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Como a Web3 abre caminhos para mulheres superarem obstáculos para a independência financeira

Acesso e equidade ainda são desafios neste novo segmento em expansão, mas iniciativas em educação financeira e tecnológica contribuem para avanços

Reflexões de um líder: afinal, o que faz sentido para o seu negócio e para o seu cliente no processo de busca, compra e consumo? (Reprodução/Reprodução)

Reflexões de um líder: afinal, o que faz sentido para o seu negócio e para o seu cliente no processo de busca, compra e consumo? (Reprodução/Reprodução)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 8 de março de 2024 às 15h00.

Por Melanie Steiner*

Há pouco tempo eu ouvi a história da Patrícia* que, como tantas outras mulheres brasileiras, trabalhava e fazia faculdade ao mesmo tempo. Moradora da periferia de São Paulo, ela aproveitava o tempo que passava no ônibus para investir o dinheiro que conseguia guardar.

E só conseguia fazer isso em horários em que as instituições tradicionais estavam fechadas. O mundo das criptomoedas, para ela, era a oportunidade de gerir seus recursos de qualquer lugar, a qualquer hora, na palma da mão.

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Patrícia estava construindo uma carreira, como muitas de nós estamos fazendo nesse momento. E ao mesmo tempo buscando espaço e formas de experimentar e se reinventar, sem arriscar o caminho tradicional que estava seguindo.

No mundo da Web3 - da "nova fase da internet", mais e mais comunidades estão surgindo que tornam isso possível, mas mesmo todos os avanços tecnológicos foram incapazes de eliminar desafios e barreiras significativas que ainda existem e se impõem sobre as mulheres.

Tecnologia e finanças ainda são dois setores largamente dominados por homens. Estudos mostram que há gaps de remuneração, promoção e diversidade que, embora menores a cada ano, ainda são significativos. Isso também acontece na indústria das criptomoedas, seja dentro das empresas, seja entre investidores.

As mulheres ainda representam uma parcela pequena dos investidores em criptomoedas, com um percentual crescente principalmente em países em desenvolvimento - como comparação, uma pesquisa apontou que mulheres são 26% das investidoras cripto nos Estados Unidos, e 44% no Vietnã. Faltam dados do Brasil, e eu adoraria conhecê-los.

Mas a espinha dorsal da Web3 e das criptomoedas é a inclusão e a liberdade do dinheiro. Da mesma forma que essa tecnologia avançada ainda não foi capaz de eliminar muros, ela criou escadas. Por ser exclusivamente online, a tecnologia das criptomoedas permite que as mulheres não se sujeitem a barreiras de gênero na interlocução com representantes de instituições financeiras.

O funcionamento 24 horas garante o acesso a produtos e serviços a qualquer momento, enquanto limites de investimentos iniciais baixos ampliam a oferta a uma gama maior de pessoas.

Educação Financeira

Educação financeira, ainda uma das maiores barreiras ao aumento da participação de mulheres nos investimentos, é outro aspecto. A tecnologia Web3 é uma escada também na divulgação de conhecimento ao oferecer conteúdo gratuito em diversos idiomas (hoje facilmente traduzíveis pelas ferramentas de pesquisa, quando não disponíveis na língua local), que podem ser acessados a qualquer hora, em qualquer lugar.

Outro dado que merece destaque é que as mulheres não acessam as criptomoedas apenas para investimento. Esses ativos também estão sendo usados para o sustento. A Patrícia, que citei alguns parágrafos atrás, hoje obtém sua renda de criptomoedas.

Outra história interessante sobre como cripto pode ser usada para o sustento me foi contada pela Lúcia*, que deixou o trabalho para cuidar da sobrinha hospitalizada. Como passava o dia no hospital, ela usou a tecnologia das criptomoedas para investir, o que gerou os recursos necessários para pagar medicamentos e seu sustento.

Participação e oportunidade

É preciso se conscientizar que o aumento da participação feminina representa um benefício para todo o ecossistema financeiro e da Web3. Uma pesquisa da Powering Potential mostrou que reduzir o abismo no acesso das mulheres ao sistema financeiro geraria US$ 330 bilhões em receita globalmente.

Desconheço outras oportunidades dessa magnitude. E a presença de mais mulheres tende a trazer mais estabilidade aos mercados.

Atualmente, cerca de 20% dos nossos mais de 178 milhões de usuários são mulheres, um percentual que vem crescendo ano a ano. Os criptoativos abrem as portas para o desenvolvimento de uma nova economia, que por si só fornece financiamento, empregos e amplas oportunidades de autoaprendizado e desenvolvimento.

Isso ganha uma escala ainda maior no Brasil, o segundo país com o maior uso diário de internet no mundo. O investimento está na palma da mão.

É importante a gente continuar refletindo sobre isso, e trabalhando para eliminar obstáculos. E lutar juntas para que estas portas nunca se fechem, e para que outras mulheres como a Patrícia e a Lúcia tenham as ferramentas para dar novos saltos profissionais e de vida.

Acredito que o blockchain e as criptomoedas podem acelerar essa mudança, e a alta de preços a que estamos assistindo pode ser outro fator de impulsionamento.

*Melanie Steiner é Diretora de Marketing para a América Latina na Binance.

**os nomes originais foram alterados.

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