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(Getty Images/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 10 de agosto de 2025 às 10h47.
Você acreditaria se eu te dissesse que, neste exato momento, sua empresa já poderia estar usando uma tecnologia que reduz custos, melhora a liquidez dos ativos e ainda abre novas fontes de receita — tudo isso sem precisar “virar cripto”? À princípio, até parece exagero, né? Mas essa é exatamente a promessa — e a realidade — da tokenização de ativos, especialmente as dos chamados RWAs (Real World Assets).
Provavelmente, você já ouviu sobre esse assunto, mas talvez o que não saiba é ou que não estamos mais falando de pilotos isolados ou de experimentos embrionários. Estamos falando de Visa, Goldman Sachs, Anbima, BNY Mellon, JPMorgan, e tantos outros nomes que há poucos anos sequer cogitavam tocar em blockchain.
A verdade é que a tokenização saiu do PowerPoint e chegou ao chão de fábrica — ou melhor, aos balanços das maiores instituições do mundo. E a pergunta que fica é: até quando a sua empresa vai tratar isso como algo “do futuro”? Neste artigo, quero mostrar como a tokenização de ativos já está transformando o sistema financeiro global e por que ela pode — e deve — ser a porta de entrada da sua empresa no universo blockchain.
Tokenizar um ativo significa representar digitalmente, em uma blockchain, algo que já existe no mundo real — seja um título de dívida, uma cota de fundo, um imóvel, uma operação de crédito ou até mesmo uma máquina industrial. O conceito parece simples, mas sua aplicação carrega um potencial que não é tão visível logo de imediato. Algo como “efeitos colaterais”: liquidez, rastreabilidade, acessibilidade e eficiência operacional.
É verdade que, por muito tempo, a tokenização ficou restrita a apresentações, whitepapers e testes de sandbox regulatório. Mas isso mudou — e mudou rápido. Em 2022, segundo relatório realizado pela Gauntlet e rwa.xyz, o mercado global de RWAs era estimado em cerca de US$ 5 bilhões. Dois anos depois, esse número saltou para mais de US$ 25 bilhões em julho deste ano — uma valorização de 380%.
A projeção para os próximos anos é ainda mais agressiva: entre 10% e 30% de todos os ativos financeiros do planeta poderão estar tokenizados até 2030–2034. Isso representa um elo entre os US$ 400 trilhões em ativos do sistema financeiro tradicional e os quase US$ 4 trilhões do mercado cripto atual. Uma ponte de 130 vezes de diferença. Os números mostram que o que está acontecendo agora não é mais ideação.
É execução. A tokenização de ativos está deixando de ser só uma tendência para se tornar uma infraestrutura de base para a economia digital — e o setor privado, especialmente o financeiro, já percebeu isso.
Bom, se a fase de tokenização de ativos deixou de ser uma aposta para se tornar operação de rotina, onde é que isso está acontecendo? A resposta é simples: nas grandes empresas!
Veja o caso da Visa, que passou a integrar a tokenização de pagamentos de frota ao Google Pay. Em outras palavras, é como se a empresa estivesse transformando as transações que ocorrem via terminais e maquininhas de cartão em operações muito mais instantâneas e baratas via blockchain. Outro exemplo bastante simbólico é dos bancos Goldman Sachs e BNY Mellon.
Dois dos nomes mais conservadores do sistema financeiro global anunciaram o lançamento de um serviço de tokenização voltado para o mercado institucional. Estamos falando de bancos centenários que não se movem por hype, mas sim por modelos de negócios escaláveis e seguros. Mais perto da gente, a Anbima formalizou uma parceria para fomentar a tokenização de ativos.
Isso traz um amadurecimento enorme sobre o debate regulatório e a aproximação das entidades de mercado com essa nova infraestrutura. No geral, BlackRock, JPMorgan, Franklin Templeton e Apollo não apenas estudam o tema — elas já estão executando estratégias de tokenização em larga escala, seja para produtos próprios ou para clientes institucionais. Por isso é que digo que a curva de aprendizado já ficou para trás faz tempo.
Agora, o foco é produtividade, eficiência e expansão. Ainda duvida? Então dá uma olhada nesse número: o crédito privado se tornou o maior segmento dos RWAs, com mais de US$ 14 bilhões em ativos tokenizados só nesse mercado. Ou seja, o apetite institucional por transformar ativos historicamente ilíquidos em peças-chave de uma nova economia cresceu, sendo capaz de ser acessada 24/7, com menor custo operacional, maior controle e potencial de novos mercados secundários.
A verdade é que, enquanto muita gente ainda trata a tokenização como um experimento distante, os grandes players já estão montando suas posições. *Isso só vale para grandes multinacionais?* Quando eu falo em tokenização de ativos, não estou mais falando sobre “o futuro da blockchain”. É tudo sobre o presente das empresas que querem operar com mais liquidez, transparência, eficiência, menos burocracia e maior acesso a capital.
Para a sua empresa, os RWAs representam uma ponte direta entre o mundo financeiro tradicional e o universo cripto — sem exigir uma ruptura, mas sim uma integração estratégica. Você não precisa abandonar o seu modelo atual. Mas, pode adicionar uma nova camada de eficiência e inovação. Em outras palavras, tokenizar não é virar uma empresa de cripto.
É trazer para dentro do seu negócio o que há de mais moderno em infraestrutura financeira. É por isso que, assim como a digitalização impactou a comunicação, a tokenização está transformando a forma como ativos circulam, são lastreados, negociados e reprecificados. Empresas que entenderem isso antes, terão uma vantagem competitiva real. As demais… vão seguir o fluxo, mas com menos margem para inovar.
São muitos os cases de empresas que já estão trabalhando diretamente com a tokenização de ativos. De alguma forma, ver grandes nomes, como Visa e BlackRock pode dar a sensação de que essa tecnologia é apenas para as big techs e gigantes multinacionais. Mas não é verdade. O objetivo de trazer essas instituições como exemplo não é para elitizar a tecnologia, mas mostrar como players que não são do mercado de criptomoedas já adotam e fornecem uma espécie de “aval” à tokenização.
Neste caso, o que você precisa saber é que a infraestrutura já existe e está sendo utilizada, enquanto a regulação amadurece cada vez mais. E essa infraestrutura está mais acessível do que nunca. Hoje, o mercado, incluindo o Grupo Foxbit, oferece soluções tecnológicas prontas para serem implementadas e personalizadas a empresas dos mais diferentes setores.
Ou seja, não é preciso um supertime de tecnologia, sendo que você já conta com todo o aparato técnico necessário para dar ainda mais valor à sua empresa a partir da tokenização. É como eu digo em algumas reuniões: a tokenização não é sobre especulação, e sim sobre produtividade, eficiência e acesso. E por isso, ela representa a maior porta de entrada para empresas e investidores que desejam operar no universo do blockchain com seriedade, segurança e estratégia.
Em agosto, vou participar de diversos painéis em eventos para falar exatamente sobre a tokenização de ativos. Lá, a questão não vai mais ser se sua empresa vai entrar nesse mercado. Muito menos quando. A pergunta será qual ativo você vai tokenizar primeiro?
*João Canhada é fundador da Foxbit, corretora de criptomoedas.
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