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Como lucrar com criptomoedas além do bitcoin? Entenda a diferença entre hype e utilidade

Com a entrada massiva de capital institucional no mercado cripto, projetos com uso real lideram as narrativas deste ciclo. Entenda o novo jogo para não ficar para trás

Sol é uma das criptomoedas para ficar de olho em março (Reprodução/Reprodução)

Sol é uma das criptomoedas para ficar de olho em março (Reprodução/Reprodução)

FP
Felippe Percigo

Especialista em criptoativos

Publicado em 31 de agosto de 2025 às 10h03.

Última atualização em 31 de agosto de 2025 às 19h45.

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Já tem gente me perguntando: começou o bear market? Na minha opinião, começou foi a pressa.

As pessoas entram em pânico porque querem acelerar algo que é cíclico. Aí está a diferença entre quem estuda e aqueles que cedem à pressão e vendem no medo. Quem entende o jogo de verdade mantém a consistência emocional.

A recente queda fez investidores cogitarem a aproximação do ciclo de baixa. Essa semana, o bitcoin cedeu mais de 10% desde sua nova máxima histórica, US$ 124.400 (CoinMarketCap), alcançada no último dia 13 de agosto. Na sexta (29), a moeda chegou a recuar para cerca de US$ 108.200 e o ether, para US$ 4.300.
A leitura do medo é compreensível, mas incompleta. Ao olhar os dados por trás do movimento, o que vemos é mais uma tomada de fôlego e a redistribuição de capital.

Historicamente, agosto está entre os meses de pior desempenho do bitcoin ao longo de sua trajetória. O retorno médio de agosto na última década é de apenas +1,22%, enquanto a mediana é de -7,49%, refletindo uma tendência recorrente de fraqueza no meio do terceiro trimestre. Vemos na tabela abaixo do Coinglass que, em 2022 e 2023, por exemplo, agosto registrou perdas de dois dígitos.

O segundo mês de pior performance é setembro, com uma mediana de perdas de 4,35%. Isso se repetirá? Não sabemos, mas precisamos levar em conta o que a história nos diz.

Um dos motivos para esse desempenho mais fraco é associado às férias no hemisfério norte. Os investidores fazem uma pausa e evitam ficar muitos expostos à volatilidade do mercado, se desfazendo de posições.

Além disso, os números mostram que há uma realização de lucros por parte dos investidores de longo prazo (LTH - Long Term Holders), após um período de mais de quatro meses seguidos de alta. Isso significa que os hodlers antigos de bitcoin estão convertendo ganhos em caixa.

O resultado? O movimento gera oferta vendedora no curto prazo e ajuda a explicar parte da pressão sobre o preço após as máximas.

As primeiras correções no preço costumam criar um efeito dominó de vendas. Quando uns vendem, outros seguem o mesmo caminho, e isso acaba liquidando várias posições alavancadas.

Como a correção se compara a ciclos anteriores

Em termos históricos, o recuo do bitcoin neste momento é considerado relativamente moderado, segundo a Glassnode.

Um relatório da empresa de análise de blockchain mostra que as correções que acontecem no meio dos ciclos costumam passar dos 25%. Já as quedas mais pesadas podem chegar a mais de 75%. Ou seja, o que estamos vendo agora ainda é bem leve comparado com o que já aconteceu em outros bull markets. Também não há sinais daquele desespero generalizado que marca o início de um bear market de verdade.

O que podemos ver é uma rotação de capital acontecendo: a dominância do bitcoin recuando, o ether se destacando (sendo inclusive chamado de “token de Wall Street”) e altcoins mais consolidadas tendo o seu momento nos holofotes.

O mercado está sendo puxado pelos investidores institucionais, que trouxeram um paradigma diferente para o ciclo: domínio de criptomoedas com utilidade, aplicações reais e rendimento sustentável.

Em vez de apostar só na valorização de preço, grandes alocadores buscam ativos que podem fazer o capital “trabalhar”: gerar rendimentos via staking, servir como infraestrutura para DeFi, ou ser contemplado por produtos regulados como ETFs.

Isso reduz o apelo da especulação pura e simples, e aponta para uma altseason mais fundamentada, guiada por quem precisa de retorno e conformidade para operar em larga escala.

O que está acontecendo com o Ethereum

O ether está totalmente nesta trilha e tem atraído compras importantes de grandes carteiras e tesourarias institucionais, como BitMine, The Ether Machine, SharpLink Gaming e Bit Digital. Dados atuais mostram que essas entidades já detêm cerca de 3,4% do suprimento total da criptomoeda.

Por outro lado, acontece uma evasão pesada de validadores do ether, os responsáveis por adicionar novos blocos e verificar transações. Essas saídas podem estar ligadas à realização de lucros após um salto de mais 70% do ativo em três meses. Ainda assim, os analistas afirmam que a demanda inédita de empresas de tesouraria e ETFs faz com que as vendas sejam absorvidas pelo apetite institucional.

