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Vamos tem quarto trimestre com queda no lucro - mais uma vez, por causa das concessionárias

Analistas esperavam resultado fraco para divisão, em linha com o que a companhia apresentou no terceiro trimestre; recuperação vem em 2024, diz CEO

Grupo Vamos: Empresa enfrenta turbulência com momento delicado no agronegócio (Vamos/Divulgação/Divulgação)

Grupo Vamos: Empresa enfrenta turbulência com momento delicado no agronegócio (Vamos/Divulgação/Divulgação)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 19 de março de 2024 às 07h58.

Última atualização em 19 de março de 2024 às 15h31.

Analistas esperavam um fim de ano turbulento para a Vamos, uma expectativa que se concretizou com a divulgação de resultados da companhia nesta segunda-feira. A companhia entregou um lucro líquido de R$ 195,5 milhões, queda de 23% em relação ao mesmo período do ano passado. O número ficou acima das expectativas do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) que projetava R$ 145 milhões.

Assim como no terceiro trimestre, o negócio de concessionárias pesou sobre o resultado, com queda de 28% em receita na comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando R$ 484,3 milhões. O efeito engoliu parte dos ganhos da divisão de locação -- a maior parte do faturamento da companhia -- que cresceu dois dígitos altos. O segmento avançou 38% na comparação anual (para R$ 881,3 milhões). No consolidado, a receita líquida avançou 4,7%, para R$ 1,4 bilhão.

A queda no segmento de concessionárias reflete principalmente o comportamento da divisão dedicada ao agronegócio. Na Vamos, há uma bifurcação dentro desse setor: a companhia trabalha tanto com concessionárias de caminhões quanto com as voltadas ao agronegócio (que comercializam máquinas e veículos específicos para o agro).

No relatório, a companhia não divulga as informações de uma área e de outra, mas afirma apenas que concessionárias de caminhões tiveram um desempenho dentro do esperado. “Saímos do melhor trimestre da história para o segmento de concessionárias, em 2022, para um trimestre que não foi bom, puxado pelo desempenho do agro”, diz Gustavo Couto, CEO da Vamos.

Com lojas localizadas principalmente no Mato Grosso e em Goiás (a Vamos entrou para o Paraná somente no fim do ano passado), a companhia sentiu os efeitos da restrição de crédito para produtores. Além, é claro, dos efeitos do El Niño. O Ebitda da divisão, por consequência, foi negativo em R$ 35,8 milhões no quarto trimestre, ante resultado positivo de R$ 65 milhões no mesmo período de 2022. 

O CEO prevê que a normalização nos resultados, refletindo a melhora no setor, deve se concretizar em abril. Em janeiro, a receita líquida de concessionárias somou R$ 238 milhões e, em fevereiro, R$ 205 milhões, ainda abaixo dos mesmos meses de 2023.

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“Começamos o ano com notícias negativas de quebra de safra, o que fez com que o agricultor que precisava comprar máquinas segurasse mais um pouco. Vemos melhora, mas ainda é tímida. A partir de abril, a demanda deve voltar com mais força”, diz Couto. 

A companhia frisou que todas as medidas corretivas que precisavam ser feitas para mitigar o efeito das concessionárias do agro já foram feitas, principalmente a parada na compra de máquinas agrícolas, além da negociação de prazos estendidos para pagamentos das máquinas em estoque.

Se o negócio de concessionárias enfrenta um momento difícil, a locação de veículos ajudou a segurar o baque. Além de compor a maior parte do faturamento, a divisão aumentou sua participação dentro do Ebitda da companhia. O indicador de geração de caixa totalizou R$ 661 milhões no quarto trimestre, aumento de 16% em relação ao mesmo período do ano anterior. Desse total, mais de 90% veio da divisão de locação. 

De vento em popa em 2023, a divisão, core business da Vamos, deve continuar acelerando. Os novos contratos assinados no quarto trimestre (capex contratado) somam R$ 1,1 bilhão, alta de 9,5% em relação ao mesmo período do ano passado, reforçando a resiliência do modelo de negócio da companhia.

“Há expectativa de crescimento em aproximadamente 15% no volume de novos licenciamentos de caminhões em 2024, o que deverá fomentar ainda mais o segmento de locação”, afirma o CEO.

A companhia já está comprando novos caminhões para atender à demanda em 2024, com o objetivo principal de financiá-los a partir dos recursos gerados pela própria operação. No quarto trimestre, a Vamos apresentou alavancagem d e 3,3 vezes, redução em relação ao pico de 3,6 vezes atingido no quarto trimestre de 2022.

De lá para cá, a empresa vem em uma trajetória de manter o indicador sob controle. Em 2024, a meta da companhia é manter o indicador em cerca de três vezes a 3,5 vezes. A maior parte da dívida da companhia está no longo prazo (prazo médio de cinco anos) com um custo médio de 9,4%.

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