Future of Money

5 tendências sobre o futuro do dinheiro, segundo especialistas da Mastercard

Novas formas de biometria, inteligência artificial, contratos inteligentes e dados, muitos dados: como a gigante de pagamentos enxerga o futuro do dinheiro e dos investimentos

 (Mastercard/Reprodução)

(Mastercard/Reprodução)

Gabriel Rubinsteinn
Gabriel Rubinsteinn

Editor do Future of Money

Publicado em 4 de dezembro de 2023 às 14h11.

Última atualização em 6 de dezembro de 2023 às 16h33.

O futuro do dinheiro e dos meios de pagamento foi tema do último LAC Innovation Forum, evento sobre inovação financeira da Mastercard que foi realizado na semana passada em Miami (EUA). E os especialistas da empresa e de companhias parceiras apontaram aquelas que devem ser as principais tendências para o setor.

“A América Latina é uma região jovem e dinâmica, com uma adoção rápida e significativa das tecnologias relacionadas a pagamentos, sejam novos formatos digitais, criptomoedas e etc. O que estamos vendo em termos de pagamentos é uma proliferação de formatos que geram mais opções para os usuários de acordo com suas necessidades”, destacou Craig Vosburg, diretor de produtos da Mastercard.

  • Uma nova era da economia digital está acontecendo bem diante dos seus olhos. Não perca tempo nem fique para trás: abra sua conta na Mynt e invista com o apoio de especialistas e com curadoria dos melhores criptoativos para você investir.

A opinião sobre a relevância da América Latina quando o assunto é inovação financeira é quase unanimidade entre os participantes do evento. A explicação é simples: necessidade. Com alto índice de desbancarizados e pessoas sem acesso a serviços financeiros, além de dificuldades econômicas e desigualdades, a região é terreno fértil para a inovação.

Com avanços significativos nos últimos anos, e o Brasil é modelo para o mundo todo em especial graças ao Pix, a perspectiva é de que novas formas de transacionar valores e lidar com dinheiros e investimentos comece a se proliferar. "Os consumidores têm cada vez mais liberdade de escolha", completou Vosburg.

"Vemos um futuro com mais alternativas, e os 'vencedores' serão escolhidos pelos próprios consumidores, segundo seus próprios critérios, que incluem comodidade, segurança e preferências pessoais, entre outros", afirmou Leonardo Linares, vice-presidente de Soluções para o cliente da Mastercard Brasil.

Ao longo do evento, que recebeu mais de 1.200 pessoas e contou com participação de nomes relevantes do mercado, algumas dessas inovações e possibilidades de escolha para os consumidores ganharam destaque.

Inteligência Artificial

O uso de Inteligência Artificial (IA) em produtos e serviços ligados a investimentos, pagamentos e finanças em geral foi um dos temas mais discutidos ao longo do evento. E algumas possibilidades já foram apontadas como inevitáveis.

Uma delas é a de que carteiras digitais, como Google Pay, Apple Pay, Mercado Pago e tantas outras, usarão sistemas com IA para fornecer aconselhamento financeiro em tempo real aos consumidores.

"Uma carteira poderá mensurar seu comportamento de gastos, como isso afeta suas economias e até o que você pode fazer para melhorá-la. Com essas informações, o sistema poderá, por exemplo, saber quais são os serviços que você vai ter que pagar e fornecer informações para organizar esses pagamentos e quais as melhores estratégias a serem tomadas para fazer isso da maneira mais conveniente. O mesmo com alertas se você tem dinheiro ou não, se precisa de crédito, e assim por diante", explicou Brett King, especialista no futuro do setor bancário e autor de best-sellers sobre o tema.

Ele acrescentou: "Tudo isto será possível através de um assistente de IA incluído na carteira que poderá aconselhá-lo na gestão das suas finanças. Isto mudará a indústria porque confiaremos cada vez mais nesses sistemas e pediremos que ele faça cada vez mais coisas".

Contratos Inteligentes

A programabilidade do dinheiro possibilitada pelos contratos inteligentes (ou "smart contracts", em inglês) é outra tendência considerada inevitável pelos especialistas.

Isso coloca a tecnologia blockchain, criada com a invenção do Bitcoin, no centro das atenções, mas por um motivo diferente do usual - não as criptomoedas como investimento, mas sua tecnologia aplicada em outras soluções.

"Estamos 'all in' em blockchain", disse Johan Gerber, vice-presidente executivo de segurança e cyber innovation da Mastercard. Apesar de citar preocupações sobre segurança, afirmando que atualmente a maioria dos "hacks" do universo cripto vem da exploração de falhas no código desses contratos inteligentes ou na criação de contratos inteligentes maliciosos, esse sistema "tem muitas vantagens". Segundo ele, "isso vai muito além do dinheiro rastreável; é o dinheiro programável".

