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Banco Central revela futuro do Pix e casos de uso do Real Digital; confira

Evento Lift Day apresentou resultados de programa de aceleração de projetos voltados para a digitalização da economia brasileira

Lift Day 2023 apresentou projetos ligados ao Real Digital e ao Pix (Blackdovfx/Getty Images)

Lift Day 2023 apresentou projetos ligados ao Real Digital e ao Pix (Blackdovfx/Getty Images)

Publicado em 25 de abril de 2023 às 18h10.

Última atualização em 25 de abril de 2023 às 18h24.

O Banco Central e a Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac) realizaram nesta terça-feira, 25, o Lift Day 2023, que apresentou os resultados dos projetos desenvolvidos pelos participantes dos programas de aceleração e testes de soluções voltadas para a digitalização da economia brasileira. Nas apresentações, foi possível entender melhor o que o mercado, e a autarquia, esperam para o futuro de projetos como o Pix e o Real Digital.

Lançado em outubro de 2020, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central se mostrou um grande sucesso. Em menos de três anos, ele desbancou diversas opções de pagamentos mais tradicionais, como cartão de débito, boleto, TED, DOC. Graças à sua popularidade, o Brasil ficou em segundo lugar no ranking de países por uso de pagamentos instantâneos em 2022.

Já o Real Digital promete ser o terceiro pilar no movimento de digitalização financeira promovido pelo Banco Central, se unindo ao Pix e ao Open Finance. Ele representará a integração da tecnologia blockchain em diversas operações financeiras, além da digitalização da moeda brasileira. Atualmente, ele está em fase de testes e tem previsão de lançamento em 2024.

Como o Real Digital será usado?

O Lift Day reuniu os resultados do Lift Lab e do Lift Challenge, duas iniciativas da Fenasbac para testar e acelerar projetos de digitalização, com o segundo focado especificamente em possíveis casos de uso para o Real Digital. O Lift Challenge serviu como a primeira etapa da criação da moeda digital de banco central (CBDC) brasileira, e foi concluído em 2023.

Entre as aplicações apresentadas está a criação de um marketplace da corretora de criptomoedas Mercado Bitcoin para ativos tokenizados. A ideia é usar o Real Digital e sua infraestrutura para facilitar o processo de tokenização — a digitalização de um ativo e sua integração a um blockchain — e posterior negociação, reduzindo o número de intermediários nessas operações.

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Já o Itaú trabalhou com um sistema de envio de remessas internacionais, com foco em atacado e usando moedas digitais. A ideia é reduzir complexidades e custos ao cortar o número de intermediários, tornando a transferência mais ágil, além dela poder ser feita em qualquer momento do dia.

Também integrante do Lift Lab, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) criou um projeto de liquidação imediata e automatizada de transferências junto à realização de pagamentos em um único ambiente e 24 horas, com foco em investidores institucionais. Os testes foram feitos usando debêntures, mas o serviço poderá englobar outros ativos financeiros.

Em seus testes, o Santander estudou como tokenizar a compra e a venda de veículos e imóveis, eliminando a burocracia, mas com garantias sobre a propriedade desses ativos. As negociações ocorreriam no próprio aplicativo do banco, numa espécie de marketplace, com os bens sendo transformados em tokens e com pagamento via Real Digital.

A Tecban apresentou um projeto que envolve o uso de armários inteligentes que poderiam ser colocados junto com máquinas de caixa eletrônico e tendo contas de garantia baseadas em contratos inteligentes. Os armários são usados para depósito de produtos após as compras, com uso do Real Digital para pagamento, e a concretização da operação só ocorre com a retirada do produto, graças à transformação da compra em um contrato inteligente.

A Vert desenvolveu um sistema de programabilidade de dinheiro para o financiamento de atividades rurais, com um sistema de leilões em que a liquidação pode ser feita em Real Digital, dinheiro ou tokens, facilitando o acesso ao financiamento e também usando a tecnologia blockchain para aumentar a transparência das atividades exercidas por produtores rurais, com registros públicos e inalteráveis.

Já a Fireblocks trabalhou em um pool de liquidez a partir da tokenização de ativos, incluindo títulos públicos, aumentando o controle do regulador sobre a aprovação de participantes do pool, cálculo de risco e possíveis saídas. Outro projeto, da Giesecke e Devrient, testou formas de realizar pagamentos offline com Real Digital a partir de um cartão físico recarregável.

