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Bitcoin vai subir? Entenda como decisão do Fed pode afetar preço da criptomoeda

Banco central dos Estados Unidos conclui nova reunião sobre aumento de juros nesta quarta-feira, o que deve trazer volatilidade ao mercado

Decisões de juros do Fed têm impactado o preço do bitcoin (Reprodução/Reprodução)

Decisões de juros do Fed têm impactado o preço do bitcoin (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 2 de maio de 2023 às 16h30.

Última atualização em 2 de maio de 2023 às 16h52.

O Federal Reserve conclui na próxima quarta-feira, 3, uma nova reunião sobre aumento de juros que deverá ser importante para o futuro do preço do bitcoin. A nova decisão do banco central dos Estados Unidos ocorrerá após uma nova falência bancária no país, e conforme o mercado busca antecipar qual será o próximo movimento da autarquia no combate à inflação.

Nas últimas semanas, o mercado convergiu ainda mais na expectativa de um Fed mais brando no ciclo de alta de juros. Um levantamento do CME Group mostra que 86,7% dos investidores apostam em uma alta de 0,25 ponto percentual nos juros, que chegariam ao intervalo de 5% a 5,25%. Por isso, o maior foco do mercado estará nos posicionamentos da autarquia que serão divulgados junto com a decisão, e poderão dar pistas sobre seus próximos passos.

E o futuro do ciclo de alta de juros deve impactar diretamente o bitcoin e todo o mercado de criptomoedas. O mais recente mercado de baixa do setor conhecido como inverno cripto começou exatamente com o ciclo atual de elevação das taxas, mas as expectativas sobre sua suavização também ajudaram o segmento a ter um primeiro trimestre de 2023 positivo, com alguns investidores apostando em um início de "primavera cripto".

Qual é o futuro do preço do bitcoin?

Atualmente, a maior criptomoeda do mercado tem variado entre cotações em torno dos US$ 30 mil, mas ainda abaixo dessa marca. Nesta terça-feira, 2, ela está cotada a US$ 28.607,81, de acordo com dados da plataforma CoinGecko. Mas o ativo tem mostrado volatilidade. Nos últimos sete dias, ele acumula alta de 4,1%. Mas, considerando os últimos 14, há recuo de 2,8%. No acumulado do ano, a alta é de mais de 60%.

Alexandre Ludolf, diretor de investimentos da QR Asset, considera que "apesar de ser muito difícil o Fed surpreender o mercado e não entregar a alta de 0,25 ponto percentual na reunião dessa semana, a curva de juros já contempla probabilidade de quedas de juros nas reuniões subsequentes, por isso o comunicado será bastante importante para direcionar os investidores sobretudo à luz do colapso de mais um banco regional americano no fim de semana, o First Republic Bank".

"Nesse sentido, continuamos a acreditar na performance superior de tecnologia em relação aos ativos tradicionais. No ano, os criptoativos e a [bolsa de] Nasdaq mostram performances melhores importantes em relação ao S&P e outros ativos de risco", ressalta Ludolf. Para ele, esse resultado confirma a visão de que o bitcoin tem sido usado como um ativo de proteção dos "problemas bancários e geopolíticos" ao redor do mundo, em uma espécie de "ouro digital".

Ele pontua ainda um aumento da correlação de preço entre o ouro e a maior criptomoeda do mercado, o que reforça essa visão. "Estamos vivendo um momento muito atípico no mercado financeiro mundial e faz mais sentido ter um pouco de cripto do que não ter um pouco de cripto", defende.

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Já Ayron Ferreira, analista-chefe da Titanium Asset, observa que "o momento mais aguardado será o pronunciamento do [presidente do Federal Reserve] Jerome Powell, de quem o mercado espera ouvir a opinião do banco sobre o momento do processo de ajuste monetário e a trajetória da inflação, em busca de sinais sobre a continuidade ou não das elevações das taxas".

"Os mercados seguem na expectativa por um sinal no horizonte sobre o fim do processo de ajuste monetário nos Estados Unidos", diz Ferreira. Após a onda de falências de bancos, o mercado se dividiu entre quem aposte em um fim do ciclo de alta de juros já em maio e quem espera outras elevações, mesmo que pequenas, nos próximos meses. O primeiro cenário seria mais positivo para o preço do bitcoin e de outras criptomoedas, incentivando fluxos de investimento para ativos considerados de risco. Indicações do Fed nesse sentido podem fazer com que os criptoativos subam mais, enquanto sinalizações na segunda direção podem levar a quedas.

Nesse sentido, o Fed deverá ter no radar os desdobramentos da falência do First Republic Bank e a compra pelo JPMorgan, que novamente mostraram os impactos negativos da alta de juros para o setor bancário e intensificaram temores de uma crise nesse mercado. Muitos investidores consideram que esse perigo pode levar o Fed a intensificar sua postura mais suave e até encerrar o ciclo nesta semana, mas outros seguem céticos quanto a isso.

João Galhardo, analista do BTG Pactual, ressalta que a reunião do Federal Reserve nesta semana deve trazer volatilidade para o mercado, com fortes variações de preços dependendo das diferentes interpretações sobre os próximos passos da autarquia.

Mesmo assim, "a fragilização do cenário bancário tem sido precificada positivamente pelo mercado de criptomoedas, que tem sido visto por investidores como um instrumento de fuga do mercado tradicional". Com isso, uma continuidade dos problemas no setor financeiro pode ajudar o bitcoin de dois jeitos: reforçando a tese do ativo como proteção de investimentos e possivelmente suavizando ainda mais a postura do Fed e atraindo investimentos.

Galhardo ressalta que "é difícil" saber no momento se a alta na quarta-feira será a última pelo Fed, mas que a autarquia "não teria muito mais espaço para altas nos juros sem desestabilizar ainda mais o cenário bancário já fragilizado". Por isso, a elevação "pode fortalecer ainda mais a tese de cripto como um instrumento de fuga do mercado tradicional fragilizado, sendo um potencial catalisador de altas".

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