(Reprodução/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 1 de fevereiro de 2025 às 11h00.
Há alguns meses, a Receita Federal brasileira retomou a divulgação dos dados sobre o mercado de criptomoedas no país. E confesso que eu estava bem ansioso para o fechamento de 2024 e ver que história este "meado" de bull-market tem para contar.
Vale dizer que a Receita Federal é bem legal nesse sentido, porque além de lançar o documento em PDF, eles também liberam o download da planilha. Assim, fica mais fácil de fazer um estudo próprio ou compilados diferentes.
Neste levantamento, como o título diz, o Brasil bateu novos recordes em relação às criptomoedas. Então, vamos discutir esses números!
Não precisava ser um grande especialista para imaginar que o número de operações com criptomoedas no país seria alto em 2024. Praticamente todo o mercado se valorizou, o bitcoin alcançou seu pico em US$ 109 mil, a grande mídia passou a falar mais sobre esta classe de ativos e, claro, internamente na Foxbit, a gente já via o número de negociações crescendo.
Porém, essa visualização de senso comum, que quando apoiada em dados, ganha ainda mais força. E o que vemos é o seguinte:
Em 2024, foram reportados mais de R$ 441 milhões em operações com criptomoedas à Receita Federal. Este é um novo recorde no país e ele supera muito bem a segunda colocação, que foi de R$ 285,3 milhões, em 2023.
Já quando falamos sobre o número de pessoas físicas investindo em criptomoedas, adivinhem: mais um topo histórico. Foram mais de 63,4 milhões de CPFs reportando transações à receita ao longo de 2024, contra 55,2 milhões, também no ano retrasado.
O que me despertou a atenção foi o número de CNPJs no mercado. Foram pouco mais de 1 milhão de empresas declarando operações, ante quase 2,9 milhões, em 2023. Mesmo assim, ainda é bem acima dos 407 mil de 2022.
Apesar de ser apenas uma especulação, parte deste movimento me parece vir da própria regulamentação do mercado.
Com a oficialização das chamadas VASPs (provedores de serviços de ativos virtuais), grandes empresas podem ter simplesmente cortado o intermediário. Assim, em vez de uma única instituição ter cinco agentes, ela mesma absorveu a demanda para se tornar uma VASP.
Outra informação legal que me bateu à porta foi o crescimento das mulheres dentro do mercado de criptomoedas. Quando a gente vasculha na bolsa de valores, esse avanço também existe. Li recentemente, em um levantamento da B3, divulgado pela Forbes, que 25% do número de investidores da bolsa eram mulheres.
Quando falamos de cripto, este volume é um pouco maior, segundo a RFB.
Pelo menos em relação ao número de transações. Em 2024, tivemos 38,09% de público feminino, contra os 21,20% de 2023.
Entretanto, os valores aportados são, de fato, mais "tímidos". De todo o capital investido no ano passado, apenas 15,2% vinham das mulheres.
A mídia, seus amigos, parentes, o mundo todo pode estar falando de bitcoin. Mas, no Brasil, o nome do jogo é outro: stablecoin.
Essa frase pode parecer sacana, mas, calma. O bitcoin é, sim, um ativo muito negociado no país. No ano passado, foi reportada uma movimentação de R$ 54,6 bilhões.
O que é, de certa forma "surpreendente", não é o pico histórico. A máxima aconteceu em 2021, no último bull-market, quando foram declarados mais de R$ 67,8 bilhões.
Mas quando a gente observa o número de compras e vendas de bitcoin, aí sim temos uma máxima histórica, com quase 31,8 milhões de operações, contra os 25 milhões – segundo maior registrado da história, em 2022.
Até fui dar uma olhada em como estava o Ethereum. E o cenário foi bastante parecido. Houve um forte avanço no capital movimentado, com R$ 12 bilhões. Mas também abaixo da máxima histórica de 2021, que foi de R$ 18,3 bilhões.
Já em número de operações... recorde em 2024. 14 milhões de transações, contra o pico de 11,3 milhões, em 2022.
O grande vencedor nessa história é o USDT, a stablecoin lastreada no dólar e emitida pelo Tether.
Os valores bateram o recorde, com R$ 210 bilhões declarados à Receita. Mas bem pouco acima dos R$ 209 bilhões de 2023.
Em contrapartida, o número de operações, sim, apresenta uma disparidade considerável.
Foram 7,4 milhões de movimentações em 2024, antes "singelas" 3,2 milhões, em 2023.
A história que observei olhando para este e outros dados mostra que o apetite do brasileiro por criptomoedas é crescente. Este é o ponto principal.
Me chama a atenção também que o mercado por aqui não esperou o grande “boom” para se movimentar. Então, apesar de termos visto recordes de movimentação em 2024, não havia uma grande diferença em relação a 2023.
Em outras palavras, o bull-market foi antecipado no Brasil, colocando potencialmente os investidores em uma posição de privilégio, em 2024.
Isso mostra para mim como as criptomoedas se popularizaram no país. Mas mais do que isso, como a gente também amadureceu como investidores dentro deste universo.
Por fim, a gente sempre tem a ideia de que o bear-market é o momento em que o mundo todo se esconde. Mas os números mostram que, seja para realizar lucros, vender alguns tokens ou até mesmo comprar mais, este não precisa ser um período de baixa movimentação.
Em vários cenários, 2022, o ano do último bear-market, havia ainda operações consistentes dentro deste mercado.
Antes de encerrar, é claro que este é um levantamento a partir de dados oficiais da Receita Federal. Ou seja, todas as operações que acontecem nas exchanges e são reportadas mensalmente ao órgão – como a própria Foxbit faz.
Mas, vale dizer, que ainda há muito capital girando, dentro do próprio Brasil, a partir de exchanges descentralizadas (DEX) e usuários que, de alguma forma, não realizam este reporte à fiscalização.
Sem juízo de valores aqui, esse disclaimer é mais para dizer que este número de investidores de criptomoedas e volumes transacionados tende a ser maior do que a RFB apresenta em seus relatórios.
Portanto, novamente digo que estamos aqui vivendo um mercado muito inteligente, maduro e crescente.
*João Canhada é fundador da Foxbit, corretora de criptomoedas.
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