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BlackRock vê bitcoin como "diversificador único" e espera crescimento de ETF em 2025

Em entrevista exclusiva à EXAME, head da iShares e de produtos para a América Latina falou sobre potencial da criptomoeda e ETF da gestora

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 23 de janeiro de 2025 às 09h30.

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A BlackRock lançou nesta semana um novo relatório sobre o bitcoin e o seu potencial como investimento, na esteira do aniversário de 1 ano do lançamento dos ETFs do ativo nos Estados Unidos, incluindo o fundo da maior gestora do mercado. E, em entrevista exclusiva à EXAME, Nicolas Gomez, head da iShares e de produtos para a América Latina da BlackRock, compartilhou detalhes sobre a visão da empresa em relação à criptomoeda.

Gomez afirma que o bitcoin é visto pela gestora como um "diversificador único" de portfólios. "É um ativo com pouca correlação e até correlação negativa com o resto do portfólio de muitos investidores. Com isso, o investimento nele permite reduzir os riscos dos portfólios dos investidores", explica.

"Quando pensa nos fundamentos do bitcoin, existe uma oferta limitada, e a base de adoção determina o ritmo de retorno do investimento. É o fundamento do bitcoin e do IBIT [ETF da BlackRock], e isso é muito diferente dos fundamentos de outras classes de ativos, como títulos do Tesouro, ações e commodities", comenta.

O executivo afirma ainda que a alocação de investimentos na criptomoeda de cerca de 1% a 2% do total de um portfólio diversificado padrão seria o equivalente a investir em gigantes de tecnologia como a Meta ou a Nvidia, empresas hoje que são comumente recomendadas por gestoras.

Expectativa e realidade

Gomez destaca que a BlackRock já tinha "expectativas grandes" em torno do seu ETF de bitcoin antes do lançamento, mas o desempenho do fundo foi uma "surpresa positiva". "Quando você vê a história dos ETFs, de cerca de 35 anos, o IBIT foi o ETF com crescimento mais rápido da história, em qualquer métrica".

"Ele chegou a US$ 10 bilhões em ativos sob gestão nos primeiros 50 dias, e em menos de 1 ano chegou a US$ 50. Hoje, o volume negociado dele também já é de US$ 1 bilhão por dia", ressalta. No ano de 2024, o IBIT foi o 3º ETF que mais atraiu investimentos no mercado norte-americano.

Ao mesmo tempo, a gestora também teve outras surpresas. "Quando lançamos o IBIT e pensávamos sobre ele, achávamos que muito do crescimento no início viria de investidores de ETFs, que já investem há um tempo, entendem os atributos e valor em termos de liquidez e eficiência operacional e aí veriam essa nova classe de ativos e investiriam nesses ETFs. Era nosso ponto de partida".

"Nós vimos isso, mas o que mais vimos inicialmente foi investidores tradicionais de bitcoin migrando para os ETFs como um veículo melhor, que lhes dá mais conforto para investimento. Hoje, 75% dos investidores do IBIT estão investindo em um ETF pela primeira vez. São investidores tradicionais de cripto que viram a BlackRock e o ETF, o nosso tamanho, e vieram para o fundo", comenta.

Gomez também acredita que o ETF atraiu investidores por ser uma forma de reunir investimentos em um só lugar, o mercado de ações, permitindo unir investimentos tradicionais e em ascensão. Há, ainda, oportunidades de trading com um spread menor em relação a outras formas de investimento.

"A nossa surpresa foi no sentido de que esperávamos um crescimento puxado por investidores típicos de ETFs. Isso ocorreu, mas não foi o principal", avalia.

O futuro do ETF de bitcoin

Entretanto, o executivo da BlackRock espera que o cenário comece a mudar em 2025: "Acreditamos na hipótese inicial de que investidores tradicionais, gestoras de wealth management e investidores institucionais vão incorporar a exposição ao bitcoin em seus portfólios pelos ETFs".

"E uma classe de ativos nova, é uma jornada. Os fundos de wealth management são mais cuidadosos, eles querem entender quanto do portfólio deveriam investir em bitcoin e ainda não se sentem confortáveis em aconselhar esses investimentos a seus clientes, de investir um pouco", afirma.

Gomez acredita que esses segmentos estão "avançando na jornada de entender os fundamentos do bitcoin, entendendo volatilidade e riscos, e quanto alocar", o que deve resultar em um investimento crescente por parte desses grupos nos ETFs. Hoje, a maior parte dessas gestoras permite investir nos ETFs pelas suas plataformas, mas sem recomendação pelos seus funcionários.

O executivo espera que isso mude neste ano. "Existe uma grande, grande oportunidade para quem não investiu no bitcoin ter uma exposição pequena. E quando pensa no tamanho do bitcoin, ele vale US$ 1,8 trilhões e o IBIT é 3% disso, então vamos continuar vendo investidores nativos de cripto e novos investindo pelo ETF".

Por outro lado, ele afirma que uma melhora no cenário regulatório será essencial para isso, destacando que o próprio surgimento desses ETFs já demonstrou um ambiente regulatório "mais confortável". Sobre o novo governo Trump, ele diz que "não dá para prever o que a administração fará" quanto às criptomoedas, mas espera que "a direção seja de uma regulação mais amigável".

A visão da BlackRock é que, enquanto mudanças regulatórias não ocorrerem, a gestora não lançará ETFs de outras criptomoedas. Será preciso, ainda, observar a evolução de casos de investimento e demanda no mercado por essas outras moedas digitais.

Sobre a disponibilização dos BDRs do ETF de bitcoin da BlackRock no Brasil, Gomez avalia que o país tem "a demografia, adoção digital e adoção de cripto para ser um grande mercado. Temos visto um grande interesse pelo IBIT no Brasil, e esperamos mais crescimentos".

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