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Zimerman após chegar em 43% da Petz: “Estou preparado para comprar mais”

CEO e fundador não descarta ultrapassar os 50% e manda recado: “Fala para os vendidos fecharem a posição logo!”

Zimerman: Não vou discutir o curto prazo, mas  mercado está precificando a ação como se fôssemos perpetuar esse desempenho (Foto: Leandro Fonseca)  (Leandro Fonseca /Exame)

Zimerman: Não vou discutir o curto prazo, mas mercado está precificando a ação como se fôssemos perpetuar esse desempenho (Foto: Leandro Fonseca) (Leandro Fonseca /Exame)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 20 de fevereiro de 2024 às 17h03.

Última atualização em 20 de fevereiro de 2024 às 19h02.

Desde meados do ano passado, o CEO e fundador da Petz, Sérgio Zimerman, vem comprando ações da companhia que fundou, passando de uma fatia de 26% para 29% ao fim de 2023. Mas, em meio à queda livre dos papéis, intensificou as compras em janeiro e fevereiro e hoje anunciou um avanço grande numa mordida só, aumentando sua fatia na rede de varejo pet para 43%, por meio de instrumentos derivativos.

O voto de confiança agressivo – Zimerman style – fez os papéis da empresa, que negociam no seu menor valor histórico, dispararem, com alta de mais de 10% no pregão de hoje.

“Estou preparado para comprar mais se entender que há oportunidades de compra”, disse em entrevista exclusiva ao INSIGHT, sem descartar a possibilidade de chegar a mais de 50% dos papéis.

Em meio às especulações de que o avanço poderia ser uma forma de garantir uma participação maior numa eventual fusão com a Cobasi, aventada há anos, mas que nunca saiu do papel, ele nega: “Esse aumento de participação não se refere a resultados de curto prazo, não se refere a qualquer M&A com quer que seja. Ele se refere a uma única coisa: a convicção que, no médio e longo prazo, a empresa vai surpreender.”

Após o IPO em 2020 e de um bom desempenho das ações nos dois anos seguintes, desde 2022 a Petz vem numa tendência de desaceleração das vendas, que se intensificou no segundo semestre do ano passado e pesou sobre o papel.

A ação cai 45% nos últimos 12 meses e é negociada próxima dos R$ 3 – muito distante dos R$ 13,75 pelos quais saiu na oferta inicial e um quase um décimo da máxima rondado os R$ 27 em meados de 2021. O papel, além disso, é um dos que tem a maior posição vendida em relação ao volume disponível para negociação, o que mostra que o mercado vê espaço para mais quedas. O desempenho na Bolsa também deixa o flanco aberto para uma eventual oferta hostil.

“Não vou discutir o curto prazo, que tem os seus desafios. Mas o mercado está precificando a ação como se fôssemos perpetuar esse desempenho e não tivesse nenhuma perspectiva de melhora à frente. Eu discordo radicalmente”, diz Zimerman.

Na sua avaliação, o momento é ruim para todo o varejo e há de fato alguma pressão de competição de plataformas “cross-border” (leia as chinesas), especialmente em algumas categorias, como a de acessórios. Mas diz que a Petz está bem posicionada para capturar ganhos quando o mercado melhorar e manter sua liderança no segmento.

“Conseguimos isolar bem esse momento de curto prazo, que vem especialmente no segundo semestre de 2023 e ainda deve se estender por algum período em 2024. Mas a questão é que no médio e longo prazo – e falo aqui de dois a cinco anos – estou confiante na capacidade da Petz em continuar liderando esse mercado, inclusive ampliando essa liderança”, vaticina.

Segundo ele, a perspectiva é que o mercado pet deve crescer principalmente no digital e a Petz vem “reforçando sua omnicanalidade”, com ajustes na operação online, melhora no programa de fidelidade e melhora na experiência de loja, para trazer também o cliente para os pontos físicos.

Os temores de perda de market share no mercado também são exagerados, afirma a CFO Aline Penna. “Todas as nossas fontes, sejam via canais de venda ou Euromonitor, não sinalizam que estejamos perdendo share. As plataformas cross-border e o marketplace tem até algum efeito pontual, mas pelos nossos dados estão pegando muito mais o pequeno varejista”, afirma.

Outro ponto, segundo ela, é que ajustes de despesas feitos ao longo do último ano tornaram a empresa muito mais leve para ganhar rentabilidade num momento em que as receitas voltarem a crescer de maneira mais forte. Um exemplo, segundo ela, veio dos ajustes em Zee.Dog, que se tornou uma empresa mais asset light, e saiu de um EBITDA negativo para um EBITDA “bastante positivo”.

“Não nos conformamos tanto com a performance [da ação] porque, diferentemente da grande maioria das empresas de varejo, não temos dívida e portanto não tem pressão financeira. Também não temos incentivo fiscal, que é uma grande questão agora para boa parte do setor”, diz a executiva.

Tentando navegar num mercado mais difícil, em meados do ano passado, a companhia sinalizou que sacrificaria margens para aumentar sua participação de mercado – num momento que surpreendeu o mercado negativamente.

A estratégia não rendeu os frutos esperados. “Agimos dessa forma no terceiro trimestre, e com os resultados que tivemos, o aprendizado foi de o sacrifício de margens parecia exagerado em termos do que isso significava em termos de crescimento”, diz Zimerman. “Já ajustamos nossa posição e nosso discurso no começo do quarto trimestre e nossa política agora é de equilíbrio entre margem e rentabilidade”.

Numa conversa de vinte minutos, o fundador da Petz não fugiu de nenhuma pergunta – com exceção daquela sobre se havia alguma conversa em andamento para a fusão com a Cobasi.

“O presidente do conselho [da Petz] me ensinou que, nesse tipo de assunto, se eu negar, num dia em que eu responder ‘não comento rumores de mercado’ as pessoas vão dizer: ‘pô, mas ele negou antes’. Por isso, nesses assuntos, esteja acontecendo algo ou não, eu sempre respondo: ‘não comento rumores de mercado’”.

Segundo apurou o INSIGHT, as conversas para fusão já foram muito mais quentes e estão em banho-maria há meses.

Questionado se tinha algum recado para mandar para os investidores, Zimerman foi bem mais enfático: “Fala para os vendidos fecharem posição logo!”.

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