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Verde capitula e volta a reduzir exposição à bolsa brasileira, ‘marginalmente’

Posição em ações vinha prejudicando desempenho do fundo

Aplicações: Fundo Verde prefere montar estratégia em inflação, juros e commodities e se manter neutro em relação às bolsas globais (Getty Images/Getty Images)

Aplicações: Fundo Verde prefere montar estratégia em inflação, juros e commodities e se manter neutro em relação às bolsas globais (Getty Images/Getty Images)

Graziella Valenti
Graziella Valenti

Editora Exame IN

Publicado em 11 de abril de 2023 às 07h10.

Última atualização em 11 de abril de 2023 às 07h18.

Se o momento for de comprar bolsa como muitos pregam Internet afora, o oráculo brasileiro, Luis Stulberger, gestor da Verde Asset Management, ficará de fora dessa folia. Pelo menos, no curto prazo. Na carta do gestor relativa ao mês de março, a casa aponta que diminuiu “marginalmente” a exposição à bolsa brasileira e que, de forma geral, está neutro em ações mundo afora.

Nas palavras da casa: “o fundo reduziu marginalmente exposição na bolsa brasileira, e tem exposição líquida neutra em bolsa global”. O motivo da gestora pode ser encontrado logo de cara no documento. “O fundo Verde teve em março ganhos na posição comprada em ouro, nas posições de inflação americana e juros longos europeus. As perdas vieram da posição em ações no Brasil, das posições em juros nos EUA, da compra de inflação implícita brasileira e de posições tomadas em juros no Japão”, diz o documento.

Em março, o fundo teve resultado negativo de 0,41%, ex-CDI. No ano, por esse mesmo parâmetro, o desempenho está positivo em 2,36% - acima da taxa de juros. Lançado em 1997, é um dos maiores e mais antigos fundo hedge do Brasil. O Verde FIC FIM, que carrega a estratégia flagship da casa, tem patrimônio de R$ 1,3 bilhão.

A Verde Asset Management havia reduzido a exposição a ações brasileiras em novembro e dezembro do ano passado e, desde então, vinha mantendo suas posições, apesar dos retornos negativos.

O mês de março foi especialmente volátil e atípico, na visão da gestora, devido às dificuldades enfrentadas pelo Silicon Valley Bank (SVB), que acabou tendo de recorrer ao equivalente ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC) americano. “O SVB era o 17º maior banco americano em ativos, e sua encampação pelo FDIC representou o maior problema bancário desde a grande crise de 2008. As consequências desse evento foram bastante fortes”, diz o documento.

Contudo, na visão da Verde, o problema do SVB não foi uma questão macroeconômica, apesar de o evento ter despertado nos investidores (más) lembranças a respeito do Lehman Brothers. “Acreditamos que o modelo mental de 2008 não funciona para hoje, e os problemas do sistema não são de solvência, mas sim, em grande medida, de liquidez, algo que os Bancos Centrais podem endereçar sem os mecanismos da taxa de juros”, ressaltam.

Fiscal - “Pior que o necessário, melhor do que o temido”

“Não temos os detalhes ainda, então muito do que se analisa até aqui foi a partir desses parâmetros e declarações de membros do governo, mas o arcabouço consegue ser ao mesmo tempo pior do que o necessário e melhor que o temido”, afirma a carta da Verde quando o assunto são os novos parâmetros fiscais apresentados pelo Ministro da Economia Fernando Haddad.

A parte boa, na visão da gestora, é a busca por superávit primário nos próximos anos. Mas, assim como todo o mercado, a casa, uma das mais badaladas do mercado brasileiro, tem dúvidas sobre o futuro. “Por ora, nos parece que o verdadeiro conflito fiscal deste governo virá em 2025 e particularmente 2026, defronte o calendário eleitoral.”

Segundo a interpretação da gestora, a redução da incerteza foi reconhecida pelos mercados com menores prêmios de risco na curva de juros e com um ajuste no câmbio. No entanto, a bolsa segue “vítima da soma de todos os medos”. O entendimento é que o mercado de ações não consegue ‘precificar’ um juro futuro menor, porque o atual está salgado nos 13,75% ao ano e, como efeito prático da Selic nesse patamar, a alavancagem das companhias preocupa, ainda mais em um ambiente de constrição de crédito cada vez mais evidente. Para completar, surgiu o temor de aumento de impostos, dentro do debate do novo arcabouço.

Para além de ações

Quanto às commodities, a carta aponta que a posição em ouro foi mantida, mas a alocação em petróleo foi a zero. “Em moedas iniciamos uma pequena alocação comprada em Dólar contra o Real. As posições em crédito high yield global e crédito local foram mantidas”, completa o texto. No mais, o documento explica que a posição comprada em inflação implícita no Brasil foi mantida, assim como a estratégia "tomada" em juros na parte curta da curva e comprados em inflação nos Estados Unidos.

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