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(EDUARD MUZHEVSKYI / SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)
Especialista em criptoativos
Publicado em 12 de outubro de 2025 às 11h00.
Última atualização em 13 de outubro de 2025 às 09h55.
Outubro está sendo chamado de “mês dos ETFs” e, se a narrativa se confirmar, podemos ver uma movimentação interessante no mercado nos próximos dias.
Para o mês, a SEC tem sobre a mesa 16 novos pedidos de ETFs cripto à espera de decisão. As solicitações envolvem ativos como Solana, Litecoin, XRP, Dogecoin e ADA, apresentadas por gigantes como VanEck, Grayscale, Fidelity, Bitwise, 21Shares, Canary e Franklin Templeton.
Esse movimento pode mudar completamente o apetite institucional além do bitcoin. E mais: pode também funcionar como gatilho para a tão esperada altseason.
Ainda que o sinal verde para boa parte desses ETFs não se confirme agora, os analistas veem fortes chances de aprovação até o fim do ano. Algumas datas já estão expiradas por conta da paralisação recente do governo americano (desde o dia 1º deste mês), deixando a SEC funcionando em sua capacidade mínima.
A boa notícia é que temos um componente extra jogando a favor: as novas regras da agência reguladora tornaram o processo de aprovação de ETFs à vista de cripto muito mais rápido.
Em vez de precisar revisar cada pedido individualmente, a Comissão passou a adotar critérios padronizados. Agora, basta que o ativo em questão, como Solana ou XRP, por exemplo, seja negociado em uma bolsa que tenha sistemas de monitoramento contra manipulação de preços ou que já exista um contrato futuro dessa cripto sendo negociado há pelo menos seis meses.
Um ETF à vista não cria um ativo novo, ele cria um veículo regulado que facilita a entrada de grandes investidores. Para fundos que precisam de soluções auditadas e com custódia formal, o veículo é, muitas vezes, a única via prática para alocar capital.
Abreviação de Exchange-Traded Funds (fundos de investimento negociados em bolsa), os ETFs constroem uma ponte entre o mercado tradicional e a criptoesfera.
Na prática, eles permitem que investidores adquiram participação em ativos digitais, como Solana, Litecoin ou XRP, sem precisar lidar diretamente com a parte operacional de custódia e segurança.
Funciona assim: uma gestora cria um fundo que compra os criptoativos reais e, a partir disso, emite cotas que são vendidas na bolsa, como se fossem ações. Essas cotas acompanham o preço do ativo e podem ser negociadas livremente durante o pregão.
Esse modelo traz dois efeitos importantes:
Foi exatamente isso que vimos acontecer com o bitcoin. Desde a aprovação dos ETFs à vista, esses produtos já atraíram muitos bilhões em novos aportes. Essa movimentação ajudou a criar uma base sólida de demanda que manteve o ativo resiliente mesmo em períodos de correção.
No caso das altcoins, o impacto pode ser ainda maior.
Enquanto o bitcoin já tem uma estrutura mais consolidada, criptos como SOL e XRP carecem dessa porta de entrada institucional. A chegada de ETFs voltados a esses ativos pode abrir um novo ciclo de adoção e se tornar um gatilho para a altseason.
Mesmo ainda sem as decisões, o mercado reagiu antecipadamente com valorizações das altcoins candidatas a ETFs à vista, em especial Solana, protagonista de múltiplos pedidos das gestoras.
SOL subiu mais de 20% desde o final de setembro, sendo negociada acima do patamar dos US$ 230 na última segunda-feira, 6, dia em que o bitcoin atingiu uma nova máxima histórica, de US$ 126.198, segundo o CoinMarketCap.
Os massivos fluxos de entrada nos ETFs de bitcoin à vista (mais de US$ 5 bilhões só este mês) foram um dos impulsionadores do novo recorde do ativo, o que demonstra a força real desses fundos cripto negociados em bolsa.
A aprovação dos ETFs representa mais do que simplesmente um novo produto de investimento. Seria a consolidação de uma tendência: a entrada de vez do capital institucional no segmento de altcoins.
O histórico recente do REX-Osprey Solana Staking ETF (aprovado em junho deste ano), que atraiu mais de US$ 12 milhões em entradas líquidas no primeiro dia de negociação, deixa claro o apetite por produtos estruturados de criptos alternativas.
Mas, que fique claro, estamos falando de mercado financeiro e garantias não existem.
Embora os prospectos sejam positivos, alguns analistas alertam para fatores que podem frear o entusiasmo com os lançamentos.
Em relatório divulgado nesta semana, o JPMorgan destacou que os ETFs de SOL podem ser recebidos com menos ânimo por causa da multiplicidade de produtos. Os analistas também disseram acreditar que a Solana não é encarada pelos investidores da mesma forma que a Ethereum, frequentemente descrita como a espinha dorsal da economia descentralizada.
O que estamos vendo é um cenário ainda raro na criptoesfera: a convergência entre interesse institucional, condições regulatórias favoráveis e momentum de mercado.
As aprovações podem, de fato, inaugurar uma nova fase para as altcoins, dando a legitimidade e acessibilidade que muitos investidores aguardavam. Os ativos na corrida pela aprovação de ETFs podem ganhar ainda mais tração e puxar o mercado cripto como um todo para cima.
Mas é importante manter a perspectiva. O impacto completo pode levar meses para se materializar e os fundamentos continuam importando mais que narrativas.
Chamo a atenção aqui ainda para a dinâmica do bull market: as grandes altseasons geralmente vêm depois de o bitcoin atingir sua máxima no ciclo.
O bitcoin ainda é o termômetro que aquece o resto do mercado e só quando ele estabiliza no topo é que o capital costuma migrar com força para as alternativas.
O ciclo ainda está vivo, o mercado está se reorganizando e, caso o bitcoin confirme a tendência de alta, o efeito cascata nas altcoins pode ser muito maior do que parece agora.
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