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Bitcoin completa 14 anos em queda de 75% desde o recorde, mas com histórico de recuperação

Criptomoeda que marcou o início da digitalização financeira completa 14 anos com resiliência em meio a quedas e falências no universo cripto

Primeiro bitcoin foi minerado em 3 de janeiro de 2009 (Reprodução/Unsplash)

Primeiro bitcoin foi minerado em 3 de janeiro de 2009 (Reprodução/Unsplash)

O bitcoin, primeira criptomoeda lançada no mundo, completa 14 anos de existência nesta terça-feira, 3. Nesta mesma data em 2009 foi “minerado” o primeiro bloco da rede que abriga o bitcoin, moeda virtual que viria a fazer história para a digitalização financeira, mas que atualmente se encontra 75% abaixo de seu recorde de preço.

Considerada a primeira aplicação bem-sucedida e em massa da tecnologia blockchain, o bitcoin estreou em 3 de janeiro de 2009 como um protesto ao sistema financeiro vigente, que passava por uma de suas maiores crises na época.

O bloco gênese marca a estreia da primeira criptomoeda do mundo, pois, ao funcionar a partir de uma rede blockchain, as transações em bitcoin compõem “blocos”. Estes são, neste caso, “minerados” utilizando o mecanismo de consenso da prova de trabalho (PoW).

O perfil do Twitter “Documenting Bitcoin” publicou um vídeo mostrando as linhas de código do primeiro bloco se desenrolando:

Minerado por Satoshi Nakamoto, a personalidade anônima por trás da criação do bitcoin, o “bloco gênese”, como ficou conhecido o primeiro bloco da rede Bitcoin, incluía uma mensagem bastante significativa para a interpretação dos motivos que levaram à sua criação.

(The Times)

“Chanceler está prestes a conceder um segundo resgate para os bancos”, dizia a notícia do jornal The Times no dia 3 de janeiro de 2009.

Satoshi Nakamoto, que até hoje permanece anônimo e ninguém sabe se é um homem, mulher ou um grupo de pessoas, sumiu em 2011 deixando uma carteira recheada de bitcoins que viriam a valer até US$ 69 mil sem levar nenhum lucro em cima de seu projeto.

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Digitalização do dinheiro

O bitcoin se tornou um importante protagonista do movimento de digitalização do dinheiro, que segue o boom da internet nos anos 2000.

“A internet trouxe consigo uma série de modificações na vida cotidiana. Os diversos protocolos desenvolvidos na internet alteraram profundamente as relações humanas, o SMTP possibilitou o surgimento dos e-mails (tornando possível o envio de mensagens para qualquer parte do mundo), o FTP permitiu o envio de arquivos pela internet e o HTTP possibilitou acesso a conteúdos em massa”, comentou Lucas Costa, analista técnico do BTG Pactual e especialista em tecnologia blockchain pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

“No aspecto econômico, parecia impossível transacionar valores na internet sem um agente central e alguns autores chegavam a questionar a possibilidade da privacidade dessas transações – segundo Tapscott (2016), ‘a tecnologia não cria prosperidade mais do que destrói a privacidade’. O surgimento do bitcoin mudou o jogo e foi uma resposta forte à crise de confiança no sistema econômico que ocorreu em 2008”, acrescentou Costa, em entrevista à EXAME.

A aplicação da tecnologia blockchain possibilitou que o bitcoin fosse transacionado de forma 100% digital e segura, evitando ainda o problema do gasto duplo, um dos maiores impasses para a criação de um dinheiro totalmente digital na época.

Depois do bitcoin, outras criptomoedas foram criadas em suas mais diversas formas, incluindo as que replicam o valor de moedas fiduciárias, como o dólar e o real, chamadas de stablecoins. Agora, bancos centrais em todo o mundo pesquisam formas de aplicar a tecnologia para as moedas que emitem, e no Brasil, o Real Digital está em desenvolvimento.

“A forma que o blockchain foi construído tornou matematicamente vantajoso o comportamento honesto, permitiu a privacidade sem perder a autenticidade e iniciou uma revolução tecnológica. Ainda não conseguimos imaginar todos os benefícios que o blockchain pode nos trazer e discutir apenas o preço parece algo muito pequeno frente ao seu potencial”, disse Lucas Costa.

(Mynt/Divulgação)

Queda de 75%

Apesar do sucesso em termos tecnológicos, nem toda a trajetória do bitcoin foi feita apenas de altos, mas também de muitos baixos. Considerado um ativo de alta volatilidade, sua cotação disparou e despencou por diversas vezes ao longo destes 14 anos.

A criptomoeda que surgiu para ser “apenas” um protesto contra o sistema financeiro vigente, se tornou a maior criptomoeda do mundo com valor de mercado trilionário e uma máxima histórica de US$ 69 mil.

Atualmente cotada em US$ 16.638, o bitcoin apresenta queda de 75% desde novembro de 2021, quando atingiu sua máxima histórica. Uma série de fatores podem ser os “culpados”: o estouro da guerra entre Rússia e Ucrânia, medidas de bancos centrais para conter a inflação e a falência de um conjunto significativo de empresas do setor. Com um domínio de 38,3% do mercado cripto, o bitcoin tem valor de mercado atual em US$ 320 bilhões.

“O último ano foi desafiador e os criptoativos são percebidos pelo mercado como mais arriscados, assim como as grandes empresas de tecnologia. As perspectivas pela ótica da especulação ainda são ruins e não sabemos ao certo qual o preço justo do bitcoin, mas sabemos que os seus impactos são irreversíveis no mercado financeiro e no mundo da tecnologia”, comentou Lucas Costa à EXAME.

Enriquecendo alguns de seus investidores mais fiéis, que apostaram no projeto logo no início, o bitcoin também gerou perdas significativas em seus 14 anos de história. Não só com os altos e baixos de sua cotação, mas conforme usuários foram aprendendo a utilizar a tecnologia e as corretoras, carteiras digitais e frases semente que as acompanham.

No entanto, os últimos anos marcam a entrada de grandes empresas no universo cripto. Grandes bancos, como JPMorgan e BTG Pactual desenvolvem iniciativas relacionadas ao bitcoin e aos criptoativos em geral. Além disso, empresas de fora do mundo financeiro também apostam em projetos no setor, como Tesla, Mercado Livre, Tiffany, Twitter e Gafisa.

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