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Wine compra Cantu Importadora e capta R$ 120 mi em debêntures

Com sua segunda emissão de debêntures simples, a companhia vai pagar parte da aquisição da importadora e quitar dívidas

Marcelo D'Arienzo, presidente da Wine: a companhia faturou R$ 96,9 milhões no primeiro trimestre de 2021, 64,4% mais que no mesmo trimestre do ano passado (Wine/Divulgação)

Marcelo D'Arienzo, presidente da Wine: a companhia faturou R$ 96,9 milhões no primeiro trimestre de 2021, 64,4% mais que no mesmo trimestre do ano passado (Wine/Divulgação)

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Carolina Ingizza

Publicado em 17 de maio de 2021 às 10h33.

Em um investimento na sua frente de vendas de vinhos para supermercados e empórios, a brasileira Wine adquiriu a operação da Cantu Importadora por R$ 180 milhões. Responsável por trazer marcas como Susana Balbo, Quinta de Bons Ventos, Yellow Tail e Chilano ao Brasil, a Cantu atua há mais de 15 anos no mercado brasileiro e acumula mais de 15.000 pontos de venda como clientes pelo país. Para a Wine, a aquisição é um atalho para melhorar sua estrutura logística nacional e acelerar sua operação de venda para outras empresas.

O acordo para compra de 100% do capital social da Cantu prevê o pagamento de R$ 54 milhões no fechamento da transação e, depois, o pagamento R$ 126 milhões dividido em duas parcelas iguais em 1º de março e 1º de julho de 2024. Caso a Wine faça seu IPO nesse meio tempo, o contrato prevê que R$ 26 milhões sejam pagos à vista e os R$ 100 milhões restantes sejam usados como crédito para emissão de debêntures conversíveis em ações.

Para pagar a primeira parcela de R$ 54 milhões, a Wine capta R$ 120 milhões em debêntures simples, conforme divulgou a companhia ao mercado nesta segunda-feira, 17. Segundo o diretor de relações com investidores da companhia, Alexandre Magno da Cruz Oliveira Filho, o restante do dinheiro será utilizado para pagamento de dívidas com instituições financeiras.

Das assinaturas aos supermercados

O anúncio acontece no mesmo dia em que a empresa divulga seus resultados financeiros ao mercado. Após suspender seu IPO em novembro do ano passado citando "instabilidades no mercado financeiro e o ritmo acelerado e constante de crescimento da empresa", a Wine solicitou em março o registro de companhia aberta. A ideia da companhia, que tem EB Capital e a Península como investidores, é mostrar um pouco mais da sua operação ao mercado enquanto se prepara para uma oferta de ações restrita a investidores profissionais por meio da instrução 476 da CVM — mecanismo utilizado pela Infracommerce e Dotz nas últimas semanas.

Fundada em 2008 pelos sócios Rogério Salume e Anselmo Endlich, a capixaba Wine se destacou no mercado nacional por operar um dos primeiros clubes de assinaturas de vinho do país. O serviço, batizado de Clube Wine, tem 250.000 assinantes hoje e é o grande carro chefe da operação da empresa, responsável por 54,2% da receita líquida de R$ 96,9 milhões da companhia no primeiro trimestre de 2021 (64,4% maior que no mesmo trimestre de 2020).

A empresa vem desenvolvendo novas frentes de negócio no mundo físico como parte da sua estratégia de expansão. Ao longo do último ano, a Wine investiu na abertura de lojas próprias pelo país, mesmo com a pandemia derrubando a receita do varejo físico. Nesta semana, sua 10ª unidade será aberta em Goiânia — em março do ano passado, eram quatro lojas.

O investimento em lojas tem dois objetivos: fortalecer a marca junto aos consumidores em novas regiões do país e facilitar as entregas do e-commerce. A estratégia é usar os pontos de venda como pequenos centros de distribuição dos pedidos feitos online, diminuindo os custos de frete e o tempo de entrega. Segundo a companhia, com as lojas próprias e a rede da Cantu, o objetivo é garantir a entrega dos pedidos em até 48 horas para todas as capitais e principais cidades do país.

Além do consumidor final, a Wine também está de olho nas vendas offline para outras empresas, como supermercados, atacadistas e empórios. Com bares, restaurantes e hotéis fechados pela pandemia, o consumo da bebida em casa disparou. Como consequência, os supermercados e atacadistas aumentaram sua participação no mercado. De janeiro a março, o segmento importou 28,2% do total de vinhos comprados pelo Brasil.

Com a aquisição da Cantu, a companhia capixaba se torna um importante competidor do mercado, ocupando a segunda posição no ranking de maiores importadores de vinhos brasileiros, desbancando o Grupo Pão de Açúcar e ficando atrás apenas da VCT, segundo a consultoria Ideal Consulting. A meta da Wine é crescer sua operação de vendas para empresas e, em breve, ocupar o primeiro lugar da lista.

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