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Como a tokenização abre portas para a inclusão financeira de economias emergentes

A tokenização pode ser uma "revolução silenciosa"; conheça mais sobre o assunto e seu impacto em economias emergentes

 (Reprodução/Reprodução)

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Antônia Souza

COO na Lumx

Publicado em 18 de setembro de 2023 às 16h28.

Última atualização em 19 de setembro de 2023 às 16h43.

Nos últimos anos, temos testemunhado uma revolução silenciosa, mas poderosa, na forma como concebemos, transferimos e armazenamos valor. A tokenização, que consiste em representar ativos físicos ou virtuais como tokens digitais em um blockchain, tem ganhado força e manchetes ao redor do mundo.

Eu sou Antônia Souza, diretora de operações da Lumx e quero te convidar para entender melhor sobre como essa tecnologia está desempenhando um papel crucial na democratização do acesso a serviços financeiros no Brasil e no mundo.

Instabilidade política e econômica, falta de infraestrutura financeira e alta volatilidade são alguns dos desafios enfrentados pelos países de economias emergentes. Países onde grande parte da população vive à margem do sistema bancário.

Para exemplificar, no Brasil somente em 2022 chegamos a 82% da população bancarizada, segundo o Banco Central. Número esse que foi impactado pela necessidade de criação de conta bancária para recebimento dos auxílios durante a pandemia. Para efeitos de comparação nos Estados Unidos, segundo o Fed, em 2020 esse número chegava a 94% da população.

Olhando o cenário de tokenização mundial vemos que segundo a Boston Consulting Group (BCG) até 2030 teremos 10% do PIB mundial tokenizados, estamos falando de cerca de US$16 trilhões. Algo que pode abalar o mercado financeiro tradicional. Dadas as dificuldades em diversas frentes no estabelecimento de uma infraestrutura econômica estável e as ineficiências que permanecem tão fortemente associadas ao sistema bancário tradicional, a tokenização oferece um meio novo e eficaz de proporcionar resultados às economias emergentes com as que vemos na América Latina.

Não surpreendentemente o Índice Global de Adoção de Criptos da Chainalysis, que mostra os países onde as pessoas comuns estão mais adotando os criptoativos, divulgado nesta semana, mostra que dos 10 países com maior adoção a cripto no mundo, apenas 1 é o que podemos chamar de país desenvolvido, Estados Unidos. Liderada pela Índia, a lista da Chainalysis tem no seu top 10, países como Nigéria, Vietnã, Filipinas e o Brasil, ocupando a nona posição do ranking.

Por que esses países estão tokenizando?

Os benefícios da tokenização são inúmeros, mas olhando para economias emergentes podemos destacar alguns principais.

Velocidade de transação e custos reduzidos: Quando os ativos são tokenizados, uma das primeiras coisas que eliminamos é a necessidade de intermediários para processos que podem facilmente ser automatizados. O que leva a transações mais econômicas e a um processamento mais rápido, beneficiando investidores e comerciantes. Estima-se que a tokenização poderia reduzir a emissão de títulos em até 80%.

Acesso a Capital: A eliminação de intermediários ajuda também as empresas em economias emergentes que podem usar a tokenização para levantar capital de forma mais eficiente. Segundo o Sebrae, as Pequenas e Médias Empresas representam 30% do PIB nacional, porém quando o assunto é investimento elas sofrem com os modelos de análise de crédito dos bancos convencionais.

Com a tokenização esses empreendedores têm a oportunidade de apresentar suas empresas a mais investidores e também permite que a pessoa física possa investir nesses ativos.

Acesso a economia Global: Vimos que mesmo o acesso aos serviços financeiros básicos não é algo fácil para os negócios de economias emergentes. E quando olhamos o cenário de acesso a serviços financeiros internacionais a situação é ainda pior, o que impossibilita o comércio internacional para esses empresários. A tokenização permite que transações globais sejam feitas com segurança e transparência, facilitando o comércio e as remessas internacionais.

O que nos espera

Apesar de termos um horizonte muito inspirador, ainda temos algumas barreiras a enfrentar para atingir o potencial máximo da tokenização. Os desafios principais giram em torno de regulamentação e avanço das tecnologias. No Brasil, as discussões entre a CVM e o mercado privado seguem e ainda não chegaram ao modelo ideal. No entanto, dado os números da adoção de criptomoedas, espera-se que haja avanços positivos nesse cenário.

Além disso, a tecnologia blockchain e a tokenização, em particular, parecem ser o meio ideal para a inteligência artificial realizar transações sem intervenção humana. Como resultado, podemos esperar muitos novos casos de uso provenientes da combinação de blockchain e IA.

Como gosto de falar sempre, os carros não foram criados com cinto de segurança ou mesmo o uso das cadeirinhas para crianças não eram obrigatórios até alguns anos atrás. Sendo assim, com o blockchain não será diferente. Primeiro desenvolvemos as tecnologias e os casos de uso aplicados a nossa sociedade e então as regulamentações serão criadas. O que podemos ter certeza é que essa é uma tecnologia que chegou para impactar não só o mercado financeiro, mas todo o mundo digital e de negócios ao qual estamos acostumados.

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