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Redação Exame
Publicado em 16 de novembro de 2025 às 10h00.
O ano de 2025 marca um ponto de inflexão para o mercado de criptomoedas. Depois de uma década de avanços técnicos e discussões regulatórias, o setor finalmente consolidou seu papel como infraestrutura financeira global, com impacto direto na forma como pessoas, empresas e governos movimentam recursos.
De um lado, a integração com o sistema tradicional avança com produtos regulados, stablecoins e tokenização de ativos reais. Do outro, a maturidade tecnológica das redes blockchain garante escalabilidade, eficiência e segurança compatíveis com padrões do mercado financeiro.
As stablecoins continuam sendo o motor silencioso dessa transformação. De acordo com dados da Chainalysis e do World Economic Forum, o volume de transações com stablecoins atingiu US$ 27,6 trilhões em 2024, superando Visa e Mastercard em movimentação global. Esses ativos já representam mais de 70% das negociações em exchanges e começam a ser utilizados como ferramenta de liquidação internacional, especialmente em países emergentes.
No Brasil, o USDT se manteve como o ativo mais transacionado em 2024 e 2025, superando inclusive o bitcoin, segundo dados da Receita Federal. Esse comportamento reforça a tendência de digitalização dos fluxos financeiros, em que a blockchain opera como uma nova infraestrutura de pagamentos.
Outro pilar desse amadurecimento é a tokenização de ativos reais (RWAs). Títulos de crédito, precatórios, contratos de energia e recebíveis corporativos já são negociados em blockchain, com segurança jurídica e liquidez ampliada. De acordo com o Boston Consulting Group, o mercado global de RWAs tokenizados pode ultrapassar US$ 16 trilhões até 2030, e o Brasil figura entre os países com maior número de projetos corporativos em andamento.
Empresas financeiras e fintechs locais têm utilizado plataformas para distribuir ativos com rendimentos previsíveis e custódia segura, ampliando o acesso de investidores a oportunidades antes restritas ao mercado institucional. A consolidação institucional do bitcoin e do ether.
Enquanto isso, os dois principais ativos digitais — bitcoin e ether — reforçaram seu papel estrutural. O bitcoin alcançou nova estabilidade de preço e passou a ser visto por fundos e gestores como reserva de valor digital, com mais de US$ 45 bilhões aplicados em ETFs à vista nos Estados Unidos. Já o ether amadureceu como infraestrutura tecnológica, responsável por suportar milhares de aplicações descentralizadas, stablecoins e soluções de segunda camada. Esses dois ecossistemas se tornaram os equivalentes digitais de ativos macroeconômicos clássicos: o bitcoin como o “ouro digital” e o Ethereum como o “sistema operacional das finanças digitais”.
O avanço regulatório foi outro ponto-chave de 2025. Nos Estados Unidos, o Genius Act estabeleceu regras claras para stablecoins e custódia digital. No Brasil, o Banco Central e a CVM reforçaram as diretrizes do marco legal dos criptoativos, criando um ambiente mais seguro para empresas e investidores. Com isso, o setor passou a atrair bancos, gestoras e empresas de tecnologia que antes observavam à distância. Hoje, cripto não é mais uma alternativa ao sistema financeiro — é parte dele.
Se 2024 foi o ano da adoção institucional, 2025 consolidou a criptoeconomia como infraestrutura. O mercado caminha para uma nova fase: a das integrações invisíveis, em que blockchain, stablecoins e tokenização operam nos bastidores de sistemas bancários, plataformas de investimento e meios de pagamento, sem que o usuário precise sequer saber que está interagindo com tecnologia cripto. Essa transição silenciosa, porém profunda, mostra que o futuro das finanças não é apenas digital — é programável, global e descentralizado.
*João Canhada é cofundador da Foxbit.
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