Já Leonardo Linares usou o Drex, do Banco Central do Brasil, para reforçar a importância desta tecnologia para o futuro do dinheiro: "O objetivo do Drex é aumentar a eficiência [do sistema financeiro] e isso passa pelo uso de contratos inteligentes".

“É um dos grandes casos de uso que o BC está trazendo para não termos que carregar o fardo operacional de uma execução de contratos”, disse, completando que a tecnologia é "segura, rápida, automatizada e muito mais".

Open Finance e Ciência de Dados

"Hoje temos mais dados do que nunca", comentou Johan Gerber. E esse reflexo do processo de digitalização financeira acelerado desde o início da pandemia pode resultar em novos produtos e soluções para os consumidores.

O primeiro caso, já acontecendo em algumas partes do mundo, inclusive no Brasil, é o Open Finance (ou Open Banking). “Isso é uma grande transformação. A ideia de poder empoderar o consumidor, dando direito de escolha sobre os seus dados, permitir escolher seus fornecedores, é uma mudança fundamental na forma como essa relação é moldada”, destacou Craig Vosburg.

"O objetivo é que utilizemos dados para melhorar as experiência dos consumidores, personalizando-a ao máximo, para tornar as operações mais eficientes e garantir que a segurança e a autenticação de identidade sejam as melhores possíveis", disse Ana Lucía Magliano, vice-presidente executiva de serviços da Mastercard.

Biometria

A autenticação de identidade por reconhecimento facial ou impressão digital não é exatamente uma novidade, e inclusive já é utilizada pela maioria dos bancos, mas o seu uso para pagamentos deverá ganhar muita tração nos próximos meses - e também incluir novas versões.

Uma delas é biometria comportamental, já utilizada pela Mastercard em testes. Neste sistema, hábito do consumidor são analisados em tempo real para autenticação, por exemplo, para fazer login no aplicativo do seu banco ou autorizar uma transação. Entre os dados analisados, estão critérios como a forma de manusear o mouse no computador, a maneira de digitar e uma série de fatores relacionados à navegação.

Além disso, sistemas de pagamento sem contato que utilizam autenticação biométrica, em especial facial, também já são oferecidos pela empresa e diversas fintechs e startups conectadas à rede Mastercard e, segundo a empresa, deverão se tornar cada vez mais comuns.

"Hoje, mais de 60% das transações [na rede Mastercard] na América Latina são feitas sem contato. Antes da pandemia, eram 4%. No Brasil, o número chega perto de 80%. E não é algo que vai voltar atrás, ao contrário, os números seguem crescendo. O consumidor abraçou o pagamento sem contato e isso ainda vai evoluir mais, e muito rápido", explicou Kiki de Valle, vice-presidente executiva de desenvolvimento de produtos para a América Latina na Mastercard.

Pagamentos em Tempo Real (RTP)

O Pix é um exemplo global de sistema de pagamentos instantâneos bem-sucedido. Agora, outros países buscam desenvolver ou consolidar seus próprios sistemas, o que pode criar um ambiente novo de possibilidades.

Citando o exemplo do sistema brasileiro, Kiki afirmou que os sistemas de RTP poderão provocar grande impacto no mundo todo, aumentando o número de pessoas com acesso a serviços financeiros e criando alternativas de transação de valores em quaisquer lugares do mundo.

"Hoje, os sistemas de RTP ["real time payments", ou "pagamentos em tempo real"] favorecem muito a inclusão, mas também têm limitações, porque por enquanto resolvem problemas domésticos. Eles não se conectam e nem permitem, por enquanto, as transações transfronteiriças. Mas isso tende a mudar rápido", disse Kiki.

Atualmente, além do Brasil, a Índia também possui um sistema de RTP muito bem-sucedido, mas, segundo a executiva, esse número vai aumentar consideravelmente e em um prazo muito curto.

*O autor viajou à convite da Mastercard.

Uma nova era da economia digital está acontecendo bem diante dos seus olhos. Não perca tempo nem fique para trás: abra sua conta na Mynt e invista com o apoio de especialistas e com curadoria dos melhores criptoativos para você investir.

Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube Telegram | Tik Tok  

Acompanhe tudo sobre:MasterCardDinheiroBlockchainBiometriaopen-bankingInteligência artificial

Mais de Future of Money

Presidente da SEC, Gary Gensler anuncia renúncia e anima mercado de criptomoedas

"Países vão imprimir dinheiro para comprar bitcoin", diz fundador da Binance

ETFs somam US$ 100 bilhões em bitcoin: valor supera qualquer empresa da bolsa brasileira

Bitcoin em US$ 100 mil: marco já foi atingido no mercado de preços futuros