Os ETFs de ether, aliás, lideraram as entradas em relação aos ETFs de bitcoin por sete dias seguidos, perdendo a liderança apenas nesta quinta-feira (28) com o esfriamento do mercado.

E a Solana?

SOL também corrigiu e opera, no momento em que escrevo, na casa dos US$ 205. Segundo o CoinMarketCap, no entanto, registra ganho positivo (+4%) nos últimos 7 dias.

A Solana tem se tornado outro grande atrativo para os institucionais que precisam mover volumes grandes com custo e latência baixos. Segundo a Santiment, a confiança na rede saltou para o patamar mais elevado em cerca de três meses.

Grandes players entram na cena. Galaxy Digital, Jump Crypto e Multicoin Capital anunciaram planos de comprar US$1 bilhão em SOL. Além disso, Pantera Capital também informou que pretende alocar US$1,25 bilhão e a DeFi Development Corp. adicionou mais de 400 mil SOL ao seu balanço.

No varejo, o sentimento também está majoritariamente positivo, com mais de cinco menções favoráveis para cada negativa. Esse humor ajuda a sustentar a narrativa de alta.

Outubro também pode ser um mês de salto para o ativo caso seja aprovado o primeiro ETF spot de SOL nos Estados Unidos. Analistas da Bloomberg falam de uma chance de quase 95% de o sinal verde sair até o dia 10.

Se confirmado, grandes gestoras como Fidelity, Grayscale, 21Shares e Franklin Templeton vão poder oferecer o produto a seus clientes, o que deve atrair novos investidores e reforçar a liquidez.

Tudo isso tende a trazer mais profundidade ao mercado: compras em grande escala geralmente criam suporte de preço, tornam as oscilações menos imprevisíveis e impulsionam crescimento sustentado. Assim, o ecossistema ganha mais visibilidade e legitimidade. Alguns analistas já veem um alvo potencial próximo de US$255 para SOL.

Altcoins úteis começam a liderar a narrativa

Projetos como Chainlink (oráculos) e plataformas como a Hyperliquid vêm recebendo atenção especial porque oferecem funções concretas para aplicações DeFi e para investidores institucionais.

A Hyperliquid (HYPE) está sendo negociada a US$ 45, depois de atingir o pico de US$ 51,50. Vem conquistando espaço e credibilidade no mercado, reforçados mais recentemente com a integração do HyperEVM pela BitGo, que passou a oferecer custódia para os ativos do ecossistema. Isso adiciona uma camada importante de confiança, especialmente para as instituições interessadas em investir em cripto.

Já a Chainlink foi anunciada como uma das parceiras do governo norte-americano na divulgação dos números trimestrais do PIB em nove blockchains, incluindo Bitcoin, Ethereum, Solana e Avalanche. Outra solução de oráculo, a Pyth Network, também foi citada como participante da iniciativa, com seu token PYTH apresentando valorização expressiva na semana.

Outro grande catalisador no horizonte é a possível aprovação de ETFs de altcoins pela SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA. Entre os pedidos estão Litecoin, XRP, Dogecoin, Cardano e Avalanche. Analistas apontam altas chances de eles receberem sinal verde.

A aprovação de ETFs facilitaria o ingresso de dinheiro tradicional em tokens com uso concreto. Isso tende a criar um motor institucional para uma altseason mais ampla.

Fica evidente que o movimento de capital não é só técnico, mas essencialmente estratégico. Quando o dinheiro grande muda de direção, a infraestrutura e os produtos ao redor desses ativos tendem a se fortalecer, e isso altera o risco-retorno relativo entre projetos.

Na prática, o que esse cenário passa a exigir de quem está dentro do jogo cripto?

Uma mudança de mentalidade. Buscar lucro rápido em memecoins ou seguir hype pelo hype é um atalho perigoso. Quem quer resultados reais precisa estudar os projetos a fundo, entender os ciclos do mercado e planejar investimentos com base em teses sólidas. Só assim você consegue colocar lucro no bolso sem se expor a riscos desnecessários.

O que fazer?

Siga o dinheiro grande: movimentos de baleias, compras de tesourarias e pedidos de ETFs geralmente indicam para onde o mercado tende a ir.

Foque em ativos com utilidade: tokens com staking, oráculos ou infraestrutura de liquidez oferecem rendimento e solidez, diferentemente das moedas da moda.

Tenha caixa disponível: manter liquidez evita que você tome decisões precipitadas em momentos de queda.
Evite concentrar capital em criptos especulativas: memecoins e projetos muito iniciais são os primeiros a sofrer quando o dinheiro institucional se move.

Controle o risco: defina limites claros para cada posição de alto risco, garantindo que nenhuma perda comprometa seu portfólio.

Com tudo isso em mente, fica claro: disciplina e paciência sempre serão vantagem competitiva. O mercado pede menos ruído e muito mais critério. Assim você aproveita as oportunidades sem maiores sustos.

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