Nova cripto da Arbitrum estreou no mercado nesta semana (Reprodução/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 26 de março de 2023 às 09h00.
Um dos eventos mais aguardados do mercado cripto nos últimos anos, o airdrop do token de governança da Arbitrum (ARB), solução de camada 2 da Ethereum, finalmente aconteceu na última quinta-feira (23) e seus efeitos devem continuar a movimentar bastante a criptoesfera nas próximas semanas.
Vocês devem estar se perguntando: mas por que esse airdrop foi tão esperado assim? O que a Arbitrum tem de especial? Como funciona? Vale a pena investir?
Normal que no início existam diversas dúvidas em torno de uma tecnologia nova. Principalmente se tratando de soluções de segunda camada, projetos que vêm ancorados no sucesso do ecossistema blockchain e cujo objetivo é ajudar a acomodar a multidão de usuários de um mercado que se expande exponencialmente.
Vamos tentar tirar essas dúvidas aqui.
A Arbitrum foi desenvolvida para potencializar a entrega da Ethereum. A rede criada por Vitalik Buterin é conhecida por seu dinamismo em favorecer um universo gigante de aplicações com segurança e confiabilidade. A Ethereum dá suporte a contratos inteligentes escritos em uma linguagem de programação popular entre os desenvolvedores e conseguiu criar uma indústria DeFi que disruptou o que conhecíamos como finanças até então.
Tudo isso soa incrível, e realmente é, mas a Ethereum também tem as suas limitações. Ela sofre com problemas sérios de congestionamento, se tornando muito lenta e cara para os usuários. Já existem opções a ela como Solana e Avalanche, por exemplo, mas a Ethereum está anos-luz na frente em infraestrutura e no favoritismo dos entusiastas de criptomoedas.
No roadmap da Ethereum, estão previstas mais algumas atualizações que, de acordo com a equipe à frente da rede, têm o objetivo também de resolver esse problema de escalonamento. Mas sabemos que aprimoramentos são processos demorados, portanto existe muito chão ainda pela frente.
Enquanto isso, vêm surgindo diversos projetos que atacam a questão da escalabilidade da Ethereum, as chamadas soluções de camada 2, segunda camada ou Layer-2. Elas propõem uma forma de melhorar o desempenho e a eficiência da Ethereum, por sua vez uma blockchain de camada 1.
As Layer-2 são construídas em cima da blockchain-base e oferecem maior capacidade de processamento e transações por segundo. Em vez de tentar melhorar a Layer-1, as soluções de camada 2 fornecem uma alternativa que permite aos usuários enviar transações off-chain, ou seja, elas não precisam ser processadas diretamente na blockchain de camada 1, reduzindo consideravelmente a sua carga.
A Arbitrum é uma dessas soluções de camada 2 e funciona por meio de uma tecnologia conhecida como “rollups”. No seu caso, mais especificamente como optimistic rollups ou rollups otimistas . Outros tipos de camadas 2 são sidechains, plasma chains e state channels.
Costumo dizer que, para entender o valor de uma criptomoeda ou um projeto, precisamos ir lá na raiz. Sempre falo da importância de pesquisarmos os seus fundadores para avaliar seus currículos, sua experiência com a tecnologia e também a reputação que carregam em sua trajetória profissional. Este é um excelente indicador para começar.
A Arbitrum é um produto da OffChain Labs, uma empresa de tecnologia blockchain com sede em Nova York que foi fundada em 2018 por Ed Felten, Steven Goldfeder e Harry Kalodnerl. Seu lançamento aconteceu em 2021.
Antes mesmo de a Ethereum entrar no ar, o físico e matemático Ed Felten, professor de ciência da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, fez uma pesquisa extensa em tecnologia de rollup em 2014. Ele trabalhou na Casa Branca como CTO Adjunto do presidente Obama e depois voltou a Princeton para retomar a pesquisa ao lado daqueles que seriam seus parceiros de fundação na Arbitrum: Steven Goldfeder e Harry Kalodner, dois estudantes de doutorado na época.
Hoje, Steven Goldfeder é o CEO da Arbitrum, especialista em criptografia e segurança de blockchain. Tem Ph.D. em Ciência da Computação, trabalhou como engenheiro de software no Google, na Microsoft e como consultor da ConsenSys. Já Harry Kalodner assumiu como CTO e também é Ph.D. em Ciência da Computação, conhecido por seus trabalhos em ataques a blockchain e privacidade, além de ter trabalhado na Apple.
A Arbitrum tem ganhado uma relevância tremenda dentro do ecossistema cripto. No dia 21 de fevereiro, impulsionada pelo hype em torno da expectativa de lançamento do token ARB, a blockchain superou pela primeira vez a Ethereum em número diário de transações.
Esta semana, a Arbitrum atingiu um novo recorde de transações, com 2,7 milhões transações registradas no último dia 23, data do airdrop, cravando o dobro das transações registradas na Ethereum.
Dados da L2 Beats mostram que o TVL (valor total dos ativos bloqueados) na Arbitrum saltou 62%, de US$ 3,9 bilhões em 23 de março para quase US$ 6 bilhões no dia seguinte ao airdrop. Fica evidente que a demanda por eficiência - e taxas mais em conta, claro - é alta e a Arbitrum parece estar correspondendo às expectativas do mercado por ora.
