As duas principais gestoras de criptoativos do país anunciaram lançamento de ETF focado em finanças descentralizadas (DeFi) (putilich/Getty Images)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 8 de fevereiro de 2022 às 09h28.
A disputa das duas principais gestoras de criptoativos do Brasil ganhou um novo capítulo nesta terça-feira, 8, com a listagem na B3 do QDFI11, o primeiro ETF focado em ativos ligados às finanças descentralizadas (DeFi) do país.
O fundo foi criado pela QR Asset Management, que superou sua principal concorrente, a Hashdex, na "corrida" pelo primeiro ETF do gênero a ser listado na bolsa brasileira. A Hashdex foi a primeira a anunciar um produto do gênero, quando divulgou o lançamento do DEFI11 em meados de janeiro. O ETF, entretanto, começa a ser negociado apenas em 17 de fevereiro.
A maior agilidade para o lançamento do QDFI11 acontece porque o fundo foi lançado em listagem direta, ou seja, sem oferta pública inicial. O ETF começa a ser negociadas ainda nesta terça na B3, com cotas a R$ 10 e taxa de administração de 0,9% ao ano.
Os dois produtos são semelhantes: investem o patrimônio do fundo em criptoativos relacionados a DeFi. Os ativos selecionados, entretanto, são diferentes. Enquanto o fundo da QR Asset Management acompanha o índice "Bloomberg Galaxy DeFi Index", criado pela Bloomberg em parceria com a Galaxy Digital, o ETF da Hashdex seguirá o "CF DeFi Modified Composite Index", da CF Benchmarks.
Atualmente, o Bloomberg Galaxy DeFi Index conta com nove protocolos de finanças descentralizadas. São eles: Uniswap (UNI), Aaave Decentralized Lending Pools (AAVE), MakerDao (MKR), Compound (COMP), Yearn.finance (YFI), SushiSwap (SUSHI), 0X (ZRX), Synthetix (SNX) e Curve (CRV).
As finanças descentralizadas são aplicações em blockchain que oferecem serviços financeiros de forma automatizada e sem intermediários, com o uso de contratos inteligentes. São serviços como empréstimos, staking, pools de liquidez, corretagem e muito mais. Trata-se de um dos setores que mais cresceu no mercado cripto nos últimos anos e, segundo estimativa da QR Asset, o valor total investido em DeFi cresceu 11 vezes apenas em 2021.
Para Fernando Carvalho, CEO da QR Capital, afirmou, em comunicado, que "o lançamento do ETF é um passo importante para o amadurecimento do mercado cripto". Ele sustenta que a aprovação do produto é mais um recado ao mercado financeiro tradicional: "Os ETFs de bitcoin e ether foram apenas a entrada para um universo de investimentos muito mais rico e diverso. Agora é a vez do QDFI11. Cada vez mais, os investidores passarão a ter acesso a produtos inovadores e disruptivos com o aval dos reguladores. Está em nosso DNA abrir portas entre o mercado tradicional e o novo mercado tecnológico de blockchain e web 3.0".
Os ETFs de criptoativos têm ganhado espaço no mercado brasileiro. Com o próximo lançamento, do DEFI11, o país chegará ao sétimo produto do tipo listado na B3. Além dos dois fundos focados em DeFi, a bolsa brasileira tem dois fundos de ether e dois de bitcoin, todos criados pelas mesmas duas gestoras.
Apesar de ter visto a concorrente ficar com o título de dona do primeiro ETF focado em DeFi do mundo, a Hashdex ainda lidera o mercado de ETFs de criptoativos no Brasil graças ao HASH11, primeiro produto do tipo no país e que se tornou o maior ETF brasileiro em número de cotistas. O fundo era, até o lançamento do QDFI11, o único a investir em uma cesta de criptoativos.
As duas gestoras também possuem fundos de investimento "convencionais" focados no mercado cripto, que não são negociados em bolsa, mas distribuídos por bancos e corretoras. Esses produtos, por serem mais acessíveis e exigirem menor conhecimento por parte dos investidores, têm maior foco no varejo, enquanto os ETFs acabam sendo mais atrativos para investidores institucionais e grandes investidores, já que, apesar da negociação mais complexa via home broker, possuem taxas menores.
As duas gestoras, entretanto, não brigam sozinhas pela atenção dos investidores e pelos holofotes no setor de criptoativos. Com o desenvolvimento do mercado, várias instituições financeiras têm procurado o seu lugar ao sol no mercado cripto, fazendo com que a oferta de produtos relacionados aos ativos digitais seja cada vez maior.
Um exemplo é o banco BTG Pactual, que prepara o lançamento de uma plataforma para compra direta de criptoativos, a Mynt. Head de Digital Assets do banco, André Portilho ainda anunciou, na última edição do Future of Money, que "o intuito é atender à demanda dos clientes de forma descomplicada, com a segurança e a credibilidade que o banco de investimento já oferece", e prometeu novidades ligadas ao setor a serem anunciadas em breve.
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