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Bitcoin está no início do ciclo de alta e pode terminar 2024 em US$ 90 mil, diz CEO da Bitget

Em entrevista exclusiva à EXAME, Gracy Chen falou sobre volta das criptomoedas meme e uso crescente de stablecoins no mercado

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 20 de setembro de 2024 às 14h05.

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Apesar de ter batido um novo recorde de preço neste ano, o bitcoin está apenas no início do seu ciclo de alta e pode voltar a ter fortes valorizações até o fim de 2024. É o que avalia Gracy Chen, CEO da Bitget, em uma entrevista exclusiva para a EXAME diretamente de Singapura, palco nesta semana do evento Token 2049.

Na visão de Chen, o momento atual da criptomoeda é semelhante ao do segundo semestre de 2019 e início 2020: "Era, basicamente, um momento de espera por uma maior exposição ao ativo e por uma alta no preço do bitcoin. No momento, ele varia entre a casa dos US$ 50 mil e US$ 70 mil, principalmente por razões macroeconômicas".

As duas principais causas nesse âmbito, segundo a executiva, são o estágio ainda inicial do ciclo de cortes de juros dos Estados Unidos e a espera pelo resultado das eleições presidenciais no país. O primeiro elemento, porém, já começou a mudar, com o Federal Reserve iniciando nesta semana o ciclo de cortes. A tendência histórica nesse cenário é de "o dinheiro fluir para ativos mais arriscados, incluindo as criptomoedas".

Já no caso das eleições, Chen explica que o pleito "vai decidir como os Estados Unidos vão agir em termos de regulação. Pessoalmente, acho que [o ex-presidente Donald] Trump seria mais amigável para o setor que [a vice-presidente Kamala] Harris".

"Ainda acho que o bitcoin está em um início do mercado de alta. Ele pode atingir US$ 90 mil no fim deste ano ou início do próximo ano", projeta.

Das apostas às criptomoedas meme

Questionada sobre possíveis impactos para o mercado de criptomoedas com o avanço cada vez maior das chamadas bets, Chen pontua que, no âmbito de cripto, as apostas têm se concentrado fortemente "no que acontece nos Estados Unidos", indo das eleições ao mundo dos esportes e dos famosos, "o que não é um mercado que estamos mirando".

"Acho que há uma lacuna. Pode ter pessoas interessadas nas duas [bets e cripto] ou testando os dois mercado, mas não estamos mirando no mesmo grupo de pessoas", ressalta. Há, ainda, o retorno das criptomoedas meme, que voltaram a atrair capital e atenção de investidores em 2024 mesmo com a alta volatilidade e possíveis golpes.

"Esses ativos estão subindo, mas não acho que é a participação de mercado deles que está aumentando. São as altcoins [criptomoedas alternativas ao bitcoin] que estão diminuindo a participação. A maior parte delas está tendo um desempenho pior do que o esperado, então acho que a temporada de altcoins está diminuindo. As memecois são as únicas altcoins com desempenho realmente bom", diz.

Chen pontua que "muitas pessoas podem criar memecoins facilmente, mas existem poucas grandes memecoins, como Pepe, Doge, Shiba, então é algo que estamos prestando atenção, mas pensando como um investidor ou desenvolvedor, ainda gostaria que tivesse mais pessoas construindo algo que é necessário para os usuários, com demanda, e com valor de longo prazo maior".

Nesse sentido, uma área que a CEO da Bitget considera promissora é a intersecção entre criptomoedas e inteligência artificial: "Não acho que IA e a Web3 são muito diferentes. Existem muitas sinergias, mas existem muitos projetos que não estão usando Web3, o que é ok se ele não precisa do token. Pode ter um pouco de competição por dinheiro e talento, mas estamos acompanhando".

Brasil e stablecoins

A CEO da Bitget pontua que, hoje, o Brasil é o "mercado número 1 da América Latina. Os usuários têm um padrão diferente, são mais sofisticados mesmo sendo de varejo, e são mais profissionais, tanto traders como os com alto patrimônio". No caso da corretora, o foco tem sido principalmente em investidores de longo prazo e institucionais.

Chen pontua ainda que o alto uso de stablecoins tanto no Brasil quanto na América Latina mostra uma "tendência das stablecoins terem uma fatia de transações cada vez maior. Elas já são a 'aplicação matadora' do mundo cripto, com um fluxo de aportes elevado".

Na visão da executiva, porém, ainda falta um "fator disruptivo" para que a USDT perca parte da sua dominância no segmento, que supera a casa de 40%. Isso ponderá depender tanto de possíveis problemas internos no projeto quanto o desenvolvimento de projetos novos que consigam apresentar diferenciais para atrair investidores. Até o momento, porém, nenhuma das duas opções se concretizou.

Mesmo assim, o cenário de forte adoção do bitcoin, stablecoins e outras criptomoedas no Brasil e na América Latina difere de um grande mercado: a China. O país proibiu os investimentos em criptomoedas há alguns anos, e Chen não espera uma mudança tão cedo, mesmo após a aprovação de ETFs de bitcoin e ether em Hong Kong neste ano.

"A questão que tínhamos era: com o lançamento dos ETFs e de corretoras de criptomoedas em Hong Kong, o mercado cripto vai ter mais acesso à China? E a conclusão é que não. Ao menos no curto prazo, o governo ainda não tem um interesse em criptomoedas", afirma.

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