(imaginima/Getty Images)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 23 de julho de 2021 às 10h35.
Última atualização em 23 de julho de 2021 às 10h37.
Apesar da queda de preços nos últimos meses, o mercado de criptoativos viu um novo recorde no segundo trimestre de 2021: startups que utilizam a tecnologia blockchain nunca receberam tanto investimento quanto entre os meses de abril e junho. Ao todo, foram 4,38 bilhões de dólares (quase 23 bilhões de reais) nesse tipo de empresa globalmente, inclusive em startups no Brasil.
Os dados, divulgados pela ferramenta de análise CB Insights, indicam um aumento de mais de 51% em relação ao total alocado em startups blockchain no primeiro trimestre do ano, que foi de 2,89 bilhões de dólares (15 bilhões de reais). Já em relação ao segundo trimestre de 2020, o mesmo período no ano passado, o aumento chega a quase 10 vezes - à época, foram 490 milhões de dólares inestidos em startups blockchain.
“O recorde de financiamento da tecnologia blockchain é impulsionado pelo aumento da demanda institucional e do consumidor por criptomoedas. Apesar da volatilidade dos preços de curto prazo, as empresas de capital de risco seguem otimistas com o futuro dos criptoativos como uma classe de ativos convencional e o potencial do blockchain para tornar os mercados financeiros mais eficientes, acessíveis e seguros”, disse Chris Bendtsen, analista sênior da CB Insights.
A Circle, empresa responsável pela stablecoin USDC, a sétima maior criptomoeda do mundo, com mais de 26 bilhões de dólares de valor de mercado segundo o site CoinMarketCap, lidera a lista dos maiores investimentos. A empresa recebeu 440 milhões de dólares em rodada de investimento realizada junto com o anúncio da empresa de que pretende abrir capital.
O segundo maior investimento em startups em blockchain foi na Ledger, que produz carteiras de criptoativos físicas, as chamadas hardware wallets. A empresa recebeu 380 milhões de dólares. Depois, aparecem Paxos (300 milhões de dólares), BlockOne (300 milhões) e a corretora mexicana Bitso (250 milhões), que desembarcou no Brasil em 2021.
O recém-anunciado aporte na corretora cripto FTX, que captou 900 milhões de dólares, aconteceu já no terceiro trimestre do ano e, portanto, fora do período analisado. O investimento de 200 milhões de dólares do Softbank na exchange brasileira Mercado Bitcoin, que se tornou o primeiro unicórnio do setor de criptoativos do país, também será considerado no terceiro trimestre.
O financiamento recorde de empresas ligadas ao mercado de criptoativos demonstra um maior interesse das instituições pelo setor e uma aposta na adoção massiva da tecnologia, e indica que as criptomoedas são vistas por empresas de capital de risco como um terreno fértil para oportunidades e investimentos alternativos.
Para o terceiro trimestre, a expectativa de um novo recorde é grande, não apenas pelo gigantesco investimento na FTX, mas também pelo anúncio da empresa de capital de risco Andreessen Horowitz, que anunciou um novo fundo de 2,2 bilhões de dólares (mais de 11 bilhões de reais) focado apenas em empresas de cripto e blockchain.