Como dissemos, o protocolo funciona como uma camada secundária da Ethereum, permitindo que as transações sejam processadas fora da cadeia principal, o que as torna mais rápidas e baratas. Para isso, o projeto usa a tecnologia de rollup, que empacota várias transações em um único lote. Vamos entender isso melhor.
Optimistic Rollup é uma técnica de escalonamento de contratos inteligentes baseada em rollup, que foi desenvolvida para solucionar os problemas de escalabilidade e os custos da execução de contratos inteligentes na Ethereum. A técnica permite que múltiplas transações sejam agrupadas em um único bloco, que é então enviado para a blockchain principal.
O Optimistic Rollup funciona em duas camadas, uma camada L1, que é a blockchain principal, e uma camada L2 (Layer 2), a secundária. Quando uma transação é feita na camada L2, ela é validada e processada fora da blockchain principal, tornando a transação mais rápida e barata. Depois que as transações são processadas na segunda camada, elas são agrupadas em um bloco único que é enviado para a camada-base, sendo validado pela Ethereum.
O diferencial do Optimistic Rollup é que ele usa uma abordagem otimista - daí o seu nome - para validar transações.
Isso significa que todas as transações são consideradas válidas, a menos que seja provado o contrário. Antes que as transações sejam confirmadas na cadeia principal, há um período de tempo em que transações potencialmente inválidas podem ser contestadas por meio da apresentação de uma prova de fraude.
Terminado o período de contestação da prova de fraude, todas as transações restantes são confirmadas no Ethereum.
O que significa isso?
Uma grande vantagem. Ao ser compatível com a EVM, a Arbitrum é capaz de executar aplicativos que foram originalmente projetados para serem executados na Ethereum, sem a necessidade de fazer grandes mudanças no código. Isso é importante porque muitos aplicativos descentralizados (dApps) já existem no ecossistema Ethereum e são criados usando esse modelo.
A compatibilidade com a EVM também significa que a Arbitrum pode suportar contratos inteligentes e DApps que usam a mesma linguagem de programação e padrões que são
usados na Ethereum. Isso facilita a migração de aplicativos da Ethereum para a Arbitrum e permite que os desenvolvedores usem as mesmas ferramentas e tecnologias com as quais já estão familiarizados.
Outras vantagens da compatibilidade
Flexibilidade: A EVM é altamente flexível e pode ser usada para executar uma variedade bastante grande de aplicativos e casos de uso, que vão de pagamentos simples até aplicações financeiras mais complexas.
Maior segurança: a máquina virtual já foi bem testada e é considerada confiável. Assim, a Arbitrum pode aproveitar a segurança da EVM para garantir que as transações sejam executadas de maneira segura e confiável.
O recém-lançado ARB funciona como token de governança para todo o ecossistema Arbitrum. Seus detentores ganham o direito de participar das decisões da rede, votando em propostas feitas à comunidade. Os participantes podem inclusive ajudar a decidir como serão usados os fundos do tesouro da Arbitrum DAO.
Essas propostas de governança podem estar relacionadas a atualizações na blockchain, mudanças nos parâmetros da rede, alocação de recompensas, integração de novos recursos, etc..
O ARB não funciona como um token de taxa de gás como o ETH na rede Ethereum. As taxas são pagas em ETH ou qualquer outro token ERC-20 (uma estrutura padrão para desenvolvimento dos tokens) suportado pelos DApps.
O suprimento total de tokens foi fixado em 10 bilhões. A alocação de tokens ficará da seguinte forma: tesouro da Arbitrum DAO: 42,78%; equipes e consultores da Offchain Labs: 26,94%; investidores: 17,53%; airdrop para usuários: 11,62%; airdrop para DAOs: 1,13%.
O ARB já está sendo negociado em várias corretoras, como a Binance, por exemplo, e em protocolos DeFi como a Uniswap. A corretora brasileira Mercado Bitcoin também está oferecendo.
Neste momento, não recomendo montar posições de ARB para o longo prazo. Para hold, acho ainda muito prematuro. Sabemos do potencial do projeto, mas não podemos afirmar se, de fato, a Arbitrum será capaz de se manter relevante no futuro. Por enquanto, vejo só um grande hype. Vamos aguardar e observar.
Quem estiver disposto a arriscar ganhar dinheiro com ARB, mesmo agora no auge da especulação, pode explorar os universos das pools e ainda as possibilidades de staking que estão se abrindo pelas corretoras. Mas, cuidado, faça isso consciente dos perigos que está correndo.
Estude mais sobre o projeto. As melhores fontes de informação são o site da própria Arbitrum, suas redes sociais, e os sites CoinmarketCap e Coingecko. Todos esses passos vão te ajudar a obter mais respaldo e segurança na hora de investir.
*Felippe Percigo é um investidor especializado na área de criptoativos, professor de MBA em Finanças Digitais e educa diariamente, por meio da sua plataforma e redes sociais, mais de 100.000 pessoas a investirem no universo cripto com segurança.
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