Repórter do Future of Money
Publicado em 5 de dezembro de 2024 às 18h29.
Última atualização em 5 de dezembro de 2024 às 18h54.
Em julho deste ano, o mercado de criptomoedas foi pego de surpresa pela decisão do governo da Alemanha de vender as 50 mil unidades de bitcoin que o país tinha acumulado após apreensões em operações policiais. Na época, a ação derrubou o preço do ativo e deixou muitos investidores no prejuízo. Hoje, porém, o quadro se inverteu, e o país foi quem acabou perdendo com a decisão.
Quando as vendas da criptomoeda começaram, o preço do ativo teve forte queda devido ao crescimento repentino de sua oferta no mercado, sem um crescimento de demanda proporcional. Com isso, ele chegou a operar abaixo dos US$ 60 mil. O governo da Alemanha destacou a própria decisão, citando um lucro "sem precedentes" com a venda.
O país não informou quanto obteve exatamente de lucro, mas dados da plataforma Arkham indicam que o governo alemão arrecadou cerca de US$ 2,9 bilhões com a operação. Meses depois, porém, os dados mostram que os ganhos do país poderiam ter sido ainda maiores caso ele tivesse esperado para vender os ativos.
Na última quarta-feira, 4, o bitcoin superou pela primeira vez a casa dos US$ 100 mil, firmando um novo recorde de preço. A criptomoeda segue cotada a um valor acima dessa importante barreira técnica e psicológica. Ou seja, o valor do ativo quase dobrou em relação ao seu preço quando as vendas pela Alemanha começaram.
Levando em conta as mesmas 50 mil unidades da criptomoeda, o governo da Alemanha perdeu um lucro potencial de mais US$ 2,4 bilhões, mais de R$ 14 bilhões na cotação atual. Portanto, a decisão do país de ter vendido os ativos há pouco menos de cinco meses acabou custando ao governo uma quantia bilionária.
Além da Alemanha, países como os Estados Unidos, a China e o Reino Unido também possuem quantias bilionárias de bitcoins apreendidos. Entretanto, eles não costumam realizar vendas como a do governo alemão. Os EUA, por exemplo, estão entre os maiores detentores da criptomoeda, com mais de 200 mil unidades.
Há, ainda, os casos de Butão e El Salvador. Os dois países também possuem reservas do ativo, mas que não foram obtidas via apreensões. No caso do Butão, o país soma um valor maior que 1/3 do seu produto interno bruto (PIB) em unidades da criptomoedas obtidas por operações próprias de mineração.
Já El Salvador apostou em compras diárias de bitcoin, sempre de uma unidade por dia. O país possui mais de US$ 600 milhões no ativo, sendo que US$ 333 milhões correspondem ao lucro não realizado do governo com a operação. No momento, não há sinais de que ele pretende vender os ativos para realizar esses lucros.