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A revolução silenciosa do dinheiro: stablecoins e a tokenização

Pagamentos, crédito, finanças internacionais, gestão de ativos e até políticas públicas podem ser impactadas por esses novos formatos de representação de valor

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Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 18 de outubro de 2025 às 11h00.

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Por Leandro Vilain*

O surgimento de novas tecnologias baseadas em blockchain e registros distribuídos está permitindo uma revolução silenciosa na forma como pensamos o dinheiro, os ativos e o sistema financeiro como um todo. Entre as inovações mais debatidas estão as stablecoins e a tokenização de depósitos bancários. Ambas se propõem a representar ativos líquidos no ambiente digital, mas apresentam diferenças estruturais profundas em termos de arquitetura, lastro, governança e riscos.

A digitalização do dinheiro, viabilizada por redes distribuídas e ativos digitais programáveis, promete transformar diversos setores econômicos e possivelmente nossos filhos verão este mundo com muito mais naturalidade do que nós somos capazes de perceber. Pagamentos, crédito, finanças internacionais, gestão de ativos e até políticas públicas podem ser impactadas por esses novos formatos de representação de valor.

Nesse contexto, as stablecoins surgiram como uma solução impulsionada pelo mercado privado, operando principalmente em redes públicas de blockchain. Por outro lado, a tokenização de depósitos surge como uma alternativa oriunda do próprio sistema financeiro tradicional, buscando compatibilizar inovação com regulação, maior transparência e estabilidade financeira.

E aqui reside a minha crença de que ou a indústria financeira se antecipa neste novo mundo da tokenização de ativos digitais ou as stablecoins privadas ocuparão naturalmente esse território.

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A tokenização de depósitos consiste no processo de conversão de um depósito bancário tradicional — mantido em conta corrente ou poupança — em um token digital que representa esse valor. Esse token é emitido por uma instituição financeira regulada e circula em uma rede baseada em tecnologia blockchain, mas seu depósito continua dentro do sistema bancário, protegido pelas garantias do FGC, mantendo o seu valor em reais (R$) e sujeito às políticas e fiscalizações aplicadas pela autoridade monetária — o Banco Central —, tudo isso mantendo o status jurídico e econômico do depósito original e seguindo as normas prudenciais de capital e liquidez.

Já as stablecoins são ativos digitais cujo objetivo é manter um valor estável em relação a uma moeda ou outro ativo de referência. Ao contrário de criptomoedas voláteis como o Bitcoin, as stablecoins foram desenhadas para oferecer previsibilidade de valor e para funcionarem como meio de pagamento, reserva de valor e unidade de conta dentro de ambientes digitais.

No entanto, existem diferentes formas de emissão e garantia das stablecoins e cada uma apresenta características distintas, sendo as mais conhecidas aquelas que são lastreadas na moeda a que se propõe manter a paridade. Cada token emitido corresponde a uma unidade de moeda depositada em conta bancária, títulos do Tesouro ou ativos de alta liquidez.

Em um segundo exemplo, o lastro é feito com outras criptomoedas, com contratos inteligentes administrando as garantias de forma programada e automatizada.

Outro modelo possível seria as stablecoins algorítmicas, que utilizariam algoritmos para controlar a oferta e demanda, tentando manter a paridade de forma autônoma. Em geral, esses sistemas são mais frágeis e suscetíveis a colapsos.

Finalmente, as híbridas misturam mecanismos de lastro parcial com algoritmos de estabilização. São tentativas de manter eficiência sem renunciar à segurança e à escalabilidade, mas com alta probabilidade de colapso em cenários voláteis.

A falta de regulação clara, especialmente em stablecoins não transparentes, representa um risco sistêmico relevante no mundo todo, com um vácuo regulatório global nas fiscalizações destes instrumentos e pouca transparência para os clientes.

A tokenização de depósitos representa uma solução inovadora dentro do sistema bancário tradicional. Ela alia os benefícios da tecnologia de registros distribuídos (DLT) com a confiança institucional e o arcabouço regulatório já existente. Possui ainda maior segurança jurídica, já que está integrada ao SFN para compensação e liquidação instantânea, permitindo o controle dentro das políticas da autoridade monetária. Além disso, segue os regramentos e proteções de um depósito tradicional.

É imperativo que o sistema financeiro nacional avance com a agenda de tokenização de ativos financeiros, sob pena de termos falta de supervisão adequada e fuga de recursos do mercado regulado, abrindo espaço para uso ilícito, risco de perda de paridade e falta de transparência na reserva.

*Leandro Vilain é o CEO da ABBC - Associação Brasileira de Bancos. Possui mais de 30 anos de experiência no setor financeiro no Brasil e na América Latina. Atuou como diretor de novos negócios da Losango Promotora de Vendas, diretor regional de Value Proposition do HSBC para América Latina, diretor de Produtos e Inovação da Febraban, onde liderou projetos voltados à inovação junto a órgãos reguladores e instituições financeiras, como Pix, open banking e real digital, e como sócio da prática de Serviços Financeiros da Oliver Wyman. Engenheiro de produção pela UFRJ, com MBA em Finanças pela PUC-RJ e pós-graduação em Administração pelo COPPEAD-UFRJ, Vilain construiu sua carreira em áreas como varejo bancário, produtos, inovação, operações e consultoria financeira. A Associação Brasileira de Bancos é uma entidade sem fins lucrativos, instituída em 1983, com o objetivo de contribuir com o aperfeiçoamento do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e o desenvolvimento econômico sustentável do Brasil. Atualmente, a ABBC tem mais de 120 instituições associadas (entre bancos, cooperativas de crédito, instituições de pagamento e financeiras) e está entre as maiores entidades representativas do SFN. Entre os pilares estratégicos da instituição estão representatividade; prevenção a fraudes e cibersegurança; competitividade no mercado financeiro.

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