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XP: sócios fundadores e General Atlantic farão oferta de US$ 1 bi em NY

Plataforma anunciou também captação recorde de recursos em junho: entre R$ 10 bilhões e R$ 12 bilhões

Guilherme Benchimol, fundador da XP, no dia do IPO na Nasdaq (Matheus Detoni/Divulgação/Reuters)

Guilherme Benchimol, fundador da XP, no dia do IPO na Nasdaq (Matheus Detoni/Divulgação/Reuters)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 29 de junho de 2020 às 18h23.

Última atualização em 29 de junho de 2020 às 20h35.

Depois de uma semana acalorada no noticiário e perto de sua máxima histórica, a XP Inc acaba de anunciar que a gestora de recursos General Atlantic e a holding dos fundadores XP Controle farão uma oferta secundária de ações da companhia na Nasdaq, da ordem de 1 bilhão de dólares. Serão vendidas até 22,4 milhões de ações, já considerando o lote suplementar. Os sócios estão aproveitando o fim do período de lock-up. A companhia encerrou o dia valendo nada menos do que 24 bilhões de dólares, depois de ser avaliada em pouco menos de 15 bilhões de dólares no IPO em dezembro de 2019.

A maior parte da oferta — mais de 70% das ações — é referente à venda da General Atlantic (GA) e equivale a cerca de 20% da posição da gestora de recursos na empresa. A GA entrou na XP Investimentos em 2012. Na ocasião, fez uma aposta de 430 milhões de reais e avaliou o negócio em 1,4 bilhão de reais. Em 2018, vendeu parte de sua fatia para o Itaú, quando a plataforma foi avaliada em 12 bilhões de reais — 8,5 vezes o que pagou para entrar.

Por contrato, GA e Dynamo tem a obrigação de vender, se o Itaú quiser comprar e o Banco Central (BC) autorizar, uma fatia de 12,5% no capital da XP em 2022. Antes da oferta anunciada hoje, juntas, as gestoras somam quase 16% do capital da plataforma. Com a oferta de ações, a GA pode usufruir (em parte) dos atuais múltiplos de mercado, que avaliam a XP em mais de 55 vezes o lucro projetado para o ano. No acordo com o Itaú, o valor está pré-contratado: 19 vezes o lucro por ação de 2021 — certamente mais que a avaliação de 2018, mas abaixo do que os investidores de mercado pagam pelos papéis.

A XP Controle, que hoje detém 23% do capital total da XP Inc, vai vender uma fatia de até 4% do negócio. O dinheiro da holding, para os curiosos, será usado para pagar a recompra de participação de sócios que saíram do negócio tempos atrás e impostos — ninguém vai colocar recurso extra no bolso. A operação será coordenada pela própria XP e ainda pelo JP Morgan, Goldman Sachs e Morgan Stanley.

A companhia também antecipou alguns números do segundo trimestre. O lucro líquido pode mais que dobrar na comparação anual, pois a estimativa é que fique entre 420 milhões de reais e 520 milhões de reais, de abril a junho, ante 228 milhões no mesmo período de 2019. A expectativa é que a receita bruta aumente de 50% a 60% na mesma base de comparação, para um intervalo estimado entre 1,85 bilhão de reais e 1,98 bilhão de reais.

Mas o que a XP Investimentos quer mesmo contar depois da briga pública de marketing com o sócio Itaú é a captação de recursos recorde em junho, que deve girar entre 10 bilhões de reais e 12 bilhões de reais, em ritmo de escalada sobre os 8,3 bilhões de reais captados em maio e os 6,9 bilhões de reais absorvidos pela plataforma em abril. Considerando que a XP declarou obter 150 milhões de reais ao dia de migração do Itaú Personnalité, o bancão acionista respondeu por um percentual entre 25% e 30% de tudo o que chegou.

 

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