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Via Varejo ganha R$ 2,3 bi em valor na bolsa após dados no Twitter

Ação dispara 7,35% após informações publicadas por engano, apagadas em seguida, e a companhia vira alvo de apuração da CVM

Loja da Casas Bahia: vendas multiplicadas na pandemia, reveladas por engano, puxam ação na B3 (Via Varejo/Divulgação)

Loja da Casas Bahia: vendas multiplicadas na pandemia, reveladas por engano, puxam ação na B3 (Via Varejo/Divulgação)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 20 de julho de 2020 às 19h42.

Última atualização em 20 de julho de 2020 às 20h32.

A Via Varejo ganhou 2,3 bilhões de reais em valor de mercado nesta segunda-feira, após a empresa ter divulgado por engano dados relacionados ao desempenho de vendas de um período específico dentro da pandemia — um corte temporal entre maio e junho deste ano comparado a igual período do ano passado. Sem contexto, as informações causaram uma verdadeira euforia. Em termos percentuais, a alta da ação foi de 7,35%. O valor da varejista na B3 passou de 31,5 bilhões de reais na sexta-feira para 33,8 bilhões nesta segunda.

Os dados foram publicados na conta oficial do Twitter da companhia — e apagados em seguida — e apontam um aumento de 2.500% na receita com vendas de câmeras e games; de 1.900% na venda de TVs; 750% em som; 300% em fornos e fogões e de 250% em lavadoras e refrigeradores. Os percentuais referem-se apenas ao comércio eletrônico que foi equivalente a 18,5% do total faturado no segundo trimestre de 2019. A partir de abril, o e-commerce da companhia passou a responder por 70% a 80% do total das vendas, pois 80% das lojas estavam fechadas.

Consultada, a companhia não comentou os acontecimentos.

A Via Varejo fez o levantamento para responder a uma pesquisa realizada pela consultoria GfK que tinha por objetivo retratar as mudanças de hábitos de consumo durante a pandemia. O estudo foi divulgado no fim de junho. Segundo o EXAME In apurou, os veículos de comunicação que consultaram a companhia sobre o levantamento da GfK receberam tais dados como resposta, mas não houve grande publicidade a respeito deles. No dia 8 de julho, por exemplo, o jornal O Povo publicou matéria com esse desempenho fornecido pela empresa.

As informações, conforme fontes consultadas sobre o tema, estão corretas, mas refletem um curto espaço de tempo e não podem ser compreendidas como aumento da receita do trimestre nessa proporção. A opção da empresa foi apagar a publicação após perceber o equívoco na publicidade dos dados sem o contexto completo, que não poderia ser informado por que a Via Varejo ainda não divulgou o balanço auditado do segundo trimestre. Os dados estão previstos para 12 de agosto.

A companhia deve publicar no começo desta noite fato relevante com esclarecimentos, pois recebeu consulta da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a respeito da questão. A autarquia iniciou uma análise mais profunda do episódio, o que chama de processo administrativo. O equívoco causou enorme burburinho, pois ocorreu em dia de vencimento de opções na B3.

A estratégia de comunicação da Via Varejo já havia despertado atenção do regulador. O presidente da empresa, Roberto Fulcherberguer, foi bastante ativo em lives e apresentações ao mercado durante a pandemia. Em junho, a companhia levantou 4,5 bilhões de reais em uma oferta de ações. O valor de mercado da empresa, que estava em 18 bilhões de reais em fevereiro, caiu para 6,8 bilhões de reais em março. Desde então, a valorização é de quase 300%.

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