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Bitcoin perde de ações brasileiras em abril, mas mantém destaque no acumulado de 2023

Criptomoeda valorizou mais de 60% entre janeiro e abril deste ano, superando opções mais tradicionais de investimento no mercado

Bitcoin valorizou mais de 60% nos primeiros meses de 2023 (Reprodução/Reprodução)

Bitcoin valorizou mais de 60% nos primeiros meses de 2023 (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 10 de maio de 2023 às 17h00.

Última atualização em 10 de maio de 2023 às 17h07.

O bitcoin é um dos ativos que mais valorizaram nos primeiros quatro meses de 2023. Um levantamento da plataforma de investimentos TradeMap mostra que, de janeiro a abril, a criptomoeda teve ganhos de mais de 67,17%, superando com folga outras aplicações tradicionais do mercado.

O levantamento mostra que o segundo maior ganho no mesmo período foi do BDRX, um índice da bolsa de valores brasileira que agrupa o desempenho dos recibos de ações negociados na B3 (BDRs, na sigla em inglês). Ele teve valorização de 8,2%. Já o terceiro lugar ficou com o Índice de Mercado Anbima, IMA, que subiu 5,01%.

O desempenho do bitcoin também superou o CDI, a poupança e o ouro, além de aplicações que acumulam perdas, e não ganhos, nos primeiros meses de 2023. A maior desvalorização foi das small caps — empresas menores da bolsa — que perderam 7,78%. Em seguida, vem o Ibovespa — maior índice de ações do mercado brasileiro — com queda de 4,83%, e a taxa de câmbio entre o dólar e o real, que recuou 3,88%.

Para especialistas, a valorização do bitcoin está ligada à mudança de perspectiva do mercado quanto ao ciclo de alta de juros nos Estados UnidosOs investidores passaram a projetar uma postura mais branda do Federal Reserve  reforçada após as recentes falências bancárias , com altas menores e possíveis cortes já no segundo semestre.

O cenário favorece ativos considerados mais arriscados, caso das criptos mas também do mercado de ações no Brasil e outros países, já que torna a renda fixa americana menos atrativa e reduz temores sobre uma possível recessão na maior economia do mundo. Além disso, outros analistas apontam mais motivos que podem estar ajudando o mercado cripto.

Especificamente no caso do bitcoin, especialistas acreditam que a crise no sistema bancário reforça a tese da criptomoeda, que surgiu como uma alternativa descentralizada no sistema financeiro, e por isso está atraindo investidores. Outros apontam uma possível mudança de visão no mercado, com a ideia de que o bitcoin seria um "ouro digital" ganhando mais adeptos devido a algumas características da criptomoeda, em especial sua oferta finita e limitada, que lhe confere um caráter deflacionário.

Bitcoin vs. ações

Apesar dos ganhos, porém, o bitcoin ficou bem distante das ações brasileiras de melhor performance em abril. Outro levantamento do TradeMap, feito a pedido da EXAME, mostra que as ações que mais subiram em abril tiveram desempenho muito superior ao da criptomoeda: enquanto ela subiu pouco mais de 1%, a ação com maior alta, da BR Properties (BRPR3) teve alta de 255,91%.

A maior criptomoeda do mercado também ficou distante das ações que completam as cinco maiores valorizações: Multilaser (MLAS3, com alta de 45,26%), IRB Brasil (IRBR3, com avanço de 41,50%), Aeris (AERI3, com valorização de 33,05%) e Light (LIGT3, que subiu 31,97%). Com isso, o ativo ficou distante até das 50 maiores altas entre ações da B3.

Já considerando a variação acumulada entre janeiro e abril, o bitcoin perde apenas para a BRPR3 e para as ações da Cury Construtora (CURY3) e da Cielo (CIEL3), que acumulam ganhos, respectivamente, de 229,61%, 84,59% e 69,16%. A criptomoeda supera o desempenho de todas as outras ações atualmente negociadas na bolsa de valores brasileira.

O principal motivo para a discrepância entre os desempenhos no acumulado do ano e apenas em abril foi a forte lateralidade do bitcoin e do mercado de criptomoedas como um todo no último mês. Entre os fatores para isso, estão a intensificação da investida regulatória contra empresas do setor em abril e, principalmente, as incertezas sobre os próximos passos da política de juros dos Estados Unidos.

O mercado aguarda uma sinalização clara do Federal Reserve sobre uma pausa no ciclo e quando esperar possíveis cortes, mas a autarquia segue afirmando que apenas terá essas definições nas próximas reuniões e dependendo dos próximos dados sobre a economia do país. Até lá, especialistas esperam que a maior criptomoeda do mercado mantenha um padrão de estabilidade na faixa entre US$ 27 mil e US$ 30 mil.

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