Repórter do Future of Money
Publicado em 17 de janeiro de 2025 às 12h13.
O Banco Central afirmou nesta semana que o processo de emissão de licenças para empresas de criptomoedas que operam no Brasil pode demorar até três anos. Além disso, a autarquia não descarta receber até 100 pedidos ainda em 2025 de empresas interessadas na licença.
As informações foram compartilhadas por Carolina Bohrer, chefe de unidade do Departamento de Regulação, Supervisão e Controle de Operações do Sistema Financeiro Nacional do BC durante um evento, de acordo com informações do site especializado de notícias BlockNews.
Bohrer destacou que ainda não há uma clareza sobre quantas empresas efetivamente entrarão com o pedido de licença e quais seriam, mais que o número de 100 seria um "chuto aproximado". No momento, o Banco Central busca avaliar o potencial do mercado e seu tamanho.
Ela pontuou, ainda, que o departamento do BC não deve receber novos funcionários via concurso público, apesar das licenças representarem uma nova demanda de trabalho, o que acaba impactando nos prazos. No momento, a autarquia já está criando uma nova equipe específica para o segmento cripto.
Por outro lado, Bohrer ressaltou que, quanto mais informações as solicitantes enviarem ao Banco Central, mais rápido o processo de emissão de licença tende a ser. No caso de negação já na primeira fase da solicitação, as empresas correm o risco de serem obrigadas a encerrar as operações.
A expectativa do mercado de criptomoedas é que o Banco Central divulgue as novas regras para o setor até o final do primeiro semestre de 2025. A regulamentação foi dividida em etapas, com a primeira focando nos critérios e obrigações para a atuação como prestadora de serviços de ativos digitais (VASPs, em inglês).
O BC chegou a realizar duas consultas públicas sobre o tema, primeiramente obtendo sugestões do mercado para a elaboração de uma proposta que, então, foi disponibilizada para avaliação do mercado. Com os retornos recebidos, agora ocorre a finalização do texto.
A partir da proposta da segunda consulta pública, as VASPs deverão ser divididas em três modalidades: intermediárias, custodiantes e corretoras de ativos virtuais. Há, ainda, a obrigatoriedade de segregação patrimonial e de constituição de sede no Brasil, além de sistemas de controle de riscos e prevenção à lavagem de dinheiro.
A segunda etapa da regulamentação de cripto terá como foco as chamadas stablecoins, criptomoedas pareadas a outros ativos. O BC divulgou no final de 2024 uma consulta pública com regras propostas para o segmento, recolhendo opiniões do mercado até 28 de fevereiro.
Enquanto as propostas da consulta pública sobre VASPs foram bem-recebidas e avaliadas pelo mercado, a consulta pública sobre stablecoins dividiu o setor, com a avaliação de que as regras propostas podem inviabilizar operações.