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Além de IA, bitcoin também teve papel essencial na valorização da Nvidia; entenda

Ações da gigante de tecnologia foram diretamente impactadas por demanda para mineração da criptomoeda, impulsionando papéis

Ações da Nvidia dispararam mais de 300% desde fevereiro de 2023 (David Paul Morris/Bloomberg/Getty Images)

Ações da Nvidia dispararam mais de 300% desde fevereiro de 2023 (David Paul Morris/Bloomberg/Getty Images)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 27 de fevereiro de 2024 às 15h00.

A Nvidia se tornou uma das empresas mais famosas do mercado financeiro em 2024, acumulando uma valorização de mais de 300% desde janeiro do ano passado. A alta das ações da fabricante de chips e placas de vídeo está ligada diretamente à popularidade da inteligência artificial generativa, mas, anteriormente, o grande responsável pela valorização dos papéis foi o bitcoin.

As ações da empresa foram lançadas na bolsa de Nasdaq, nos Estados Unidos, em 1999, na conclusão da sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês). Entretanto, o papel enfrentou durante anos uma baixa variação, alternando entre uma cotação de US$ 3 e US$ 9. O cenário mudaria a partir de 2017, quando a companhia teve sua primeira grande valorização.

À época, as ações saíram de US$ 9 para mais de US$ 61 em seu pico de valorização, um ganho de mais de 600%. E a disparada do ativo coincidiu com um dos primeiros ciclos de alta mais relevantes do bitcoin. E os dois movimentos não foram aleatórios. Na verdade, a disparada da criptomoeda antecedeu a alta das ações da empresa.

O motivo envolve o método de obtenção de bitcoin, a chamada mineração. A técnica envolve a resolução de problemas matemáticos complexos para validar operações no blockchain do ativo. Em troca, os mineradores recebem uma recompensa na criptomoeda. Entretanto, a resolução desses problemas exige máquinas potentes, com elevado poder computacional.

E as placas de vídeo vendidas pela Nvidia se tornaram as favoritos dos mineradores para realizar essas operações. Com isso, ciclos de alta da criptomoeda resultam em um aquecimento das operações de mineração e, por sua vez, uma alta na demanda por chips da empresa, impulsionando as ações. Foi o que ocorreu entre 2017 e 2018 e entre 2020 e 2021, quando ocorreu o maior ciclo de valorização do ativo.

À época, o bitcoin chegou a superar a casa dos US$ 69 mil. Já a ação da Nvidia partiu de US$ 100 e chegou a valer US$ 320, um ganho de mais de 300%. Por outro lado, a ligação entre as operações da companhia e a criptomoeda também trouxe um lado negativo: os períodos de desvalorização do bitcoin também resultaram em queda nos papéis da Nvidia, devido à demanda menor por placas de vídeo para mineração.

Entretanto, os ganhos para a Nvidia com as operações de mineração foram tão significativos que a empresa chegou a lançar placas de vídeo feitas especificamente para a mineração da criptomoeda. Em 2022, por exemplo, a companhia apresentou uma placa de vídeo que melhorou em até 20% a operação de máquinas de mineração.

Já em 2021, a gigante de tecnologia chegou a triplicar sua estimativa de receita tendo como base as vendas de placas de vídeo para mineradores. Agora, é a vez da inteligência artificial ser a grande responsável pelos ganhos da companhia. No quarto trimestre de 2023, a Nvidia reportou uma alta no seu lucro líquido de 779% em relação ao mesmo período de 2022.

Com um novo cenário favorável, a Nvidia superou pela primeira vez a capitalização de mercado de US$ 2 trilhão e é, agora, uma das empresas mais valiosas do mercado. Ao mesmo tempo, um novo ciclo de alta do bitcoin pode ajudar ainda mais a companhia, mantendo a relação histórica de proximidade entre a criptomoeda e a empresa.

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