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Bitcoin e Ethereum estão entre criptos com maiores altas em março; veja ranking

Criptomoedas tiveram primeiro trimestre positivo, apoiadas em uma mudança de perspectivas sobre ciclo de juros nos EUA

Criptomoedas tiveram recuperação no primeiro trimestre de 2023 (Reprodução/Reprodução)

Criptomoedas tiveram recuperação no primeiro trimestre de 2023 (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 5 de abril de 2023 às 15h44.

O mercado de criptomoedas teve um primeiro trimestre positivo, marcado por uma forte recuperação e ganhos expressivos, com o mês de março sendo um destaque para o setor neste início de 2023. Para a gestora QR Asset, o mês "coroou um ótimo primeiro trimestre" para o segmento, que teve o bitcoin - o seu maior e mais famoso ativo - como destaque.

"Março foi um mês positivo para o mercado cripto, com boa parte das maiores altas ocorrendo entre os melhores ativos por capitalização de mercado", destacou Theodoro Fleury, gestor da QR Asset, em um relatório divulgado pela empresa. A valorização coincidiu com a crise bancária nos Estados Unidos, que fez o mercado rever suas projeções para o ciclo de alta de juros do país e projetar um Federal Reserve mais brando, algo benéfico para o setor cripto.

Dentre as 40 maiores criptomoedas em capitalização total, o token XRP, da Ripple, foi o que mais valorizou em março, subindo 39,45%. Fleury atribuiu o movimento a "decisões favoráveis na justiça em seu longo processo contra a SEC, equivalente norte-americano da CVM. Nesse caso específico, os advogados da Ripple Labs conseguiram uma jurisprudência baseada no caso recente da Voyager Digital, em que as objeções da SEC foram derrubadas na justiça".

"Com a decisão, o token XRP, que vinha se mostrando inferior à média do mercado desde o início do ano, teve forte alta na última semana de março, encerrando o mês como ativo de melhor performance", explicou o gestor. Apesar do processo ainda não ter terminando, ele vai ser responsável por definir se o XRP, e outras criptomoedas semelhantes, podem ou não ser considerados valores mobiliários e entrarem no guarda-chuva regulatório da SEC.

O segundo lugar do ranking ficou com o XLM, ligado ao protocolo descentralizado Stellar. Segundo o gestor da QR Asset, o token "tem forte correlação com o token XRP e, desta vez, não foi diferente, beneficiando-se da forte performance deste último. Vale lembrar que ambos os protocolos foram fundados pela mesma pessoa".

Já o bitcoin assumiu a terceira posição, registrando uma valorização mensal de 19,98%. Fleury atribuiu a alta da criptomoeda à quebra de bancos nos Estados Unidos, o que "aumentou consideravelmente a probabilidade de
interrupção do ciclo de alta da taxa de juros americana antes do previsto", beneficiando o ativo.

"Além disso, a tese de desintermediação e custódia própria de ativos ganhou força com a onda de desconfiança que se abateu sobre o sistema bancário global. Vale lembrar que, para além da situação dos bancos americanos, o Credit Suisse foi adquirido pelo seu rival UBS, em operação facilitada pelas autoridades suíças, que viam risco significativo de uma possível crise de liquidez no banco adquirido", ressalta.

Com uma alta de 10,71%, o ether ficou na quarta posição, enquanto a ada, do blockchain Cardano, ficou na quinta, com valorização de 10,6%. Os números mostram, para o gestor, que "a alta de março foi bastante concentrada nos ativos considerados “blue chips” do ecossistema. Todos eles estão, ou já estiveram, no passado, entre os dez maiores por capitalização de mercado, o que mostra uma possível retomada do interesse institucional pela classe de ativos".

"A Ethereum, especificamente, tem um upgrade importante de sua rede marcado para o dia 12 de abril, onde os saques dos tokens que estão em staking vão poder ser realizados. Há muita expectativa para o evento, mas não há consenso sobre a direção que o ativo deve tomar no curto prazo", destacou Fluery, citando a atualização Shanghai.

As criptomoedas com piores desempenhos em março foram o OKB, token nativo da corretora de mesmo nome, com queda de 20,8%, o Lido DAO, que recuou 20,3%, o VET, cripto da VeChain, que perdeu 15,1%, e os ativos Filecoin e Cronos, que desvalorizaram, respectivamente, 14,4% e 13,5%. Em geral, os movimentos refletiram correções e realizações de lucros após altas em outros meses.

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Melhores cripomoedas no trimestre

Já na variação trimestreal, a QR Asset relatou que o melhor desempenho foi da criptomoeda STX, que é nativa do blockchain Stacks e subiu 322,43%. "O Stacks é um protocolo que permite programação de smart contracts com settlement na rede Bitcoin", explica Fleury. A combinação de um forte desempenho do bitcoin com o lançamento de tokens não-fungíveis (NFTs) vinculados à rede, o Ordinals, acabou beneficiando o projeto, junto com seu registro junto à SEC.

O segundo lugar ficou com o APT, token nativo do blockchain Aptos, que valorizou 221,02%. "Não vimos ao
longo do trimestre nenhum motivo específico para a alta tão expressiva do ativo, mas podemos citar alguns fatos envolvendo a blockchain que podem estar associados ao movimento", comenta Fleury.

"A Aptos foi lançada com muito hype nos ambientes especializados, por conta do time de ex-integrantes da Meta por trás do projeto, mas pegou um cenário de mercado muito turbulento. A melhora do ambiente macro para investimento em criptoativos pode ter favorecido a alta do ativo. Em segundo lugar, observamos um forte volume do ativo contra o Won coreano em exchanges situadas no país, especialmente no mês de janeiro. É sabido que os sul-coreanos são extremamente agressivos em seus investimentos de risco e possuem apetite para ativos especulativos", destaca.

O terceiro lugar ficou com o IMX, criptomoeda da rede Immutable X, que subiu 187,7% após o anúncio de uma parceria do projeto com o blockchain Polygon para desenvolvimento de jogos. O GRT, do protocolo The Graph, valorizou 153,14%, apoiado na popularidade de projetos de inteligência artificial.

Fechando a lista, o Lido Dao valorizou 146,71%. Na visão de Fleury, protocolos como o do Lido "tendem a ganhar força com o upgrade Shanghai da rede Ethrereum e, consequentemente, têm sido uma das narrativas mais fortes no ecossistema cripto até agora em 2023".

"O primeiro trimestre foi amplamente favorável para o setor, e talvez o único destaque negativo no período tenha sido a perseguição regulatória que acontece neste momento nos Estados Unidos. Por esse motivo, e ainda que com variações positivas no acumulado do trimestre, tivemos ativos como Uniswap (UNI), seu par Pancake Swap (CAKE) e até tokens de representativos de blockchains proof-of-stake, como Cosmos (ATOM), entre as piores performances do trimestre até agora", avalia o gestor.

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