Campari lança iniciativa em blockchain com foco na Web3: NFTs são o primeiro passo (Campari/Divulgação)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 24 de agosto de 2022 às 13h11.
Última atualização em 24 de agosto de 2022 às 15h34.
O interesse de grandes empresas pela blockchain não é novidade e várias marcas que não têm relação direta com a tecnologia têm buscado maneiras de se aproveitar dessa inovação. Mas se em muitos casos as iniciativas são apenas ações isoladas de marketing para se aproveitar de tendências passageiras, em outros elas são complexas, profundas e parte de uma estratégia ampla, que pode até ajudar no reposicionamento da marca. A mais recente delas a entrar nessa lista é a Campari.
A empresa de bebidas anunciou, nesta quarta-feira, 24, uma iniciativa que, à primeira vista, pode parecer repetitiva: uma coleção de NFTs. O diferencial para suas semelhantes é que os tokens não fungíveis colecionáveis da famosa bebida vermelha são apenas a ponta do iceberg de uma elaborada estratégia de interação com os consumidores, que tem na Web3 o seu ponto central.
"Não estamos lançando uma ação pontual, que será encerrada daqui um período predeterminado de tempo. É algo contínuo, que possivelmente faremos para sempre daqui em diante. Estamos construindo uma espécie de plataforma de CRM [Customer Relationship Management, ou "Gestão de Relações com os Consumidores"] baseada na Web3", explicou o diretor de marketing da Campari, Viniciu Löw, em entrevista à EXAME.
A ideia, segundo o executivo, é que os NFTs sirvam como ferramenta para a criação de uma comunidade em torno da marca, reunindo fãs, consumidores e até bartenders. Os NFTs serão o elo que conectarão esses diferentes grupos e indivíduos e também a própria Campari.
“Nosso objetivo ao lançar The Campari Blockchain é, além de criar uma comunidade exclusiva para os amantes da marca, com acesso a informações e experiências incríveis de imersão, fomentar ainda mais a comunidade de bartenders, gerando renda e conhecimento para eles, as grandes estrelas idealizadoras dos nossos drinks”, completou Vinicius.
A companhia ingressa nesse universo com o apoio da TresPontoZero, empresa de consultoria especializada em Web3. “Através desse programa, nosso objetivo, junto com a Campari, é desenvolver uma comunidade de amantes da coquetelaria assim com apoiar quem faz isso acontecer, o bartender. Faremos de tudo para trazer sempre mais benefícios e assuntos para quem apoia a marca”, contou Thomas Rebergue, sócio co-fundador da empresa.
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A primeira coleção de NFTs da Campari, batizada de "Alchimia di Campari", contará com obras de arte digitais inspiradas em 29 coquetéis com a bebida, criados durante a edição 2022 da Campari Bartender Competition, campeonato que visa fomentar a versatilidade de Campari por meio da coquetelaria.
Mas mais do que uma obra de arte digital, os seus compradores terão direito a benefícios exclusivos, que variam de acordo com a raridade do token e incluem experiências que podem chegar a uma viagem à Itália com acompanhamento guiado em instalações da empresa.
Além disso, 85% da venda dessas obras de arte colecionáveis serão revertidas em prol dos bartenders, sendo 60% direcionados para o fundo da Campari Academy — plataforma digital e gratuita de formação, informação e inspiração para bartenders — e os outros 25% encaminhados diretamente para os bartenders que participaram da Bartender Competition.
"A Campari sempre teve relação com a arte e com os artistas. E os NFTs são uma nova forma de representação artística. Digital, com valor e com um algo a mais, que é essa coisa da Web3, de descentralização, de criação de comunidades", explicou Löw. "Queremos construir comunidade. Hoje essa conversa acontece nas redes sociais, mas não é direta, tem a plataforma no meio. Nós queremos expandir a conversa. Criar uma comunidade, dar voz e propriedade ao consumidor, criar uma relação direta com a nossa audiência, oferecer benefícios".
Vinícius Löw explicou, ainda, que os benefícios serão constantemente atualizados, para que assim os NFTs mantenham valor ao longo do tempo. "Traremos benefícios exclusivos e em certo ponto intangíveis, porque serão experiências, serão coisas que não se pode comprar. E isso será constantemente atualizado".
Um dos objetivos da iniciativa em blockchain, segundo o executivo, é estreitar laços com um público mais jovem, acompanhando a mudança de comportamento notada pelo mercado de bebidas, em especial do Campari, que tem deixado o posto de bebidas exclusiva de consumidores mais velhos.
"Em um passado recente, o amargor era visto como um problema. E isso não é só em relação ao Campari, várias bebidas tentaram se adaptar, algumas até mudando suas fórmulas. Mas isso está mudando. No Brasil é um movimento recente, mas em outras partes do mundo já acontece há algum tempo", disse. "O NFT traz um frescor, chama a atenção do jovem, e é uma forma de nos conectarmos a esse público mais jovem que agora está interessado em Campari".
Além dos NFTs colecionáveis, que terão tiragem limitada, a empresa também divulgou uma segunda iniciativa que visa conectar a marca aos consumidores, mas neste caso sem a necessidade de comprar um token não fungível. Logo depois do lançamento da coleção "Alchimia di Campari", a empresa continuará sua jornada na Web3 com uma ação na Negroni Week.
Na segunda quinzena de setembro, bares de São Paulo e do Rio de Janeiro que participam do evento disponibilização pôsteres colecionáveis que serão distribuídos a todos os consumidores que comprarem bebidas Campari, e esses pôsteres incluirão um QR Code com acesso gratuito a um NFT. Cada bar terá o seu próprio pôster/NFT, e quanto maior o número de pôsteres e NFTs o consumidor colecionar, melhores serão os benefícios e experiências a que ele terá direito.
Já a coleção "Alchimia di Campari", que tem três níveis de raridade, conta com 489 tokens, que serão negociados a partir de 5 de setembro no site da Campari Blockchain, por valores variáveis — o token mais comum será vendido ao preço fixo de R$ 200, enquanto o mais raro será leiloado, com preço inicial de 1 ETH (cerca de R$ 9 mil na cotação atual).
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