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Zax: startup que digitaliza o atacado do Brás capta R$ 32 milhões

O marketplace, que conecta varejistas e atacadistas, recebeu um aporte liderado pelo fundo Atlantico

Fernando Zanatta e Bruno Ballardie, da Zax: desde sua fundação, em 2019, a startup já recebeu R$ 43 milhões em investimentos (Gustavo Scatena/Zax/Divulgação)

Fernando Zanatta e Bruno Ballardie, da Zax: desde sua fundação, em 2019, a startup já recebeu R$ 43 milhões em investimentos (Gustavo Scatena/Zax/Divulgação)

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Carolina Ingizza

Publicado em 5 de outubro de 2021 às 09h00.

Última atualização em 5 de outubro de 2021 às 10h59.

Depois de vender seu e-commerce de óculos eÓtica para um grupo francês em 2015, o empreendedor Bruno Ballardie foi em busca de um novo desafio que pudesse resolver no comércio eletrônico brasileiro. A oportunidade apareceu quando deixou de focar no consumidor final para olhar as condições de compra e venda dos varejistas do interior do Brasil, que muitas vezes viajam até grandes centros para poder abastecer suas lojas.

O potencial para um negócio que conectasse as duas pontas era grande: só no varejo de moda eram mais de 1,5 milhão lojistas, que juntos faturavam R$ 229 bilhões por ano. Assim, junto com Fernando Zanatta, ex-diretor de tecnologia da Dafiti e do Netshoes, Ballardie fundou a startup Zax em 2019 com a missão de digitalizar as vendas por atacado do Brasil, começando pelo bairro paulistano do Brás.

A proposta da experiente dupla de empreendedores conquistou um cheque de R$ 4 milhões do Global Founders Capital (GFC) antes mesmo do início das operações do marketplace. Em seguida, em meados de 2020, recebeu um aporte de R$ 7 milhões do Canary. “As experiências prévias dos fundadores nos impressionaram muito. Tanto o Bruno quanto o Fernando têm conhecimento técnico e de negócios para construir um marketplace B2B super relevante, capaz de atacar um setor imenso, que ainda carece de tecnologias e movimenta a economia nacional”, afirma o sócio administrador do Canary, Marcos Toledo.

Hoje, dois anos depois, a startup já acumula na sua plataforma mais de 900 vendedores, que oferecem mais de 70.000 itens para 50.000 lojistas cadastrados. Para expandir a oferta de produtos para os usuários, a empresa acaba de captar uma rodada de R$ 32 milhões liderada pelo fundo Atlantico e com a participação dos fundos FJ Labs, Caravela Capital, GFC e Canary.

“A Zax é uma startup que demonstrou um excelente fôlego, em um período curto. O potencial de mercado é enorme não só no Brasil, mas em toda a América Latina, onde muitos atacadistas e varejistas podem evoluir muito os seus negócios por meio da tecnologia”, afirma Julio Vasconcellos, sócio administrador do Atlantico.

A empresa estreou as operações com foco apenas em vestuário, no estado de São Paulo, mas desde 2020 passou a incluir na plataforma calçados, eletrônicos, brinquedos, acessórios e beleza. Para os atacadistas, a Zax é uma grande vitrine para lojistas do país todo. Já para os varejistas, a plataforma facilita a compra de mercadorias e a comparação de preços com dezenas de fornecedores. Por lá, além de passearem pelo catálogo, eles podem finalizar a compra, escolher o método de entrega e receber os produtos onde for mais conveniente.

Desde abril deste ano, através de parcerias com outras empresas, a startup oferece aos compradores capital de giro de 30 dias e uma solução de pagamento para o ponto de venda físico. Com o aporte, a empresa planeja adicionar ao ecossistema uma carteira digital e outras tecnologias de pagamento.

Além disso, o negócio deve contratar pelo menos mais 15 pessoas para iniciar uma expansão nacional. Hoje, os lojistas cadastrados estão sediados em regiões tradicionais do comércio de São Paulo, como Brás, Bom Retiro e 25 de Março, mas o plano da empresa é estar presente em outros pólos atacadistas do país.

Maringá, Brusque, Goiânia, Fortaleza e Santa Cruz do Capibaribe são alguns dos alvos estudados pela equipe de vendas da startup. O desafio é que a entrada em novas regiões precisa ser feita de forma consultiva, com os funcionários ajudando os atacadistas a usar a plataforma e a cadastrar os produtos corretamente.

O lado positivo do modelo da Zax é que uma vez habituados, os vendedores acabam trazendo os lojistas clientes para a plataforma. “Não queremos gastar fortunas em marketing, por isso precisamos que o crescimento seja eficiente, com os fornecedores decidindo vender só com a gente”, diz o fundador.

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