Binance é acusada de ter misturado fundos de clientes (Reprodução/Unsplash)
Repórter do Future of Money
Publicado em 24 de maio de 2023 às 16h36.
Última atualização em 24 de maio de 2023 às 17h18.
A Binance, maior corretora de criptomoedas do mundo, enfrenta uma nova acusação nesta semana de ter misturado os fundos de seus clientes com as suas receitas operacionais. Em uma reportagem, a agência de notícias Reuters deu mais detalhes sobre o caso, que teria ocorrido nos anos de 2020 e 2021 e configuraria uma violação das leis nos Estados Unidos.
De acordo com a Reuters, a Binance teria misturado os ativos ao fazer transferências para contas no banco Silvergate, que faliu em março deste ano mas era bastante usado por empresas de cripto. Enquanto receitas da exchange teriam sido transferidas para uma conta da Binance Holdings, os fundos de clientes foram destinados para a Key Vision Develpment, uma empresa controlada pelo CEO da Binance, Changpeng Zhao.
A Reuters afirma que teve acesso a registros da corretora de criptomoedas e do Silvergate que comprovariam as movimentações, além de entrevistas com fontes não reveladas. Segundo essas fontes, a Binance teria dito para o banco que a Key Vision funcionava apenas para receber depósitos de clientes fora dos EUA.
Já em 2021, a Binance teria misturado suas receitas e os fundos de clientes em uma terceira conta no Silvergate, que também pertenceria à Key Vision Development. O valor teria sido convertido na stablecoin pareada ao dólar BUSD. A movimentação, se verdadeira, violaria as leis dos Estados Unidos sobre gerenciamento de fundos de clientes.
Anteriormente, a corretora chegou a admitir que havia misturado alguns fundos de clientes com carteiras que eram usadas para lastrear a stablecoin. A prática rendeu uma acusação por parte da revista "Forbes" em fevereiro, que afirmou que isso sinaliza que a corretora teria problemas de liquidez semelhantes às da FTX e que ela criaria suas próprias regras devido à falta de regulação.
No Twitter, o diretor de comunicação da corretora de criptomoedas, Patrick Hillmann, criticou a reportagem da Reuters e disse que o jornalista responsável por ela estava "desesperado para publicar uma história negativa".
"Toda a base da história é que, quando os usuários compraram BUSD da Binance, eles foram levados a uma página de transação que continha o termo 'depósito'. Os usuários estavam comprando um stablecoin resgatável pela Paxos, o que foi explicitamente declarado na página", explicou o executivo.
Segundo ele, "essa história é tão fraca que eles tiveram de colocar na frente: 'A Reuters não encontrou nenhuma evidência de que o dinheiro dos clientes da Binance foi perdido', em uma tentativa transparente de se proteger de um processo por difamação".
Ele classificou a reportagem como uma "teoria da conspiração" sem evidências, mas não refutou os documentos do Silvergate citados pela Reuters. Além disso, ele ressaltou que a Binance admitiu anteriormente algumas falhas regulatórias, mas que esse não seria o caso.
Let me explain just how desperate a journalist @Reuters is to publish a negative story. The whole base of their story this morning, is that when users purchased BUSD (Paxos) from Binance, they were taken to a transaction page that had the term “deposit” on it. Users were making a…
— Patrick Hillmann (@PRHillmann) May 23, 2023
A Binance o seu CEO, Changpeng Zhao, foram processados nos Estados Unidos em março deste ano, acusados pela Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês) de terem oferecido ilegalmente a seus clientes a opção de negociar contratos futuros de criptomoedas.
O processo está em andamento, mas as punições podem chegar a um cessamento das operações no país. Além disso, a empresa é investigada nos EUA por possível facilitação de lavagem de dinheiro por clientes, mas desde então afirma ter implementado medidas para coibir a prática.
No Brasil, a corretora de criptomoedas também enfrenta problemas jurídicos. Atualmente, ela negocia um termo de compromisso com a Comissão de Valores Mobiliários enquanto enfrenta um processo semelhante ao dos EUA, com acusação de ter ofertado ilegalmente contratos futuros de bitcoin.
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