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Como as tensões globais afetam o bitcoin?

Desta vez é diferente: entenda por que crises como a atual já não derrubam o ativo como antes e o que podemos esperar da moeda daqui para frente

Members of the Syrian community wave Syrian flags on December 8, 2024 in Berlin, Germany, and celebrate the end of Syrian dictator Bashar al-Assad's rule after rebel fighters took control of the Syrian capital Damascus overnight. Islamist-led rebels toppled Syria's longtime ruler Bashar al-Assad in a lightning offensive that a UN envoy called "a watershed moment" for the nation marred by civil war. (Photo by RALF HIRSCHBERGER / AFP) (RALF HIRSCHBERGER / AFP/AFP)

Members of the Syrian community wave Syrian flags on December 8, 2024 in Berlin, Germany, and celebrate the end of Syrian dictator Bashar al-Assad's rule after rebel fighters took control of the Syrian capital Damascus overnight. Islamist-led rebels toppled Syria's longtime ruler Bashar al-Assad in a lightning offensive that a UN envoy called "a watershed moment" for the nation marred by civil war. (Photo by RALF HIRSCHBERGER / AFP) (RALF HIRSCHBERGER / AFP/AFP)

FP
Felippe Percigo

Especialista em criptoativos

Publicado em 21 de junho de 2025 às 11h09.

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O mundo entrou em uma fase na qual as tréguas para o investidor ficaram raras. No tabuleiro da geopolítica, o novo conflito entre Israel e Irã já movimenta potências como EUA, Rússia e China, e reacende o alerta sobre o risco de uma guerra maior, como alguns analistas vêm sugerindo.

Com o petróleo disparando 13% e a inflação ainda pressionando nos EUA, o cenário global continua instável e naturalmente reduz o apetite ao risco.

Em momentos como esse, o histórico do bitcoin sempre foi de quedas significativas. Em 2024, quando aconteceu um ataque semelhante de Israel ao Irã, o preço da moeda desvalorizou em mais de 10%.

Desta vez, a situação se repetiu no noticiário, mas a reação do bitcoin foi mais amena. Desde que rompeu os US$ 100 mil, o ativo tem mostrado uma estabilidade praticamente inédita. Mesmo com o globo pegando fogo, ele segue neste momento na faixa dos US$ 104 mil — distante só 6% do seu recorde histórico.

Como era esperado, o sentimento do mercado deu uma recuada, mas mostra resiliência. O Índice de Medo e Ganância tem oscilado entre neutro e ganância, deixando claro que, apesar das tensões, o clima ainda é construtivo.

Mas, afinal, por que o bitcoin não só resiste, como segue avançando mesmo diante de tanto ruído?

Base institucional nunca foi tão sólida

Em ciclos anteriores, o mercado era dominado pelo varejo, ou seja, mais propenso a reações impulsivas e vendas em pânico. Hoje, o quadro é outro. O protagonismo passou para as mãos dos grandes players.

A gente tem visto o movimento massivo de institucionais: fundos bilionários, gestoras de patrimônio e empresas de tecnologia incorporaram o bitcoin em seus balanços e estratégias de longo prazo.

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Os dados mais recentes mostram que os ETFs de bitcoin à vista nos EUA completaram oito dias consecutivos de entradas líquidas até a última quarta-feira, 18, quando registraram um influxo positivo de US$ 389,57 milhões.

Veja no gráfico abaixo do SoSoValue.

Além disso, instituições como Strategy (ex‑MicroStrategy), nos EUA, Metaplanet e Remixpoint, no Japão, e The Blockchain Group (TBG), na França, multiplicaram suas apostas na moeda.

Os ETFs de ether também seguem em alta: registraram quase US$ 580 milhões em entradas líquidas nas últimas duas semanas.

Esse capital de peso não chegou para especular e sumir. Ele permanece no mercado, fortalecendo a resistência do bitcoin mesmo quando o restante do setor vacila.

