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AES Brasil cria balcão organizado em blockchain para negociação de energia

Projeto em parceria com a fintech Fohat custou R$ 3,4 milhões; empresa afirma que solução pode favorecer definição de preço em tempos de crise como o atual

Projeto se antecipa ao PL 414/2021, que cria mercado livre de energia no país e já passou pelo Senado (Getty Images/Getty Images)

Projeto se antecipa ao PL 414/2021, que cria mercado livre de energia no país e já passou pelo Senado (Getty Images/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 19 de outubro de 2021 às 15h00.

A AES Brasil, em parceria com a energy tech Fohat Corporation, deu o primeiro passo para incentivar a livre comercialização de energia no país, com foco nas matrizes renováveis e com uma tecnologia totalmente inovadora, baseada em blockchain. O projeto ganha ainda mais relevância em um momento de crise energética no Brasil.

O “Projeto AES Brasil de Energy Intelligence”, desenvolvido nos últimos 18 meses, pretende viabilizar o primeiro balcão organizado em blockchain no país para compra e venda de energia em um ambiente digital, com a existência de uma contraparte central, que garante a custódia e a liquidação de contratos de energia.

A solução desenvolvida para o mercado brasileiro é uma plataforma de trading online que oferece integração com outras soluções externas para comercialização de contratos de energia e também de certificados de energia renováveis, no mesmo ambiente com uso da tecnologia blockchain.

Desenvolvida pela Fohat, a solução atua pretende resolver três grandes dores do setor: a conexão VPP (Virtual Power Plants) à mesa de comercialização (que hoje é um sistema analógico); a compra de certificados de energia renováveis (I-REC) e energia em um único ambiente, 100% digital; e infraestrutura para a criação do primeiro Balcão Organizado em blockchain.

“As funcionalidades foram testadas e comprovadas com potenciais clientes, por isso, acreditamos que a implementação dessa solução no setor possa trazer maior transparência, confiança e rastreabilidade para as transações bilaterais no mercado de energia, reformulando a maneira como o segmento funciona”, disse Julia Rodrigues, gerente de P&D e Inovação da AES Brasil, ressaltando que além da rapidez e segurança na gestão de ativos e risco, a plataforma oferece possível integração de VPPs (Virtual Power Plants) com a mesa de comercialização.

A iniciativa antecipa o futuro de mercado livre de energia no país, previsto no projeto de lei 414/2021, que já passou pelo Senado e aguarda votação na Câmara. O PL prevê a abertura total do Mercado Livre de Energia, facilitando a migração de mais de 80 milhões de consumidores para um modelo de compra e venda de livre escolha.

O “Projeto AES Brasil de Energy Intelligence” teve início em outubro de 2019 e investimento de R$ 3,4 milhões, por meio do programa de P&D da Aneel. É apontado, inclusive, como uma forma de combater a alta de preços da energia provocada pela crise hídrica que vive o Brasil.

“Esse projeto ajuda a melhorar a infraestrutura tecnológica para o ambiente de negócios do Mercado Livre de Energia, com escalabilidade e segurança. A crise hídrica impacta na formação de preços de energia de curto prazo (PLD) e, neste contexto, melhorar a infraestrutura tecnológica permitirá mais dados para que a curva de preços futura sinalize aos participantes, uma melhor gestão dos riscos associados”, disse à EXAME o fundador e CEO da Fohat, Igor Ferreira.

O uso da tecnologia blockchain para fins que não tem relação direta com investimentos ou compra e venda de criptomoedas têm ganhado força nos últimos anos. Já presente na rotina de grandes corporações como Visa, Walmart, Shell e muitas outras, a tecnologia também é usada em cartórios brasileiros, que buscam digitalizar a otimizar seus processos.

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