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Como a maior “empresa” do mundo sobrevive sem lucro

Você vai se impressionar com os números e a gravidade da situação

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Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 15 de setembro de 2024 às 10h00.

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Imagine uma empresa que tem um faturamento anual de 4,1 milhões de dólares, mas suas despesas no mesmo período chegam a 5,6 milhões de dólares. Isso significa que, ao final do ano, essa empresa não só não teve lucro, como também terminou com um prejuízo de 1,5 milhões de dólares, ou seja, 37% do que ela fatura.

Agora, pense que esse prejuízo não é algo que aconteceu apenas uma vez. Na verdade, essa empresa não tem lucro desde 2001, acumulando prejuízos ano após ano. Hoje, a dívida total dessa empresa já chegou a 35,3 milhões de dólares.

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Você pode se perguntar: "Como essa empresa consegue pagar suas contas há tanto tempo sem lucrar?" A resposta é que ela se endivida ano após ano para conseguir dinheiro emprestado de investidores. Esses investidores acreditam que a empresa vai conseguir pagar a dívida no futuro, e a empresa promete pagar o valor emprestado com juros.

O problema é que, como a empresa não consegue ter lucro, ela precisa continuar emitindo mais e mais desses títulos de dívida a cada ano, não só para pagar suas contas, mas também para devolver o dinheiro aos investidores e cobrir os juros.

Agora, considere o seguinte: quanto mais tempo a empresa passa sem lucrar, mais os investidores começam a duvidar se ela será capaz de pagar o que deve. Isso faz com que eles cobrem juros cada vez mais altos para continuar emprestando dinheiro.

No último ano, por exemplo, a empresa teve que gastar US$ 1,1 milhão só em juros, o que representa quase um terço de tudo o que ela faturou.

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A essa altura, é fácil perceber que a situação da empresa é complicada e que sair desse buraco financeiro não será fácil.

Para agravar a situação, os proprietários dessa empresa insistem em nomear conselheiros e presidentes que, ao invés de cortar gastos, buscam expandi-los continuamente. É como se ninguém, nem mesmo seus donos, estivesse realmente preocupado com o destino da organização.

A situação se complica ainda mais quando consideramos que essa empresa depende fortemente de um banco que sempre promete socorro financeiro. Temos, assim, uma combinação perigosa: de um lado, um banco que concede crédito sem limites; do outro, donos que parecem indiferentes ao rumo descontrolado da empresa.

Agora, aqui vai uma revelação: essa empresa não é realmente uma empresa. Ela é, na verdade, o governo dos Estados Unidos. O Banco é o Fed, o Banco Central dos Estados Unidos. Os donos são, ou deveriam ser, a população norte-americana. Os números que usamos aqui são, na verdade, trilhões, não milhões. E para mostrar como é difícil para nós, humanos, lidar com ordens de grandeza tão diferentes, aqui vai uma comparação para facilitar o entendimento:

    • 1 milhão de segundos atrás: menos de 12 dias atrás (nosso exemplo);
    • 1 bilhão de segundos atrás: outubro de 1992;
    • 1 trilhão de segundos atrás: 29.665 antes de Cristo (EUA).

Se você já se impressionou com os números da empresa fictícia do exemplo, imagine a verdadeira gravidade da situação ao compreender a diferença entre milhões e trilhões.

Essa analogia ajuda a entender a gravidade da situação fiscal dos EUA, mostrando que a dívida e os juros estão se tornando cada vez mais difíceis de gerenciar.

O que fazer diante de um quadro tão desafiador? Aumentar as receitas (ou seja, elevar impostos) para cobrir o rombo parece inviável, além de doer diretamente no bolso de toda população, ainda desestimula o empreendedorismo e consequente geração de empregos e renda. Por outro lado, cortar despesas ao ponto de retirar benefícios concedidos há décadas à população seria politicamente insustentável. A única saída é continuar contraindo dívidas para pagar as contas.

Mas até quando o Fed conseguirá sustentar esse ciclo?

Está aí a pergunta de milhões, bilhões ou até trilhões de dólares, mas algo é previsível: Assim como ocorrido em eventos históricos passados, a população, ao perder confiança na própria moeda, irá correr para ativos que não podem ser confiscados ou depreciados, e na era digital, existe apenas um com essa característica: o bitcoin.

*Matheus Bombig é cofundador da Invenis, cofundador e conselheiro da AB2L (Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs). Linkedin Top Voice. Graduado em engenharia mecânica pela Unicamp. Atuou 6 anos em consultoria estratégica.

*Julio Santos é formado em Administração de Empresas pela PUCRS, com pós-graduação em Economia Empresarial pela UFRGS. É executivo de finanças corporativas e empresário fundador da empresa Executivo Financeiro. Fundador e apresentador do podcast Tapa da Mão Invisível. Fundador e Conselheiro do Instituto Formação de Líderes – Brasília, entusiasta pela criação de Sociedade de Leis Privadas.

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