Além do bitcoin, criptomoedas como ether, solana, polkadot e avalanche também sobem (Namthip Muanthongthae/Getty Images)
Apesar de ter iniciado a semana no verde, o mercado de criptomoedas ainda sofre as consequências de uma série de fatores macroeconômicos e geopolíticos que empurram o preço dos principais ativos para baixo.
Sem ter recuperado sua capitalização, que segue abaixo de US$ 1 trilhão em seu menor valor desde o final de 2020, as criptomoedas iniciam um movimento de recuperação nesta segunda-feira, 20. No entanto, isto não deve durar muito, de acordo com especialistas.
O bitcoin é cotado a US$ 20.591 no momento, com alta de 7% nas últimas 24 horas, segundo dados do CoinGecko. A maior criptomoeda do mundo recupera o patamar de US$ 20 mil, depois de ter caído para sua mínima de 2017 em aproximadamente US$ 17.772.
Enquanto isso, o ether, a criptomoeda nativa da rede Ethereum, é cotado a US$ 1.125 no momento, com alta de 9,6% nas últimas 24 horas. A segunda maior criptomoeda do mundo continua seguindo os passos de sua predecessora, se recuperando após ter caído para valores menores que US$ 1 mil, cotação que o ether não tinha há mais de um ano.
O movimento também não parece animar os investidores, que seguem pessimistas. O Índice de Medo e Ganância do mercado cripto continua sinalizando "medo extremo" em 9 pontos. Funciona da seguinte forma: quanto menor o número, maior o medo, e quanto maior o número, maior a ganância dos investidores do setor. A métrica pode auxiliar na tomada de decisões quando o assunto são os investimentos em criptomoedas.
Com perspectivas negativas para o curto e o médio prazo, Lucas Costa, analista técnico do BTG Pactual, explica a situação atual das duas principais criptomoedas da atualidade:
"O bitcoin caiu aproximadamente 22% na última semana e testou o importante suporte dos US$20.000. O movimento observado na semana passada não foi exclusividade do principal criptoativo, mas um cenário de aversão aos ativos de maior risco, com S&P500 caindo aproximadamente 5,75% e Nasdaq caindo aproximadamente 4,80%. Os motivos pelo aspecto fundamentalista podem ser diversos, mas o cenário técnico já era de queda e a falha da retomada de alta pode ter frustrado os investidores, principalmente em um cenário de aumento da taxa de juros.
O gráfico semanal permite observar a tendência de longo prazo com menos ruído e definimos os topos e fundos de forma clara e objetiva. O mercado se move em tendências e ele tende a continuar o movimento vigente, até que uma força contrária atue significativamente.
A tendência de alta é formada por topos e fundos ascendentes, um conceito simples, mas que por vezes nos esquecemos. A lógica diz que se um fundo é perdido, necessariamente o próximo fundo será mais baixo, ameaçando a tendência.
O fundo em US$28.830 é importante na tendência, uma vez que a sua quebra acelerou o movimento de queda e trouxe mais pressão vendedora. Podemos concluir que, caso o preço forme um topo mais baixo que o anterior, o gráfico semanal vira para uma tendência de baixa.
O gráfico diário apresenta uma tendência de baixa, com o preço trabalhando abaixo da média móvel de 21 e 200 períodos. O movimento com topo em US$69.200 e fundo em US$28.790 pode ser usado como uma referência para o traçado de Fibonacci, ancorado no fundo que comentamos ser relevante para a tendência.
O movimento de queda da última semana pode ter distorcido o preço, com o Índice de Força Relativa em 27, sugerindo uma correção no curto prazo. É importante entende que correções não representam uma reversão de tendência de baixa para alta. Os próximos objetivos de Fibonacci são US$16.750, enquanto as próximas resistências são US$25.966 (111,8%) e US$28.790 (fundo citado)
O cenário técnico do bitcoin é de tendência de baixa no médio e curto prazo, sem ainda perspectivas de recuperação. O preço atual pode ser considerado um atrativo para quem tem interesse de longo prazo, mas acreditamos que ainda não é o momento de voltar as compras, necessitando uma desaceleração dessa pressão vendedora.
O ether caiu aproximadamente 21% na última semana e ensaia uma recuperação de curto prazo nos últimos dois dias. O gráfico diário tem um movimento de queda com topo em US$4.867 e fundo em US$1.700, que pode ser usado como referência para o traçado de Fibonacci, com alvo de 161,8% em US$887,35.
O preço segue trabalhando abaixo da média móvel de 21 períodos, sinalizando tendência de baixa, enquanto um Índice de Força Relativa em 29,40 sugere uma recuperação. A próxima resistência é US$1.500 (111,8%) e US$1.700 (fundo perdido)."
Além de analista do BTG Pactual, Lucas Costa é mestre em administração e economista pela Universidade Federal de Juiz de Fora, atuou como pesquisador acadêmico e professor nas temáticas de blockchain, criptomoedas e comportamento de consumo, sendo um dos fundadores do grupo de pesquisa Blockchain UFJF. Foi operador de câmbio em mesa proprietária com foco em análise técnica, e trader pessoa física em mercado futuro. Atualmente, e apresenta a sala ao vivo de análises de maior audiência do Brasil.
Outras criptomoedas também apresentam alta significativa nesta segunda-feira, 20. Solana, Polkadot e Avalanche sobem 12,2%, 10,1% e 16,3%, respectivamente, de acordo com dados do CoinGecko.
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