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Vale, BHP e Samarco fazem nova proposta para acordo sobre Mariana

Mineradoras propõem pagamento de R$ 140 bilhões, incluindo R$ 37 bilhões em valores já investidos em reparação e compensação

Samarco: valor proposto pelas empresas inclui R$ 37 bilhões já gastos (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Samarco: valor proposto pelas empresas inclui R$ 37 bilhões já gastos (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 12 de junho de 2024 às 10h06.

Última atualização em 12 de junho de 2024 às 14h07.

Uma nova proposta foi apresentada pelas empresas para o acordo com governos estaduais e federal sobre o rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG), em novembro de 2015. A oferta das companhias foi confirmada nesta quarta-feira, 12, em comunicado da Vale.

Após idas e vindas de propostas e contrapropostas, a Samarco, e suas controladoras Vale e BHP Billiton, estão propondo o pagamento de R$ 140 bilhões, incluindo R$ 37 bilhões em valores já investidos em reparação e compensação, um pagamento em dinheiro de R$ 82 bilhões pagável em 20 anos ao Governo Federal, aos estados de Minas Gerais e Espírito Santo e aos municípios, e R$ 21 bilhões em "obrigações a fazer" –  atividades que seguirão a cargo das delas, como reflorestamento, retirada de resíduos e monitoramento do Rio Doce.

Os valores da nova proposta incluem uma contribuição de 50% da BHP Brasil e da Vale como devedores secundários, caso a Samarco não possa financiar como devedor primário.

PARA ENTENDER ESPECIAL: Nove anos após o desastre de Mariana, um acordo tão perto (e tão longe)

A repactuação, como é chamado esse acordo final, já era prevista no Termo de Ajustamento de Conduta (TTAC) firmado com o Ministério Público em 2016 e reformado em 2018. A ideia é que houvesse ações de reparação imediatas aos atingidos, mas já com o entendimento de que seriam necessários estudos mais aprofundados para entender o tamanho e o escopo das repercussões ambientais e materiais.

A previsão inicial era de que uma repactuação acontecesse em 2020, mas com a pandemia e a dança das cadeiras do governo federal e estaduais de Minas Gerais e Espírito Santo, o processo ainda está na mesa, mediado pelo Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), de Minas Gerais.

Ao longo do ano passado, o governo chegou a fazer propostas que incluíam R$ 200 bilhões, dos quais R$ 126 bilhões em dinheiro novo – valor que foi rechaçado pelas empresas.

A última oferta de Samarco, Vale e BHP, feita em maio, foi de R$ 72 bilhões em dinheiro novo a ser pago aos governos, mas não foi aceita.

Um dos principais pontos da repactuação é reduzir o papel da Fundação Renova. O entendimento de ambas as partes é que, passada a emergência na atuação, não faz sentido ter uma fundação a cargo das atividades de forma indefinida e que os governos e órgãos competentes regionais poderão usar o dinheiro diretamente.

Um aceno importante veio na última quinta-feira, 5, quando União e Estados fizeram uma contraproposta, reduzindo o valor de dinheiro novo de R$ 126 bilhões para R$ 109 bilhões – a serem pagos ao longo de 12 anos e não mais seis, como proposto inicialmente.

A redução do valor inicial foi vista por investidores e quem participa dos bastidores da discussão como uma sinalização de que os governos estão dispostos a encontrar as empresas “no meio do caminho”, num dos maiores avanços em anos em todo o processo.

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