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A chegada da Web3: como a nossa experiência na internet vai mudar?

A nova era da internet está chegando e mudará completamente a forma como usamos e nos conectamos através dela; entenda

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Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 23 de julho de 2023 às 10h00.

Por Daniel González*

Em sua primeira etapa, denominada Web 1.0, quem não possuía conhecimentos técnicos e especializados só conseguia ler e pesquisar conteúdos. Essa fase durou aproximadamente de 1990 a 2004 e se caracterizava por websites estáticos que não permitiam interação.

Posteriormente, chegou a Web 2.0, que abriu a possibilidade das pessoas gerarem conteúdo, além de consumi-lo, e criarem comunidades através de diversas plataformas, como blogs, redes sociais e wikis. Esse período se iniciou em 2004 e durou até o momento. O auge das redes sociais impulsionou também o uso dessas plataformas para publicidade, mas na maioria dos casos, as pessoas não se beneficiam do conteúdo que publicam e nem podem monetizá-lo.

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A chegada da Web 3.0 oferecerá grandes benefícios para as pessoas, que terão um controle maior sobre sua informação, assim como sobre a propriedade do que compartilham virtualmente. Além disso, descentralizará o uso da rede, devolvendo o controle aos usuários ao invés das grandes empresas tecnológicas.

A Web 3.0 ou Web3 está baseada no uso da tecnologia blockchain e permitirá mudanças na maneira como interagimos, geramos e consumimos conteúdos. Enquanto a primeira etapa permitia apenas a leitura e a segunda, a leitura e a participação, nesta terceira etapa se inclui a propriedade das duas primeiras. Suas características terão diversos benefícios e abrirão novas possibilidades:

1. Ganhar dinheiro criando e consumindo conteúdo: As plataformas da Web3 terão uma nova forma para armazenar as informações baseadas em redes peer-to-peer ou redes entre pares, onde não é um servidor centralizado que detém o controle do conteúdo armazenado em seus servidores, mas sim uma série de registros que permitem a troca de dados. Com esses novos atributos, algumas plataformas permitirão ganhar dinheiro tanto para quem cria conteúdos como quem os consome. O uso de cripto será fundamental neste ponto, já que permitirá a troca de moedas sem intermediários ou processadores de pagamento.

O navegador Brave, por exemplo, é uma amostra da forma como a Web3 funcionará pois garantirá a privacidade ao bloquear os cookies e o rastro digital, aumentando a proteção às pessoas que a utilizam. Além disso, é possível ganhar criptomoedas ao aceitar as publicidades das páginas, o que permite obter renda apenas navegando na internet. Dado que na Web 2.0 os anúncios publicitários requerem uma grande quantidade de dados móveis, esta alternativa oferece a opção de escolher entre bloqueá-los ou receber recompensa por eles.

2. Maior acessibilidade: Pelo fato dos conteúdos da Web3 não estarem centralizados em alguns poucos servidores, será mais fácil acessar ou compartilhar a informação. Do mesmo modo, abrirá a porta para serviços financeiros digitais que irão requerer unicamente uma conexão à internet sem a necessidade de intermediários. Todos esses atributos darão um passo a uma maior inclusão ao permitir uma maior diversidade entre quem está construindo essa nova era.

A introdução de carteiras digitais abre a possibilidade a uma revolução financeira que pode ser fundamental em países com dificuldades políticas ou sociais. Um caso importante tem sido o uso das moedas digitais na Ucrânia, pois a tecnologia blockchain possibilitou as doações em cripto a países para a compra de suprimentos médicos e equipamentos. Calcula-se que em fevereiro de 2023, a Ucrânia recebeu doações de quase 70 milhões de dólares em criptomoedas, principalmente bitcoin e ethereum, de acordo com a Chainalysis.

3. Controle de privacidade: O auge das redes sociais se sustentou pela grande quantidade de informação que as pessoas cedem às empresas, que depois as comercializam com diversos fins, como segmentar melhor a publicidade.

A Web3 devolve a privacidade das pessoas ao ter menos rastreadores e ao não ser controlada por grandes empresas que se alimentam de dados pessoais. Além disso, permite a entrada em redes sociais sem necessidade de uma conta e senha diferente em cada site, conectando sua wallet, o que garante a segurança. E ao sair de uma plataforma, quem a utiliza pode levar consigo todas as suas informações, impossibilitando seu uso posterior.

Um exemplo é a Lens Protocol, que permite criar uma comunidade de seguidores que não dependem de uma rede social, mas que está ancorada na identidade digital de cada pessoa para que você possa se mudar para qualquer outra plataforma. Ou seja, a propriedade sobre a comunidade criada é de cada pessoa e não de uma companhia.

4. Maior segurança e transparência: O uso das cadeias de blocos e os protocolos de código aberto permitem rastrear os passos de quem navega pela internet e gera conteúdo, o que possibilita às pessoas decidirem como utilizar seus dados. Além disso, uma característica importante da Web3 são os contratos inteligentes, através dos quais os usuários decidem que informação irão compartilhar e até quando, além de garantir a identidade de uma pessoa com as Credenciais Verificáveis (VC na em inglês).

Um caso de uso é o que o Harry Styles fez com as bilheterias digitais durante um de seus shows, convidando seus fãs a utilizar um aplicativo que posteriormente os permitiria receber benefícios exclusivos por meio de tecnologia blockchain. Isso possibilitará a interação de artistas com seus fãs de forma mais direta e pessoal. Contudo, os usos são ainda mais amplos e permitirão melhorar a segurança de documentos oficiais, ingressos para shows ou passagens de avião, assim como melhorar a segurança nos pagamentos.

Acredito e confio nas possibilidades que a Web3 abrirá para as pessoas e empresas, assim como no potencial para revolucionar a maneira como nos conectamos e inaugurar uma nova etapa da internet focada nos usuários.

*Daniel Eugenio González Cebrián é Analista de Cripto na Bitso, com graduação em Administração Financeira pelo Tecnólogo de Monterrey e pela Universidade de HEC Montreal. Desde 2021 seu trabalho na Bitso tem foco no mercado de criptomoedas e na pesquisa de protocolos financeiros na Web3. 

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