(Victor Moriyama/Bloomberg)
Graziella Valenti
Publicado em 27 de outubro de 2021 às 14h18.
Última atualização em 27 de outubro de 2021 às 14h18.
A Vibra Energia, antiga BR Distribuidora, deve anunciar no fim desta quarta-feira que o seu maior investidor, Ronaldo Cezar Coelho, e a gestora de recursos Dynamo assinaram um compromisso de voto conjunto. Juntos, possuem 14,5% do capital total da empresa — pouco menos de 10% é de Coelho e quase 5% pertence à casa carioca de gestão, uma das mais tradicionais do país.
O objetivo do acordo, conforme o EXAME IN apurou, é contribuir para o desenvolvimento da governança na transição da empresa do modelo de estatal para uma Corporation, isto é, uma empresa sem um acionista majoritário. A ideia é garantir que cada instância cumpra seu papel, sem confundir funções — acionistas, conselho e executivos.
A Petrobras pulverizou as ações da empresa na bolsa em duas grandes ofertas de ações. Nesse momento, a Vibra é avaliada em R$ 25 bilhões na B3. Desde que chegou ao negócio, o novo presidente, Wilson Ferreira, egresso da Eletrobras, tem trabalhado para migrar a companhia de uma operação de distribuição de combustíveis para energia. O movimento mais forte nessa direção foi a recente aquisição do controle da Comerc, que estava em processo de abertura de capital, com um lance surpreendente de R$ 3,25 bilhões.
Coelho é recorrente no setor de energia e ele e a Dynamo são velhos conhecidos, com uma relação produtiva e de respeito. Ele também é o maior acionista de Light. O acordo é bastante simples, inclusive para ser desfeito caso os sócios entendam que o alinhamento não está fácil ou produtivo. Todas as decisões dependem de consenso, mas quando ele não existir prevalecerá a decisão da Dynamo.
Essa não é a primeira vez que a gestora faz um movimento semelhante. Há pouco mais de um ano, em agosto de 2020, ela se uniu a outras casas, Atmos e Velt, em acordo de voto em Eneva.
O atual conselho de administração da Vibra ainda tem diversos membros indicados pela Petrobras, pois foi composto após a primeira venda dos papéis e com previsão de duração até setembro deste ano (dois anos completos). Recentemente, foi acordado que esses participantes seguem no colegiado até que a eleição do conselho se alinhe ao calendário das demais companhias abertas brasileiras, próximo ao mês de abril — quando a maioria das empresas realiza sua assembleia geral ordinária (AGO) anual. A expectativa, portanto, é que o acordo de voto tenha efeito na escolha do próximo grupo de conselheiros.
A Dynamo é uma das gestoras mais ativas na participação das assembleias que acompanha, com olhar muito atento para formação dos conselhos e remuneração dos administradores. Já participou, junto com outros acionistas, de movimentos relevantes para modificar a gestão da br Malls e da B3, por exemplo.
A atuação é tão reconhecida pelo mercado que o empresário Rubens Ometto pediu – e conseguiu – um acordo de que eles não solicitariam eleição por voto múltiplo na Cosan por pelo menos dois anos. O empresário queria garantir alguma estabilidade durante o período em que implementa uma ampla reestruturação societária do grupo, com listagem das controladas e concentração da liquidez da holding no Brasil (extinção da Cosan Limited, listada em Nova York). O processo foi iniciado no fim de 2020, quando foi assinado esse entendimento.
Seu feedback é muito importante para construir uma EXAME cada vez melhor.