz.

“Das cerca de 5 milhões de pessoas em todo o mundo usando aplicativos DeFi atualmente, menos de 10% vivem fora dos países desenvolvidos. Custo, conhecimento técnico e acesso à Internet não devem ser um obstáculo para esta tecnologia revolucionária. É por isso que estamos liderando o 'DeFi for the People'", disse o fundador da Celo, Rene Reinsberg, ao site Cointelegraph.

O consórcio responsável pelo "DeFi for the People", que além da Celo é composto por aplicações e plataformas de DeFi como Aave, SushiSwap, Curve, 0x e PoolTogether, entre vários outros, detectou falhas relacionadas à acessibilidade e inclusão nos mercados financeiros tradicionais, e pretende usar a tecnologia blockchain, com a facilidade e baixo custo das operações com criptoativos, para oferecer serviços financeiros a basicamente qualquer pessoa que tenha um smartphone - um grupo estimado em cerca de 6 bilhões de pessoas.

Dos 100 milhões de dólares destinados ao programa, 20 milhões vieram da Aave, 14 milhões da Curve e 10 milhões da SushiSwap. A maioria das plataformas utiliza atualmente a rede Ethereum para oferecer os seus serviços, que serão levados à Celo graças a participação de projetos de infraestrtura como Chainlink, RabbitHole e The Graph.

"O objetivo é de, nos próximos cinco anos, trazer um bilhão de pessoas para o DeFi", disse Reinsberg ao site CoinDesk. "Com essa iniciativa, esperamos torná-la um esforço de toda a indústria, e acho que é uma espécie de complementaridade com outros programas e esforços que vimos”, explicou, citando programas de incentivo recentes de protocolos como Polygon e Avalanche.

Brasil é um dos focos da iniciativa

A Celo já testou, com sucesso, o uso de subsídios para educar a incentivar usuários na Colômbia, com serviços como empréstimos descentralizados e ativos digitais. Agora, o "DeFi for the People" pretende ampliar esse tipo de iniciativa.

O Brasil é um dos países que deverá receber atenção por parte do programa. Isso porque a Celo já desenvolve atividades no país, tendo inclusive contratado uma diretora brasileira para sua equipe: "A Celo e a cLabs têm um interesse especial pelo vibrante mercado brasileiro e suas características especiais. Me juntei ao time também para trazer a minha expertise local em relação à tecnologia blockchain, consultoria à startups e legislação para desenvolver o nosso ecossistema no país", disse Camila Rioja, à EXAME.

    A primeira plataforma a oferecer serviços da rede Celo através do novo programa é a PoolTogether e sua proposta que mistura poupança com loteria, na qual os usuários alocam o valor desejado e concorrem a prêmios - caso não seja sorteado, o valor é devolvido integralmente, semelhante a um título de capitalização, porém totalmente automatizado e descentralizado, em blockchain.

    Depois, virão Aave, Curve e SushiSwap, entre outras plataformas que também fazem parte do consórcio. Segundo o comunicado do "DeFi for the People", isso deverá acontecer nas próximas semanas, provavelmente após o lançamento da Optics, que vai conectar a Celo com outros blockchains e funcionar como ponte com a rede Ethereum.

    “Isso é um grande marco”, disse Reinsberg. "A hora é agora. Nos próximos 12 a 18 meses, realmente veremos o DeFi se popularizar”.

    Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube

    Acompanhe tudo sobre:BlockchainCriptomoedasFinanças

    Mais de Future of Money

    Kamala Harris quebra silêncio sobre criptomoedas: “vamos incentivar”

    Brasil investe R$ 7,7 milhões em fundos de criptomoedas em semana pós decisão rara do Fed

    Criptomoedas hoje: preço do bitcoin sobe, mas outra criptomoeda sobe ainda mais; entenda

    5 áreas que vão liderar a união entre inteligência artificial e blockchain, segundo especialista