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Após brasileiro na Blue Origin, empresa quer levar mais fãs de NFTs ao espaço

Em entrevista, fundadores de startup explica união entre tecnologia blockchain e indústria espacial e diz que deve enviar mais um cidadão comum ao espaço nos próximos meses

Crypto Space Agency já tem conversas com a Blue Origin para um segundo voo ao espaço nos próximos meses (Crypto Space Agency/Divulgação)

Crypto Space Agency já tem conversas com a Blue Origin para um segundo voo ao espaço nos próximos meses (Crypto Space Agency/Divulgação)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 27 de maio de 2022 às 17h25.

Última atualização em 27 de maio de 2022 às 18h32.

Criada com o objetivo de unir as indústrias espacial e de criptoativos, a Crypto Space Agency (CSA) quer democratizar o acesso às viagens espaciais. Depois de garantir um lugar para o brasileiro Victor Hespanha no próximo vôo da Blue Origin, a startup quer ir além.

Em entrevista exclusiva à EXAME, Joshua Skurla e Sam Hutchison, que lideram o projeto, contaram sobre os planos ambiciosos da startup, que vão além dos passeios ao espaço e passam por desenvolvimento de novas tecnologias, detecção de asteroides e até a busca por vida inteligente fora da Terra - tudo envolvendo dinâmicas e soluções com a tecnologia blockchain.

"Apesar dos bilhões de dólares investidos em tecnologia e programas espaciais, só existem, em média, seis pessoas no espaço simultaneamente. Em resumo: é um péssimo retorno sobre o investimento para as pessoas. É bom para os astronautas, eles se divertem. E para as agências espaciais nacionais, que fazem seus programas", disse Sam, um dos fundadores da CSA.

Sam também é fundador da Reaction Engines, empresa de desenvolvimento de motores de alta potência, e acredita que a união das duas indústrias que aparentemente não têm nada em comum pode ser benéfica para ambas.

De um lado, usar a tecnologia blockchain e a cada vez maior e mais engajada comunidade de criptoativos (e os bilhões de dólares do setor) para desenvolver a indústria especial, do outro, promover maior adesão ao universo cripto: "Toda grande indústria que foi adotada massivamente conseguiu isso através da inovação. Não com produtos, não com tecnologia. Com demanda. Com mercado. Os e-commerces, por exemplo, não se popularizaram por causa de produtos melhores, de geladeiras melhores", explicou.

"É possível usar as comunidades de Web3, as tecnologias, plataformas, tokens, NFTs, para criar um novo mercado, um novo tipo de consumidor para a indústria espacial. E foi assim que surgiu a ideia da CSA, há cerca de um ano", completou. "De lá pra cá, conseguimos investimentos, parceiros criativos e focamos no passo mais importante e simbólico para nós, que era enviar uma pessoa comum ao espaço", disse, em referência ao brasileiro sorteado para viajar além da estratosfera.

Victor será a primeira pessoa a viajar ao espaço que foi escolhida de forma totalmente aleatória, quando foi sorteado entre os detentores de NFTs da CSA. O vôo estava programado para o último dia 22, mas acabou adiado pela Blue Origin e ainda não tem data definida. "Esperamos que tenha sido o primeiro de vários projetos que estamos buscando nesse setor espacial".

Sobre a união entre indústrias tão diferentes, Joshua cita duas possíveis conexões: "A tecnologia blockchain pode ser uma maneira de criar uma relação entre as pessoas e as agências especiais em lugares onde não existem agências espaciais. O Victor, por exemplo... é o segundo brasileiro que tem a chance de ir ao espaço. E ele conseguiu isso apenas por transformar seu dinheiro fiduciário em ether [criptomoeda da rede Ethereum] e depois em um NFT". Para realizar a compra de um NFT da CSA, é preciso ter unidades de ether em sua carteira digital.

Ele também acredita que o espaço pode ser um ambiente propício para a evolução da tecnologia: "Não existem razões realmente convincentes para querer usar o espaço sideral para desenvolver o blockchain? Um lugar onde poderíamos colocar servidores? Não é um lugar onde poderíamos potencialmente encontrar aplicações para o blockchain em termos de transparência de informações e coleta de dados que vêm do espaço sideral, para compartilhar com indivíduos aqui embaixo?".

Com a ideia de levar mais pessoas ao espaço, tornando recorrente a presença de cidadãos comuns na órbita terrestre, e com o uso da tecnologia blockchain para rastrear e monitorar o espaço, Joshua também acha que a CSA pode ajudar a difundir informações sobre o assunto: "É possível descentralizar informações que as agências espaciais não necessariamente compartilham com os cidadãos, como pesquisas sobre asteroides, por exemplo".

O futuro é cripto. E fora da Terra

Depois do lançamento da primeira coleção de NFTs e do sorteio de uma viagem com a Blue Origin entre os seus compradores, a CSA tem planos ousados para o futuro. Novas coleções, novas viagens... e ações muito mais complexas.

"Não estamos interessados em usar cripto apenas para financiar os projetos espaciais. Queremos unir os dois setores, no curto e no longo prazo. Existem tecnologias relacionadas nesses dois mundos. Detecção de asteroides. Servidores no espaço. Procurar evidências de vida inteligente extraterrestre. Eu atuei por 20 anos na indústria espacial, e a conversa é a mesma que acontece na comunidade cripto, sobre descobertas, inovação, liberdade política e econômica", disse Sam.

Ele também cita a crise ambiental como razão para o aumento do interesse em viagens espaciais. "Estamos ficando sem recursos naturais. É um fato. E temos um monte de recursos mais raros e mais importantes vindos do espaço. O ser humano vai explorar ainda mais o espaço. E, quando isso acontecer, é claro que as transações serão em cripto. Do ponto de vista econômico, o sistema será descentralizado e no blockchain. Pode parecer loucura, mas é real. Se a Web3 realmente tem futuro, é preciso ser ambicioso a respeito disso".

Sobre a viagem do brasileiro Victor Hespanha ao espaço, assim como as próximas que a CSA pretende enviar membros de sua comunidade, elas devem acontecer com a Blue Origin, de Jeff Bezos, criador da Amazon. "Eles não vendem assentos, mas temos a sorte de possuir uma ótima relação com a Blue Origin. E já estamos planejando um segundo voo para os próximos 12 ou 18 meses", disse Sam.

Nem a queda do mercado cripto parece desanimar os responsáveis pela empreitada: "É até bom. Em dólares, os NFTs ficam mais baratos, o uso da rede cai e as taxas também diminuem, tudo isso permite que mais pessoas comprem. Tivemos muito interesse de gente do Brasil, por exemplo. Talvez não fosse assim se os preços estivessem lá em cima. E é uma dinâmica já esperada, então definitivamente não nos preocupa".

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