Ainda no Lift Day, o gigante de meios de pagamento Visa apresentou uma plataforma financeira programável projetada para PMEs agrícolas, aproveitando a tecnologia blockchain, que permite maior acesso aos mercados de capitais globais. O projeto tem como objetivo facilitar a interoperabilidade entre moedas, melhorar os processos operacionais e revelar novas oportunidades de crescimento para agricultores brasileiros.

Com ela, um pequeno produtor de soja poderia tokenizar seu contrato existente com uma cooperativa, leiloar o NFT criado para financiar sua colheita e pagar fornecedores offline. A ideia seria aproveitar a infraestrutura do Real Digital e do Pix, além de usar blockchains para analisar as identidades dos participantes das transações.

Próximas etapas do Pix

Mesmo com o seu sucesso, o Banco Central ainda possui planos de trazer ainda mais funcionalidades para o Pix. As discussões vão desde um "Pix automático" até o debate sobre um "Pix internacional", e os possíveis desdobramentos dessa tecnologia ganharam novas possibilidades durante o Lift Day.

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Um dos projetos, apresentado pelo Itaú, trouxe a opção do chamado Pix Offline. A ideia seria permitir que os usuários fizessem login no aplicativo de banco e concedesse a autorização para realizar transações sem uso de internet, mas ainda com um sistema de segurança e um valor limite de transações. Com isso, seria possível facilitar o acesso de pessoas com conectividade precária ao sistema.

A solução prevê ainda substituir os pagamentos via QR Code pelo chamado NFC, que é o pagamento por aproximação. Bianca de Oliveira Santos, coordenadora da área de estratégia e regulatório do Pix no Itaú, destacou que, hoje, o pagamento via QR Code demora 40 segundos, enquanto a versão NFC demoraria menos de 7.

"Como meio de pagamento, ainda sentimos uma dificuldade de alguns usuários de trazer essa facilidade de usabilidade e processo de comunicação para o Pix. O projeto realmente traz uma abrangência para a solução e torna o Pix ainda mais forte como uma solução em que você não necessariamente precisa de crédito para ter acesso, precisa apenas ter a digitalização bancária", comentou.

Outros projetos focaram no uso do Pix para a concessão de crédito. É o caso da DeLend, que usa o Pix para envio de empréstimos e pagamentos, o Open Finance para estimar com mais precisão as datas de pagamentos desses empréstimos pelas empresas e o Real Digital e seu sistema de contratos inteligentes para permitir a negociação de recebíveis emitidos pelas empresas a partir dessas dívidas.

A Ailos também apresentou um serviço de concessão de crédito via Pix, facilitando o processo e reduzindo os seus custos. E o sistema de pagamentos instantâneos também faz parte da estratégia do G10Bank para oferecer serviços bancários à população de comunidades, tradicionalmente excluídas do sistema financeiro e bancário.

Futuro da digitalização da economia

Outros projetos apresentados no Lift Day combinam diferentes tecnologias com o mesmo objetivo: contribuir para a continuidade da digitalização da economia. Nesses casos, um destaque foi o uso do blockchain, uma tecnologia que se popularizou graças às criptomoedas, mas que possui diversas aplicações diferentes para transformar os processos atuais na economia.

A Easy Hash, por exemplo, usou a tecnologia blockchain para tokenizar ativos do mercado financeiro, incluindo crédito, e também vem atuando no segmento de regulação para permitir o registro, custódia e liquidação desses tokens, com possibilidade global de negociação.

Já o Itaú criou um pool de liquidez baseado em blockchain que permite que investidores aportem em stablecoins pareadas ao real ou ao dólar em troca de rentabilidade, enquanto outros clientes conseguem fazer trocas nesses tokens de forma instantânea, permitindo investimentos, exposição aos ativos e trocas cambiais. E a AmFi usa contratos inteligentes, blockchains e stablecoins para reduzir custos e agilizar disponibilização de produtos financeiros por fintechs, com uma plataforma de tokenização e gestão de cédulas de crédito bancária (CCBs).

Também como parte do Lift Lab, a LoveCrypto criou um protótipo de interoperabilidade do Real Digital com outros blockchains públicos, em um caso de uso envolvendo um título do Tesouro Direto tokenizado. A ideia é, no futuro, permitir trocas nacionais e internacionais entre stablecoins e o Real Digital e a interoperabilidade entre os sistemas de bancos brasileiros, já que cada um vai ter o seu próprio sistema para processar transações com o Real Digital.

Executivo da LoveCrypto, Edmilson Rodrigues avaliou que o Real Digital "vai ser o novo 'momento Pix'. Ele vai reduzir custos dos serviços financeiros e permitir que as inovações que surgiram nos blockchains públicos possam ser trazidas para o sistema financeiro nacional".

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