(D-Keine/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 17 de março de 2024 às 10h02.
A partir de inovações voltadas à descentralização dos processos tradicionais do setor, com serviços baseados em blockchain, a tendência é que esse novo ecossistema passe a atrair consumidores a partir do desenvolvimento de produtos que atendam melhor a demanda por serviços financeiros, e com custos bem menores aos praticados atualmente pelo setor.
Entre os benefícios que baseiam esse movimento estão maior segurança, transparência, agilidade e, principalmente, redução de custos.
Hoje, por exemplo, um dos grandes obstáculos para a obtenção de crédito no mercado está no custo fixo das operações. Independentemente da finalidade, obter um empréstimo envolve diversos intermediários que tornam o processo mais custoso e com taxas de juros mais altas.
Além disso, a operação envolve grande burocracia com apresentação de documentos comprobatórios e formalização de contrato e garantias reais que implicam em um processo pouco eficiente e não inclusivo.
Entre as consequências desse cenário é que apenas três em cada dez donos de pequenos negócios conseguem obter crédito junto aos agentes financeiros, segundo dados do Sebrae e IBGE referentes a julho de 2023. Já em relação à pessoa física, 87% dos consumidores das classes C, D e E apontam que aumentariam seu consumo se tivesse maior acesso a crédito, de acordo com estudo da PwC realizado em parceria com o Locomotiva Instituto de Pesquisa.
Entretanto, o mercado começa a dar os primeiros passos rumo à adoção de plataformas financeiras baseadas em blockchain, cujo potencial para transformar o setor é enorme. Essa infraestrutura é muito mais eficiente, escalável e programável do que a utilizada atualmente pelo sistema financeiro.
Além de reduzir o custo das operações, ela possibilita a criação de novos produtos que vão contribuir para uma maior inclusão de pessoas e empresas aos serviços disponibilizados no mercado.
O uso do blockchain também terá grande impacto no acesso a capital de giro para PMEs. Ao tornar o processo mais direto e menos burocrático com os smart contracts, o custo fixo comparado às transações tradicionais do mercado financeiro será bem menor. Essa mudança vai expandir as movimentações e beneficiar os pequenos empresários, que terão facilidade na obtenção de empréstimos de valores mais baixos.
Vale ressaltar também o cenário propício para essa transformação digital no Brasil, que vem liderando os avanços voltados ao mercado de cripto e a descentralização do sistema financeiro atual. Primeiro, por iniciar a regulamentação do setor com o Marco Legal das Criptomoedas tendo o Banco Central como regulador. E depois com o lançamento do Drex, a moeda digital pareada ao Real que será emitida pelo próprio Banco Central brasileiro em 2025.
O potencial dessa nova moeda digital é tamanho que podemos fazer uma analogia com o Pix, que em poucos anos transformou o segmento de pagamentos no Brasil, sendo referência para outros países. Da mesma forma, o Drex pode revolucionar a parte de infraestrutura facilitando o acesso de usuários aos produtos financeiros.
Devido à sua eficiência, rapidez e transparência para as transações financeiras, vislumbramos duas áreas com grande potencial de evolução a partir do Drex. Primeiro, como citado, a de produtos de crédito com colateral, principalmente os ligados a securitização. A outra é a de câmbio e transação entre moedas.
Essa novidade seria de extrema importância pelo cenário atual do setor. Hoje, segundo dados da Serasa Experian, há uma “população invisível” formada por mais de 35 milhões de brasileiros que não possuem contas relacionadas a consumo, financiamentos, empréstimos ou faturas de cartão de crédito registradas no CPF.
E ter uma criptomoeda lançada e gerida pelo Banco Central será fundamental para elevar a credibilidade e expandir o mercado financeiro nas plataformas digitais, reforçando assim a inclusão aos novos meios de investimentos.
É fato que estamos vivenciando o início de grandes mudanças no setor a partir da adoção do blockchain e emissão das moedas digitais pelos bancos centrais, os CBDCs. Fazendo um paralelo, será algo similar ao impacto da internet em nossas vidas.
Para relembrar, esse ambiente digital surgiu antes do celular, mas a grande transformação só ocorreu com a chegada dos smartphones e os aplicativos desenvolvidos pela iniciativa privada. Nesse sentido, o Drex e os outros CBDCs dentro da infraestrutura de blockchain serão a Apple Store e o Google Play do mercado financeiro possibilitando a criação de novos produtos e serviços. Ou seja, a grande revolução está só começando.
*Dan Yamamura é sócio e fundador da Fuse Capital.
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