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BTG: cripto será infraestrutura do mercado financeiro e Brasil tem janela de oportunidade

André Portilho, head de digital assets do BTG Pactual, avalia que o mercado brasileiro reúne condições para ser liderança global no setor

BTG Pactual tem investido em iniciativas no mercado cripto (BTG Pactual/Divulgação/Divulgação)

BTG Pactual tem investido em iniciativas no mercado cripto (BTG Pactual/Divulgação/Divulgação)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 29 de maio de 2024 às 15h11.

Última atualização em 29 de maio de 2024 às 15h27.

O Brasil reúne no momento as condições necessárias para se tornar um dos grandes centros globais no mercado de criptoativos, mas precisa aproveitar uma "janela de oportunidade" que se abriu para assumir essa posição e participar do processo que vai tornar a tecnologia cripto a nova infraestrutura do mercado financeiro.

A avaliação foi compartilhada por André Portilho, head de digital assets do BTG Pactual, durante o evento Circle Forum São Paulo nesta quarta-feira, 29. No evento, foi anunciada uma parceria entre o banco e a Circle, empresa responsável pela emissão da stablecoin pareada ao dólar USDC.

Na visão do executivo, o Brasil "já perdeu muitos mercados para outros países pela falta de regulação apropriada e falta de visão apropriada do regulador, e agora é o oposto".

"A agenda do Banco Central forçou muitas instituições a começar a prestar atenção em cripto. Nos Estados Unidos é algo que está sendo mais puxado pelas empresas privadas, e no Brasil essa combinação nos dá um lugar ideal. É uma excelente janela de oportunidade nos próximos dois a três anos", diz.

O executivo ressalta que "temos a regulação avançando, reguladores amigáveis, uma indústria financeira sofisticada, pessoas capacitadas, e, ao olhar os Estados Unidos, eles não têm esse ambiente no momento". Nesse sentido, Portilho acredita que o Brasil tem "chances de ser um dos principais centros para ativos digitais no mundo".

Ele destacou ainda a visão que o BTG Pactual adquiriu conforme avançou na experimentação e no estudo com a tecnologia dos criptoativos. A conclusão foi que essa tecnologia tem "o potencial de revolucionar o mercado financeiro", oferecendo uma infraestrutura mais simples, eficiente e barata para a transferência de valores.

Portilho disse também que, hoje, o BTG enxerga o mercado cripto dividido em duas áreas de atuação: a tecnologia e uma nova classe de ativos. "Precisamos oferecer um acesso a essa nova classe de ativos com os mesmos padrões que já temos no BTG. Estamos no começo do começo. No Brasil, as pessoas usam as criptomoedas de um jeito diferente de outros países. O principal caso de uso é de investimento, com caráter especulativo", comentou.

Porém, "é na tecnologia que os grandes negócios serão construídos, porque ela vai ser a nova infraestrutura do mercado financeiro. É mais simples, ágil, eficiente, mas a adoção é algo que demora. Temos uma visão de oportunidades de médio e longo prazo, como algo que vai mudar os trilhos do sistema financeiro".

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Casos de uso em cripto

Ao mesmo tempo, Portilho avalia que a concretização dessa mudança de infraestrutura, com a migração de ativos para redes blockchain, demanda também a tokenização do dinheiro, seja na forma de stablecoins, moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) e depósitos tokenizados. No caso das stablecoins, o executivo do BTG vê a classe de ativos como uma aplicação de grande potencial no mercado.

"O desafio agora é como passamos do investimento, especulação, para casos de uso reais e melhorar os casos de uso que já temos. Com o Drex, teremos várias novas possibilidades, interagindo com blockchains, mercados no exterior, e as stablecoins vão ter um papel gigante nisso", ressaltou.

O maior ponto para o futuro do mercado, na visão de Portilho, é "ter um caso de uso real. O nosso objetivo é encontrar casos de uso reais para a tecnologia, encontrar a grande melhoria que ela pode oferecer. As coisas no mercado financeiro avançam mais devagar que em outras áreas, e estamos lidando com dinheiro, investimentos, faz sentido ser assim, então é mais uma evolução que revolução, mas para isso precisamos dos casos de uso em que as pessoas vão usar, ver a vantagem mesmo sem entender o que está por trás. É essa capacidade de resolver um grande problema".

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