Criptomoeda é cotada na faixa dos US$ 20.883 (D-Keine/Getty Images)
Contando com mais de 20 mil ativos, o mercado de criptomoedas inicia a terça-feira, 26, em queda. Perdendo 5,1% de sua capitalização de acordo com dados do CoinGecko, as criptos sofrem os impactos negativos tanto de fatores internos quanto externos.
Isso porque nos Estados Unidos, as expectativas de um novo aumento de 0,75% na taxa de juros do país nunca estiveram maiores. Na próxima quarta-feira, 27, ocorre a reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (FOMC), conhecida como “superquarta”, que deverá definir as medidas tomadas para combater a inflação recorde no país.
Para as criptomoedas, aumentos na taxa de juros dos EUA se mostraram historicamente negativos, causando um movimento de fuga dos ativos de risco em geral. Segundo o analista-chefe da Titanium Asset Management, Ayron Ferreira, o preço de criptomoedas como o bitcoin já estaria reagindo à possibilidade de aumento na taxa de juros.
A principal criptomoeda inicia esta terça-feira, 26, em queda de 4,5%, cotada a US$ 20.883, de acordo com dados do CoinGecko. “O mercado cripto e os índices globais tendem a seguir sem uma direção única até que a decisão de taxa de juros nos EUA saia, amanhã. A reunião do comitê começa hoje e é aguardado que a autoridade suba a taxa de juros em pelo menos 0,75 pontos base”, comentou Ayron.
“Uma eventual alta mais pesada, de 1 ponto, ou seja, uma postura mais agressiva do Fed, deve trazer algum estresse aos mercados. Por outro lado, se a decisão vier acompanhada de um discurso mais brando, o mercado deve reagir positivamente”, afirmou o especialista, analisando as possibilidades de acordo com o que será acordado na reunião.
Apesar da queda significativa do bitcoin de quase 56% em 2022, alguns investidores ainda obtiveram lucro com a venda de suas posições. É o caso da Tesla, que anunciou na última semana a venda de mais de US$ 930 milhões em bitcoin, o equivalente à 75% de seu antigo patrimônio na criptomoeda.
Foram obtidos US$ 64 milhões em lucro e a Tesla continua a segunda empresa de capital aberto que mais investe em unidades de bitcoin, de acordo com dados da própria montadora e do Bitcoin Treasuries.
Por outro lado, questões internas do mercado cripto também podem estar impactando o preço dos principais ativos. A Coinbase, atualmente a terceira maior corretora de criptomoedas do mundo, estaria sendo investigada pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) por uma suposta oferta irregular de ativos, segundo a Bloomberg.
“Ontem, estressou o mercado a informação da investigação da SEC sobre a Coinbase a respeito da negociação de valores mobiliários em sua plataforma sem a devida diligência regulatória. Não é de hoje que a Coinbase está na mira da SEC, ainda há o caso de suspeitas sobre a utilização de informações privilegiadas por parte de um ex-funcionário da corretora”, pontuou Ayron Ferreira, da Titanium Asset Management.
De acordo com o analista-chefe, investidores devem ficar atentos a estes casos. “Este, aliás, é um driver que deve ficar cada vez mais no radar dos investidores e usuários de criptoativos, conforme a SEC e outros órgãos reguladores estabelecem normas sobre o registro e negociação de tokens e se irão classificar essa nova classe de ativos como valores mobiliários, commodities ou títulos financeiros”, afirmou.
Enquanto a tentativa de reversão de tendência do bitcoin falhou e a principal criptomoeda continua com perspectivas de novas quedas no médio prazo, segundo Lucas Costa, analista técnico do BTG Pactual, o ether pode voltar a subir em breve.
Em sua última análise, o especialista em tecnologia blockchain pela Universidade Federal de Juiz de Fora apontou os fatores que podem determinar novas altas para a segunda maior criptomoeda do mundo, atualmente cotada em US$ 1.391.
Se destacam por suas quedas nesta terça-feira, 26, as criptomoedas Cardano, Solana, Polygon e Avalanche, que caem 7,1%, 8,6%, 10,2% e 7,7% respectivamente, nas últimas 24 horas, de acordo com dados do CoinGecko.
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