O bitcoin segue operando em um preço acima dos US$ 30 mil nesta quarta-feira, 12, mantendo o seu melhor patamar desde junho de 2022 em meio ao otimismo do mercado. Os investidores repercutem os dados de inflação nos Estados Unidos referentes a março, mas também seguem atentos à implementação da nova atualização da Ethereum, a Shanghai.

De acordo com dados da plataforma CoinGecko, a maior criptomoeda do mercado opera com alta de 0,3% nas últimas 24 horas, cotada a US$ 30.197. O mercado cripto como um todo tem leve queda, de 0,4%, mas segue com uma capitalização acima de US$ 1 trilhão. Já o ether acumula valorização de 0,7%, cotado a US$ 1.921, no melhor preço em mais de oito meses.

O dado do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos referente a fevereiro ajuda a manter esse movimento de alta. O indicador teve aumento de 0,1% na variação mensal, abaixo do esperado pelo mercado, reforçando a perspectiva de desaceleração da inflação na maior economia do mundo.

O cenário dá mais forças para apostas de que o Federal Reserve será mais brando nos próximos passos do seu ciclo de alta de juros, inclusive reforçando previsões de que a próxima reunião pode ter apenas a continuidade da taxa atual. Além disso, investidores seguem acreditando na possibilidade de um corte de juros já no segundo semestre.

O cenário é positivo para o bitcoin e outras criptomoedas, já que torna a renda fixa americana menos atrativa e reduz temores sobre uma possível recessão na maior economia do mundo. Especificamente no caso do bitcoin, especialistas acreditam que a crise no sistema bancário reforça a tese da criptomoeda, que surgiu como uma alternativa descentralizada no sistema financeiro, e por isso está atraindo investidores.

Outros analistas apontam ainda uma possível mudança de visão no mercado, com a ideia de que a maior criptomoeda do setor seria um "ouro digital" ganhando mais adeptos.

Fernando Pereira, gerente de conteúdo na Bitget, observa que "apesar do CPI ter vindo abaixo do esperado, o que mostra que os níveis de inflação estão controlados no momento, isso já era algo que o mercado vinha precificando. Não acredito que esses dados tragam uma pressão compradora suficiente para fazer o bitcoin romper a barreira dos US$31 mil, e sim uma correção para o restante do mês".

Já Ayron Ferreira, analista-chefe da Titanium Asset, diz que, mesmo com um CPI abaixo do esperado indicando que o pico de inflação pode já ter passado, "ainda não da pra ter certeza de que o Fed terá disposição em encerrar o processo de ajuste monetário. O Fed deve levar em consideração esse recuo da inflação, mas como está sendo ouvido por parte dos próprios membros do BC americano, eles podem considerar ainda cedo para declarar uma vitória contra a inflação e por isso necessitar de dados mais consistentes de equilíbrio nos preços para emitir mensagens de fim do aperto monetário". Por isso, enquanto essa confirmação de mudança de postura não ocorrer, as criptomoedas ainda devem ter altas contidas.

Atualização da Ethereum

O ether, criptomoeda nativa da Ethereum, tem tido um desempenho positivo nos últimos dias mesmo com a cautela de investidores antes da sua próxima grande atualização, a Shanghai. Nos últimos sete dias, ele acumula uma alta de 5,9%, e chegou a ter o melhor preço em oito meses.

A atualização foi marcada para a próxima quarta-feira, 12, e afetará o funcionamento do staking, modalidade em que o ether é depositado por um usuário da rede para que ele possa se tornar um validador de transações. Em troca, ele recebe outras quantidades de ether como recompensa.

Os desenvolvedores responsáveis pela Shanghai criaram uma fila para processar os pedidos de saque, e também estabeleceram uma quantidade máxima que poderá ser cada diariamente no blockchain. A ideia é que essa medida reduza o potencial de impacto das mudanças no preço do ether. Mesmo assim, o ativo deve ter volatilidade na semana, mas o sucesso da atualização tende a beneficiar o mercado, incluindo o bitcoin.

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