Bitcoin foi criado com uma quantidade limite de oferta para o mercado (Reprodução/Reprodução)
Repórter do Future of Money
Publicado em 28 de março de 2023 às 16h03.
Última atualização em 28 de março de 2023 às 16h12.
O bitcoin é a maior criptomoeda do mundo, mas possui um funcionamento diferente do de outras moedas tradicionais, como o dólar ou o real. Uma das principais diferenças do ativo é que ele possui uma quantidade limitada que poderá existir no mercado, e esse número poderá ser ainda menor, segundo um estudo.
Em teoria, a criptomoeda possui uma oferta total de 21 milhões de unidades, que vão sendo liberadas para o mercado aos poucos no processo conhecido como mineração. Atualmente, cerca de 19,3 milhões de unidades do ativo já foram cunhadas, mas nem todas são acessíveis.
Timothy Peterson, que integra a consultora de investimentos Cane Island, revelou no sábado, 25, uma projeção de que, atualmente, 6 milhões de bitcoins estariam fora do alcance do mercado e "irremediavelmente perdidos". Ou seja, não haveria mais como acessar, usar ou transferir esses ativos.
A estimativa de Peterson foi uma atualização de um estudo realizado pela Cane Island em 2020. Na época, a consultoria afirmava que "nunca haveria mais de 14 milhões de bitcoins no mercado". O principal motivo para isso seriam as perdas de chaves de acesso às carteiras digitais em que a criptomoeda fica armazenada.
Não são raros os casos, por exemplo, de investidores que jogaram hardwares no lixo sem lembrar que eles tinham determinadas quantias da criptomoeda armazenada. Alguns também se desfizeram das chaves de acesso ou dos locais de armazenamento em uma época em que o ativo valia pouco, se arrependendo nos anos seguintes.
Devido às características de segurança do armazenamento em carteiras digitais, isso significa que esse montante de bitcoin muito provavelmente não será mais acessado. Além disso, Peterson lembra que novas perdas definitivas ocorrerão no futuro: ele estima que mais 1 milhão de unidades sairão de circulação.
Considerando a oferta total da criptomoeda, ainda existem cerca de 1,7 milhão de bitcoins para serem minerados e postos em circulação no mercado. Mas a aposta de Peterson é que outras moedas digitais já liberadas acabarão sendo perdidas da mesma forma que os 6 milhões atuais.
I estimate that, as of this week, 6 million of the 19.3 million #bitcoin mined have been irretrievably lost. (See related research at https://t.co/ULso76SXjD ) This means 13.3 million remain with only 1.7 million left to be mined over the next 100+ years. In that time, it's… pic.twitter.com/WpiSNT9TSF
— Timothy Peterson (@nsquaredvalue) March 25, 2023
Por isso, ele aposta que "os 13 milhões de bitcoins que circulam agora são provavelmente tudo o que você verá em sua vida". Em 2020, a Cane Island observou também que "como novas criptomoedas são geradas, a perda líquida de moedas anual é de cerca de 1,4%".
Mas os dados trazidos por Peterson não são necessariamente negativos. O próprio analista compartilhou, junto com sua projeção, uma afirmação atribuída ao misterioso criador do bitcoin, Satoshi Nakamoto: "moedas perdidas apenas tornam as moedas dos outros um pouco mais valiosas. Pense nisso como uma doação para todos".
A lógica da afirmação está ligada com uma regra antiga do mercado financeiro, envolvendo oferta e demanda: quando um determinado ativo possui uma quantidade limitada disponível para oferta e uma demanda crescente, a tendência é de valorização do preço desse ativo.
E, para a Cane Island, é essa lógica de demanda que "explica a formação de preço de bitcoin". Por isso, quanto menor a oferta e maior a demanda, mais os preços tendem a subir. Em um cenário de adoção crescente, as criptomoedas perdidas podem acabar ajudando na valorização mais rápida do bitcoin, já que acabam reduzindo a oferta em circulação.
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