Wemobi: passagens entre São Paulo e Rio de Janeiro custam a partir de R$ 19,90 (Wemobi/Reprodução)
Carolina Ingizza
Publicado em 2 de agosto de 2021 às 10h37.
Aposta arriscada do Grupo JCA (dono das viações Catarinense, Cometa e 1001), a startup Wemobi tem se provado um acerto. A empresa de ônibus com passagens de baixo custo, que disputa espaço com startups como Buser e 4Bus, começou suas operações em julho do ano passado oferecendo viagens entre São Paulo e Rio de Janeiro por preços a partir de R$ 19,90.
Um ano depois, mesmo com a pandemia, a empresa bate a marca de 250.000 viagens feitas e anuncia um plano de expansão para o segundo semestre. A meta é chegar a 50 cidades até o final do ano, com 16 novos trechos lançados na região Sul e Sudeste já em setembro. Hoje, são oito destinos entre São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná.
“Com mais pessoas totalmente imunizadas, esperamos uma elevação gradual na demanda para o segundo semestre, há muita demanda reprimida”, diz Rodrigo Trevizan, presidente da Wemobi ao EXAME IN. Para financiar a expansão, a empresa recebeu um novo investimento de R$ 5 milhões da 2A Investimentos, fundo do grupo JCA — no ano passado, havia recebido um aporte de R$ 8,6 milhões para iniciar as operações.
Wemobi aposta em um modelo com alto uso de tecnologia para poder reduzir os preços das passagens — hoje, a rota mais cara operada pela companhia (São Paulo-Cabo Frio) custa R$ 59,90. “A Wemobi é uma plataforma que agrega operações, tecnologia e marketing. Somos asset light, operamos alugando os ônibus da JCA”, diz Trevizan.
Outro fator decisivo para o menor preço das passagens da startup é o maior número de pessoas por trecho. Cada viagem é feita em ônibus de dois andares, com 68 lugares cada, enquanto um ônibus convencional opera com 46. Além disso, a startup trabalha somente em cidades com alta demanda e de forma digital 100% digital, reduzindo os custos com guichês e atendentes. No total, a empresa emprega 32 pessoas.
Segundo o presidente, a proposta mais digital e os preços baixos acabaram atraindo um público que não estava acostumado a viajar de ônibus. Cerca de 20% dos passageiros da empresa não planejavam uma viagem até conhecerem a proposta da empresa. "Vemos um perfil de cliente mais jovem e dinâmico que nos conheceu por redes sociais ou indicações de amigos", diz Trevizan.
O executivo afirma que o fato da operação ser enxuta e usar ônibus alugados permitiu que a empresa navegasse bem durante os altos e baixos da pandemia. Entre agosto e dezembro de 2020, por exemplo, com o número de casos caindo no Brasil, a startup viu uma demanda crescente por suas passagens. O ciclo de bonança se encerrou em janeiro, com a chegada da segunda onda: com o número de casos e de mortes batendo recordes no país, a Wemobi teve uma redução de quase 60% no seu faturamento entre fevereiro e abril deste ano. "Aos poucos, a demanda vem retornando", afirma Trevizan.
Hoje, um otimismo cauteloso orienta os planos do negócio. Se a cobertura vacinal da população aumentar na medida esperada pelas autoridades no segundo semestre, a Wemobi está confiante de que conseguirá chegar até o final do ano com 72 carros operando as 50 linhas. Para 2022, a meta é triplicar o faturamento do negócio. “Queremos, associados à retomada da economia, expandir os negócios e reforçar nosso modelo low cost, sem perder a qualidade, o conforto e a segurança oferecidos atualmente aos nossos clientes”, afirma Trevizan.
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