Future of Money

Com aval da CVM, emissão de R$ 60 milhões em debêntures tokenizadas do setor de educação é concluída

Vórtx QR, Itaú BBA e Pravaler concluem operação de tokenização inédita para o setor educacional; digitalização de ativos em blockchain vem se tornando tendência no país

Tokenização de ativos em blockchain tem ganhado espaço no mercado de capitais (metamorworks/Getty Images)

Tokenização de ativos em blockchain tem ganhado espaço no mercado de capitais (metamorworks/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 19 de julho de 2022 às 09h00.

Última atualização em 19 de julho de 2022 às 10h09.

Além da negociação de criptomoedas como bitcoin, ether, altcoins e stablecoins, e de aplicações como NFTs e DeFi, a tecnologia blockchain também possibilita a transformação de ativos do mundo real em representações digitais, um processo que ficou conhecido como tokenização. Esse modelo, de um lado se aproveita da segurança, transparência e eficiência da tecnologia para facilitar o acesso, agilizar operações e aumentar a liquidez de ativos financeiros e não financeiros, e, do outro, permite a captação de recursos de forma ágil, simples e transparente pelo emissor. É um movimento que tem ganhado força no Brasil.

(Mynt/Divulgação)

Nesta terça-feira, 19, a Vórtx QR Tokenizadora, que foi uma das selecionadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para participar do seu sandbox regulatório - ambiente para testes de novos modelos de negócio com a chancela e o controle da autarquia -, junto com a Pravaler, anunciaram a primeira emissão de debêntures do setor de educação em blockchain no Brasil.

As debêntures tokenizadas foram emitidas pela Pravaler, principal plataforma de acesso e soluções para o ecossistema de educação do Brasil, com volume de R$ 60 milhões, representados por 60 mil tokens de R$ 1 mil cada. O Itaú BBA também atuou como coordenador da operação.

“Todos os agentes envolvidos nesta operação possuem a inovação em seu core e se conectam pelo propósito de disruptar de maneira descomplicada seus respectivos mercados de atuação. Este é mais um passo no movimento de trazer o futuro para o presente do mercado financeiro”, afirmou Juliano Cornacchia, CEO da Vórtx QR Tokenizadora, na cerimônia de anúncio da operação.

Esta é a terceira emissão da Vórtx QR, que já emitiu este ano 74 mil debêntures tokenizadas da Salinas Participações, também com coordenação do Itaú BBA, no volume de R$ 74 milhões, e 8 mil cotas do fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) QR Rispar Crédito Cripto, lançado pela QR Asset, em uma operação de R$ 8 milhões.

“A plataforma da Vórtx QR Tokenizadora possui autorização da CVM para contar com 12 emissores, sendo que cada um pode fazer mais de uma emissão. A emissão da Pravaler acrescenta o terceiro emissor ativo na plataforma, deixando espaço para mais nove emissores participarem dessa revolução na forma de acessar o mercado de capitais”, explicou Thiago Schober, head de Novos Negócios da Vórtx QR Tokenziadora.

Com a entrada no sandbox regulatório da CVM, a Vórtx QR criou a primeira plataforma de tokenização para o mercado de capitais que atua em ambiente regulado. O projeto proporciona uma evolução da infraestrutura para a digitalização da atividade de intermediação de ofertas públicas para valores mobiliários, como debêntures e cotas de fundos de investimento fechados, incorporando tecnologia blockchain para transações mais seguras, inteligentes e transparentes.

O processo de tokenização é basicamente uma evolução da digitalização de dados, e é visto com otimismo por especialistas, apesar das ressalvas de que a massificação da tecnologia não acontecerá da noite para o dia. Por outro lado, o interesse de grandes empresas pelo novo modelo cresce a passos largos. A B3, por exemplo, que controla a bolsa de valores brasileira, já fala no assunto desde meados do ano passado e já constituiu empresa para operações com ativos digitais autorizada pela CVM.

São várias as vantagens da tokenização de ativos em blockchain. De um lado, dos emissores, permite acesso facilitado a financiamento e viabiliza captações, além de reduzir custos e aumentar a eficiência da operação. Para os grandes investidores, o aumento da liquidez para ativos cuja liquidez é baixa na sua versão "tradicional" é um fato relevante. E, para o investidor de varejo, o acesso a produtos de investimento antes restritos aos grandes investidores ou investidores institucionais também é um atrativo importante.

A tokenização de Pravaler, Vórtx QR e Itaú BBA é relevante por ser a primeira de debêntures do setor de educação e por acontecer no ambiente do sandbox regulatório, mas não o modelo de levar ativos tradicionais para o blockchain já vem sendo testado há algum tempo no Brasil. Além de diversas plataformas de tokenização se proliferando pelo país - casos da Liqi, das corretoras cripto Mercado Bitcoin e Foxbit, entre outras - o banco BTG Pactual criou, em 2019, o ReitBZ, primeiro fundo de imóveis tokenizado por um banco no mundo e o primeiro a pagar dividendos aos seus investidores.

Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube | Telegram | Tik Tok

Acompanhe tudo sobre:BlockchainCriptoativosTokenização

Mais de Future of Money

Entendendo o ciclo do halving com a dominância do bitcoin

Quer lucrar com criptomoedas em 2025? Confira dois indicadores para acompanhar

A disparada do bitcoin, regulação cripto ao redor do mundo e as perspectivas para 2025

Mulheres nas finanças e na tecnologia: paridade de gênero não pode esperar até 2155