Repórter do Future of Money
Publicado em 19 de fevereiro de 2025 às 17h03.
O colapso da criptomoeda meme Libra já entrou para a história do mercado cripto, não apenas pelo tamanho da perda - uma queda de 95% em 5 horas e uma capitalização perdida de US$ 4,4 bilhões -, mas também pelas figuras associadas. Afinal, o token chegou a ser divulgado pelo presidente da Argentina, Javier Milei. Mas quais serão os impactos para as memecoins?
O surgimento da Libra ocorreu na esteira do lançamento e da euforia em torno das criptomoedas memes oficiais de Donald Trump e Melania Trump. Desde então, até países já se somaram à nova onda das memecoins. Enquanto isso, Milei nega que sabia muitos detalhes sobre o projeto, que se defende de acusações de um golpe financeiro.
O segmento desses ativos "memes", que são altamente especulativos e se apoiam em figuras, eventos ou produtos culturais em alta na internet, não é novidade no mercado cripto. A primeira memecoin, e a maior atualmente, foi criada em 2013, com o surgimento da dogecoin. E, desde então, milhares já foram criadas no mercado.
Apesar de muitos golpistas usaram essas criptomoedas para atrair investidores, também existem muitos projetos legítimos no mercado, valendo bilhões e atraindo uma legião de usuários, desenvolvedores e promotores. E as memecoins voltaram a ganhar espaço e atenção no mercado cripto desde 2024.
O principal motivo foi a ascensão da Solana como o novo blockchain principal para a criação desses ativos, impulsionada pelo surgimento do PumpFun, uma plataforma que permite criar memecoins e estruturar seu funcionamento e distribuição de tokens em minutos. É o caso da própria Libra, que foi criada na Solana.
A forte queda da Libra também não se restringiu ao ativo. Dados da plataforma CoinGecko indicam que o segmento de criptomoedas meme acumula queda de mais de 3% nos últimos sete dias. Entre as memecoins específicas da Solana, a desvalorização é de mais de 10%, e as criptos criadas no PumpFun despencam mais de 23%.
Para analistas, o movimento reflete a forte perda de liquidez no segmento após o colapso da Libra, deixando muitos investidores que tradicional operam no segmento - seja por apoio a projetos ou em busca de grandes lucros com especulações - no prejuízo. Porém, o segmento é conhecido pela capacidade de se recuperar e voltar a atrair investidores e capital.
No longo prazo, a plataforma de criptomoedas FRNT Financial avalia que "o episódio da Libra representa um ponto potencial de saturação excessiva do ecossistema de memecoins. Nesse ponto, as novidades em torno de projetos recentes, como as [criptomoedas meme] TRUMP e MELANIA e agora a Libra, já se esgotaram".
"Além disso, as consequências reputacionais para esses ativos podem ser significativas. Mesmo assim, parece que esse episódio provavelmente continuará se desenrolando conforme novos detalhes aparecem. Nesse momento, as memecoins parecem ser um sinônimo de golpes", afirma.
E o próprio segmento pode caminhar para mudanças. Após o caso da Libra e da divulgação de Milei, um dos criadores do PumpFun disse no X, antigo Twitter, que "é importante que plataformas como a PumpFun forneçam as estruturas para garantir a proteção dos usuários".
Para ele, é preciso que o segmento foque em "educar usuários sobre como criar criptomoedas de forma segura e ética", "transforme a entrada de novos investidores em algo amigável" e "trate as necessidades de proteção dos usuários de forma mais séria", criando um "ambiente segura ao reduzir a visibilidade de ativos que pareçam ter padrões de negociação suspeita". Agora, porém, é preciso esperar para ver quais consequências efetivamente se concretizarão para o setor.
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