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Acusada de manobra com cripto de clientes como a de colapso da FTX, Binance se defende

Corretora cripto é acusada de realizar práticas de mercado semelhantes às da concorrente falida e CEO se manifesta

CEO da maior corretora de criptomoedas do mundo rebateu acusações (Reprodução/Reprodução)

CEO da maior corretora de criptomoedas do mundo rebateu acusações (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 28 de fevereiro de 2023 às 10h59.

Última atualização em 28 de fevereiro de 2023 às 12h11.

Changpeng Zhao, CEO da corretora de criptomoedas Binance, negou nesta terça-feira, 28, as acusações feitas pela revista Forbes de que a exchange teria realizado as mesmas práticas de mercado da sua concorrente falida, a FTX, incluindo o direcionamento de recursos de clientes para fundos de investimento sem aviso ou consentimento dos mesmos.

Em um post no Twitter, o responsável pela maior exchange do mundo rebateu as acusações feitas pela Forbes. Segundo a revista, a Binance teria realizado uma série de transações entre agosto e dezembro de 2022 de recursos usados como garantia dos fundos de seus clientes.

Zhao disse que estava "relutantemente gastando tempo" com o que chamou de FUD - sigla em inglês para "fear, uncertainty and doubt", ou "medo, incerteza e dúvida", usada para situações em que boatos e informações desconhecidas assustam investidores e influenciam suas movimentações. Para ele, a reportagem da Forbes tem "muitas perguntas acusatórias, com composições negativas, intencionalmente interpretando mal os fatos".

A Forbes afirmou que a Binance teria realizado um "embaralhamento de ativos assustadoramente semelhante às manobras da FTX". As movimentações envolveram o envio de US$ 1,025 bilhão ao fundo Cumberland, US$ 138 milhões ao empresário Justin Sun, US$ 33 milhões ao fundo Amber Group e US$ 20 milhões à Alameda Research, que era controlada pelo fundador da FTX.

Segundo a análise da revista, esses fundos pertenciam a outros clientes da corretora de criptomoedas, e não aos destinatários. Com a movimentação, ela teria deixado esses clientes sem garantia caso quisessem sacar seus valores depositados. O mesmo teria acontecido com todas as garantias para depósitos em USDC, uma stablecoin atrelada ao dólar, com suas reservas sendo enviadas para fundos.

Anteriormente, a Binance admitiu que misturou fundos de clientes com carteiras que eram usadas para lastrear a stablecoin. Para a Forbes, isso sinaliza que a corretora teria problemas de liquidez semelhantes às da FTX e que ela criaria suas próprias regras devido à falta de regulação.

De acordo com o CEO, as movimentações citadas pela Forbes foram na verdade saques dos próprios fundos, que possuíam depósitos na corretora de criptomoedas. Ele observou ainda que os registros dos depósitos anteriores aos saques também são públicos e podem ser verificados em um blockchain.

"Eles se referiram a algumas transações antigas de blockchain que nossos clientes fizeram. Eles citaram Tron, o Grupo Amber, a Alameda Research. Eles parecem não entender o básico de como funciona uma corretora de criptomoedas", criticou o CEO.

Um porta-voz da exchange disse ainda que “embora a Binance tenha reconhecido anteriormente que os processos de gerenciamento de carteira de garantia de token vinculado à Binance nem sempre foram perfeitos, em nenhum momento a garantia de ativos do usuário foi afetada”.

"Nossos usuários são livres para sacar seus ativos quando quiserem. Suas retiradas foram retratadas na reportagem como se eles tivessem 'recebido centenas de milhões de garantias transferidas'" de clientes da Binance, segundo Zhao.

O CEO da corretora de criptomoedas explicou que "nossos usuários também devem depositar na Binance primeiro para poder sacar, e os saques também são facilmente rastreáveis no blockchain. O artigo ignora convenientemente as transações de depósito" dos fundos citados.

Ele destacou ainda que a Binance e a FTX - que destinou investimentos de clientes para sua empresa irmã, o fundo de investimentos Alameda Research - "são diferentes", mas que a reportagem da Frobes tentou "classificar as duas como se fossem iguais, incluindo na escolha do título".

"A Binance sobreviveu ao teste do tempo", disse Zhao, se referindo também à onda de saques que a corretora de criptomoedas enfrentou em dezembro de 2022, mas sem quebrar como a FTX e garantindo os fundos dos clientes. Ele citou ainda a implementação de mecanismos de prova de reservas após a crise da FTX. "Estou profundamente desapontado com o fato da Forbes continuar a escrever artigos sem fundamento, perdendo sua própria credibilidade", acrescentou.

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