Quem está vendendo com força no momento são investidores de curto e médio prazo, menos experientes e receosos diante da escalada dos conflitos.

O novo papel de proteção

Tradicionalmente, em momentos de crise, o investidor buscava o ouro para se proteger. Em 2025, a narrativa mostra que o bitcoin vem assumindo essa função de ativo de refúgio.

A desvalorização do dólar, resultado das tarifas comerciais dos EUA e das pressões inflacionárias, levou muitos a buscarem ativos fora do radar das políticas monetárias.

Enquanto moedas fiduciárias sem lastro e estímulos ilimitados acabam com o poder de compra, o bitcoin mantém a oferta fixa de 21 milhões de unidades e se consolida como reserva de valor.

Assim, a criptomoeda passou de ativo de especulação a integrante estratégico dos portfólios mais tradicionais.

Teste de fogo

O conflito entre Israel e Irã esquentou mais uma vez a geopolítica. É compreensível que notícias de guerra acionem o “modo pânico” nos mercados, gerando saídas de posições de maior risco.

Em ciclos passados, o bitcoin chegou a perder entre 10% e 20% do valor em crises parecidas. Desta vez, após uma semana de aumento das hostilidades e uma correção inicial, ele se estabilizou acima dos US$ 104 mil, recuperando parte das perdas.

Dólar e juros em pauta

Na reunião de quarta-feira, 18, o Fed manteve os juros e projeta dois cortes para este ano. Ao mesmo tempo, revisou a estimativa de inflação de 2,8% para 3,1% e o crescimento do PIB de 1,7% para 1,4%. Jerome Powell usou um tom mais cauteloso, dizendo que os impactos das tensões no Oriente Médio devem ser limitados no longo prazo.

Realização de lucros

Investidores de curto e médio prazo estão realizando lucros, mas a demanda segue absorvendo a oferta. Nessa dinâmica, os analistas veem mais espaço para valorização.

O resultado é um bitcoin que, em vez de afundar, está passando pela crise de cabeça erguida, mostrando que aguenta firme mesmo em momentos de alta tensão.

Ciclo atual vs. ciclos passados: o que mudou?

2017/2018: explosão dos ICOs (os “IPOs” cripto) e muita especulação.

2020/2021: NFT mania, boom do DeFi, Tesla e MicroStrategy como pioneiros institucionais.

2024/2025: consolidação dos ETFs à vista, liderança política pró‑cripto, ingresso de grandes fundos e foco em valor de longo prazo.

O grande diferencial desta temporada é a combinação de fluxo institucional recorde, ambiente regulatório mais claro e uma narrativa de hedge muito mais consolidada.

O que podemos esperar?

Acredito que seguimos rumo aos US$ 115 mil/US$120 mil, mas não faltam aqueles que apostam no tão sonhado US$150 mil.

Parece também que o patamar dos US$ 100 mil deixou de ser teto e virou piso.

Os fluxos positivos de ETF devem continuar. Podem, inclusive, ganhar tração com a aprovação de novos fundos negociados em bolsa para outras criptos, como Solana e XRP.

Geopolítica e inflação seguem alimentando a tese de reserva de valor.

Se o dólar enfraquecer ou se a incerteza global se prolongar, o bitcoin consolida seu status como ouro digital, ganhando mais relevância e preço.

Mas não podemos subestimar possíveis revezes. Mesmo com o bitcoin entrando em uma nova era de maturidade, o quadro global ainda é preocupante e precisamos estar atentos.

Preservar o capital é o mais inteligente a se fazer em meio às incertezas. Dá para agir com otimismo, mas sem nunca abandonar a cautela.

Ciclos passados ensinaram que, em meio ao medo, quem mantém a convicção e aproveita as correções costuma colher os melhores frutos.

Agora, o desafio é entender que este bull market tem características peculiares e, ao dominar essa nova realidade, você estará mais bem posicionado para surfar as próximas ondas de valorização.

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