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Adeus ICQ: o que a história nos ensina sobre inovação e impermanência

O recente anúncio do encerramento de um dos primeiros programas de mensagens instantâneas nos oferece uma oportunidade para refletir sobre a evolução tecnológica e fazer comparações com o atual estágio dos criptoativos

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Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 9 de junho de 2024 às 10h00.

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Por Samir Kerbage*

Assim como nos primórdios da internet, o espaço cripto está cheio de promessas, inovações e um alto nível de ceticismo.

Nos anos 90, a internet era um território inexplorado. Aplicações iniciais eram rudimentares, servindo como precursoras dos sofisticados serviços web que usamos hoje. O ICQ, com sua interface simples e funcionalidades básicas, foi revolucionário e acabou preparando o terreno para as ricas plataformas de comunicação líderes de hoje, como WhatsApp e Telegram, e as modernas redes sociais.

Assim como os aplicativos rudimentares da internet abriram caminho para as gigantes digitais de hoje, as aplicações em redes blockchain de contratos inteligentes (dApps) de hoje são versões embrionárias do que pode se tornar a espinha dorsal dos sistemas financeiros futuros.

As dApps atuais podem parecer básicas, facilitando principalmente atividades como negociação e empréstimos dentro do ecossistema cripto. No entanto, seu potencial espelha o dos primeiros aplicativos da internet. Por exemplo, a capacidade desses contratos inteligentes na rede Ethereum ainda se encontra em estágios iniciais de desenvolvimento, assim como as primeiras páginas web em HTML.

No entanto, essas dApps já demonstram como podem revolucionar várias indústrias, desde finanças até gestão de cadeias de suprimentos. Além dessas funcionalidades empolgantes, a aprovação recente de ETFs (fundos negociados
em bolsa) de ether nos EUA marca um momento significativo, semelhante à comercialização da internet, sinalizando potencialmente uma aceitação e integração mais amplas das plataformas de contratos inteligentes nas finanças tradicionais.

O encerramento do ICQ, que já chegou a ter mais de 100 milhões de usuários, nos lembra da impermanência dos pioneiros e da necessidade de evolução para se manter relevante. Empresas de internet que não se adaptaram ficaram pelo caminho, enquanto aquelas que souberam inovar prosperaram. Esta lição é pertinente para o mercado cripto, onde a inovação e a adaptação constantes são cruciais.

Do ponto de vista de estratégias de investimentos, assim como diversificar em índices como Nasdaq 100 nos anos 90 mostrou-se mais vantajoso do que focar em empresas específicas como a AOL (dona do ICQ à época) ou o Yahoo!, diversificar o portfólio cripto hoje em índices como o NCI - Nasdaq Crypto Index (índice referência do ETF HASH11), pode ser uma estratégia mais acertada do que investir apenas em bitcoin ou ether, mesmo que alguns projetos ainda sejam tão incipientes quanto a Amazon ou o Google eram naquele período.

O fato é que é muito difícil saber quem serão os verdadeiros vencedores desse setor daqui a 10 ou 15 anos, embora não faltem palpites atualmente. Um índice como o NCI te dá a exposição a essa tendência secular sem necessariamente a concentração em um ou outro ativo que possa não sobreviver ao teste do tempo.

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Nos anos 90, a internet viu o surgimento de gigantes do e-commerce que integraram tecnologia digital com modelos de negócios tradicionais. Hoje, estamos vendo uma tendência similar com cripto, à medida que instituições financeiras tradicionais adotam e integram esses ativos em seus portfólios de produtos. O recente interesse de gigantes financeiros como BlackRock e Franklin Templeton em tokenização de fundos de renda fixa sublinha esta mudança.

Aqui no Brasil, praticamente todos os grandes bancos já possuem suas áreas de ativos digitais e preparam-se para a tokenização da economia através do Drex, moeda digital brasileira que promete trazer programabilidade para o dinheiro através de contratos inteligentes.

A adoção institucional está acelerando, e estamos testemunhando uma mudança de regime onde cripto está se tornando mais integrado às finanças tradicionais. Esta integração promete abrir um mercado potencial de mais de US$50 trilhões, assim como a internet criou um novo mercado global para vários bens e serviços.

Criptoativos, como a internet antes dele, representam uma oportunidade de investimento geracional. A infraestrutura que está sendo construída hoje, desde plataformas de finanças descentralizadas (DeFi) até a tokenização dos mais variados ativos do mundo real, espelha o trabalho fundamental da infraestrutura inicial da internet.

Assim como a internet transformou o comércio, a mídia e a comunicação, a tecnologia blockchain está pronta para revolucionar as finanças, a governança e a identidade digital. Parafraseando Bill Gates, “sempre superestimamos a mudança que ocorrerá nos próximos dois anos e subestimamos a mudança que ocorrerá nos próximos dez”. Que a despedida do ICQ sirva para nos lembrar dessa máxima.

*Samir Kerbage é CIO da Hashdex.

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